Gaivotas
urbanas buscam alimentos nos intervalos escolares
Pesquisa
mostra que essas aves também migram para centros
de resíduos, quando há entrega do lixo
27/11/2020 – Um novo
estudo mostra que gaivotas estão migrando para playgrounds
de escolas depois dos intervalos para recolher as sobras
de alimentos. As aves também costumam visitar depósitos
de lixo da cidade, principalmente em dias da semana em que
é feita a coleta de resíduos.
Relatos de ‘roubos’
de lanches das mãos de alunos já se tornaram
comuns. Entretanto, a nova pesquisa mostra que as aves estão
mais inteligentes. Agora elas sabem onde e quando as refeições
serão servidas.
A pesquisa foi conduzida
na Universidade de Bristol, no Reino Unido, mas os dados
sobre comportamentos relatados ocorreram da Espanha ao Japão.
Os pesquisadores acreditam que as gaivotas conseguiram se
adaptar aos horários e costumes humanos, esse é
um dos motivos pelos quais essas aves aumentaram muito suas
populações nas cidades nos últimos
40 anos.
Os pesquisadores seguiram
as gaivotas-de-arenque e as gaivotas-de-costas-negras, que
costumam fazer seus ninhos em telhados no centro das cidades.
Uma dúzia dessas aves carregavam pequenas mochilas
de GPS instaladas para rastrear seus movimentos. Os cientistas
também monitoraram o comportamento das gaivotas nesses
locais de alimentação, durante o verão
de 2018.
“Elas são superinteligentes”,
disse Anouk Spelt, da Universidade de Bristol. “Na
escola não havia muitas gaivotas até a hora
do intervalo. Então você as vê sentadas
nos telhados. No momento em que o sino soou, todas elas
voaram e começaram a procurar sobras ”, conclui
Spelt em entrevista ao The Guardian.
A pesquisadora diz não
ter ficado surpresa com a capacidade das gaivotas de aprender
sobre a disponibilidade da comida. Muitas histórias
contam que essas aves costumam bater nas janelas às
18h em busca de alimentos. “Já tínhamos
ouvido todas essas anedotas, mas agora podemos mostrar que
é definitivamente verdade”, disse Spelt.
O estudo é uma análise
mais qualificada sobre como as gaivotas buscam alimento
nas cidades. Outra pesquisa realizada recentemente na Espanha
mostrou que gaivotas-de-patas-amarelas conseguem cronometrar
suas visitas a depósitos de lixo. Outros estudos
realizados no Japão também mostram que gaivotas
visitam fábricas e mercados de processamento de peixes
em horários específicos.
O estudo publicado no jornal
Ibis, mostra que o número médio de gaivotas
presentes na escola era três vezes maior no momento
onde as crianças estavam na área externa comendo
seus lanches, no horário da manhã ou do almoço.
Os pesquisadores ficaram um mês monitorando a escola,
um depósito de lixo e um parque. Os dados do GPS
mostraram que as gaivotas visitaram 25 escolas, sendo essas
visitas sempre nos horários de intervalo das aulas.
No aterro sanitário,
os descarregamentos de lixo são realizados durante
os dias úteis e nos horários regulares de
trabalho e foi nesses dias e horários onde havia
uma grande quantidade de gaivotas no local. "O tempo
previsível de alimentação nesses locais
parece ter resultado nas aves adotando uma abordagem de
sentar e esperar, em vez de procurar ativamente por alimentos”,
disseram os pesquisadores. “Isso pode permitir que
elas minimizem o tempo e a energia em busca de alimentos.”
Já as visitas das
gaivotas no parque ocorriam geralmente no início
da manhã e não coincidiam com as atividades
humanas. Lá os pesquisadores registraram as aves
procurando por minhocas e insetos, que são mais abundantes
nas primeiras horas do dia.
“A maioria das pessoas
realmente não gosta de gaivotas - elas são
agressivas”, disse Spelt. “Então, queríamos
mostrar por que essas gaivotas estão nas cidades
e o que as motiva a conviver com os humanos.”
As cidades costumam oferecer
bons locais para nidificação em telhados,
temperaturas mais altas, devido as atividades humanas e
abundancia de alimentos descartados. “Portanto, há
muitos motivos diferentes, mas agora pensamos que [a capacidade
de se adaptar aos horários humanos] é um deles”,
disse ela. Para a pesquisadora, pesquisas como essa podem
auxiliar no entendimento comportamental das gaivotas e assim
poder criar novas diretrizes para eventuais incômodos.
Sobre os episódios
onde as gaivotas arrancam os alimentos das mãos das
pessoas, pesquisadores dizem que uma das soluções,
verificada no ano passado, por meio de testes extensivos
em cidades da Cornualha, um condado no Reino Unido, é
olhar diretamente para as aves.
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações The Guardian
Fotos: Reprodução/Wikipedia/Pixabay