Aves
‘parasitas’ colocam mais ovos nos ninhos alheios
Pesquisa
aponta que incertezas fazem com que aves aumentem a frequência
dessa atividade
15/09/2020 – Espécies
como cucos-comuns e chupins, ambos da família Icteridae,
estão entre os mais conhecidos como aves parasitas,
tema de um novo estudo publicado na Nature Communications.
“Quando os parasitas
da cria enfrentam riscos ecológicos aumentados -
por exemplo, maior incerteza climática em seu ambiente,
ou maior incerteza com relação à disponibilidade
ou comportamento de seus hospedeiros - eles recorrem à
aposta-cobertura”, diz Carlos Botero, professor assistente
de biologia da Washington University, em St. Louis e autor
sênior do estudo.
“Em outras palavras,
quando é difícil prever o hospedeiro ideal,
os parasitas literalmente colocam seus poucos ovos preciosos
em mais de uma cesta”, diz Botero. “Isso significa
aumentar não apenas o número de diferentes
espécies hospedeiras que eles usam, mas também
expandir a diversidade de famílias taxonômicas
que eles escolhem como hospedeiros”, conclui.
Os pesquisadores juntaram
dados ambientais de espécies parasitas e hospedeiros
associados a 84 espécies de aves, de 19 gêneros
de cinco famílias. A lista da pesquisa cobre 86%
de todas as espécies consideradas parasitas conhecidas
entre as aves.
“As mães parasitas
não podem realmente fazer muito sobre os comportamentos
que seus anfitriões exibem como pais substitutos.
Com cobertura de aposta na escolha dos hospedeiros, os parasitas
são pelo menos capazes de aumentar as chances de
que um - ou alguns - dos pais substitutos, que eles escolherem,
acabem se comportando da maneira ideal”, diz Botero.
Segundo o estudo, para todas
essas aves o comportamento de parasita é crítico
quando se trata de combate às ameaças ambientais.
Para os pesquisadores, qualquer alteração
na formação e na arquitetura dos ninhos, mudança
no habitat, tempo de reprodução e até
o comportamento durante a incubação dos pais
substitutos escolhidos, pode implicar na vida ou morte dos
filhotes parasitas.
Para os pesquisadores, o
ninho adequadamente protegido de uma cria parasita deve
manter uma diversidade mínima de espécies
hospedeiras para garantir o sucesso reprodutivo, independente
das condições ambientais impostas em um determinado
ano.
“Uma estratégia
do hospedeiro envolve fazer algumas ou às vezes até
muitas escolhas 'erradas'. Por exemplo, durante anos em
que o comportamento, o momento e o tipo de ninho de um determinado
hospedeiro funcionam claramente melhor do que os de outras
espécies, seria claramente ideal manter essa opção
e evitar o desperdício de ovos em outras espécies”,
explica Botero.
A questão é
aves parasitas que vivem em ambientes variáveis e
com grande imprevisibilidade não tem como saber qual
opção seria a melhor para aquele ano. “As
mães parasitas que diversificam suas opções
de postura de ovos podem não contribuir com tantos
filhos para uma determinada geração, como
teriam se tivessem escolhido o melhor tipo de hospedeiro
naquele ano. Entretanto, com o tempo, eles acabarão
contribuindo com um número total muito maior de descendentes
para as gerações futuras, criando alguns descendentes
a cada ano”, diz o pesquisador.
“É essa visão
de longo prazo que permite que as linhagens de cobertura
de apostas prevaleçam e guiem o curso da evolução
para que, no final, todos em sua espécie apostem
em cobertura”, conclui.
Participaram como co-autores
do estudo pesquisadores da University of Illinois Urbana-Champaign
e da Columbia University.
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações da Nature e agências
internacionais
Fotos: Reprodução/Wikipedia
Fonte: Washington University em St. Louis