Chapim-salgueiro,
ameaçado de extinção, precisa de grandes
áreas
Menos de
3 mil casais sobrevivem, cada casal necessita de até 7
hectares para viver
20/02/2021 – Conhecido com
uma das menores espécies encontradas na Grã-Bretanha,
o chapim-salgueiro (Poecile Montanus), precisa de uma
gigantesca área selvagem para se desenvolver, segundo pesquisa
recente. Levantamento aponta que 3.000 pares de aves vivem em
regiões onde estavam instaladas minas de carvão,
deixando a espécie com o maior status de declínio,
com números se reduzindo a 94% desde 1.970.
Uma pesquisa sobre ninhos em uma
antiga área de mineração n o noroeste da
Inglaterra, identificou que cada casal necessita de sete hectares
para se desenvolverem. Como comparativo o Chapim-azul (Cyanistes
caeruleus), precisa de apenas um hectare.
Uma das razões pelas quais
o chapim-salgueiro pode estar se adaptando bem nesses locais de
antigas mineradoras, é o fato de serem áreas imensas
e porque abriga vegetação adequada à espécie
e árvores jovens.
Segundo o ecologista do UK Centre
for Ecology & Hydrology, Dr. Richard Broughton, que liderou
o estudo, é uma situação extraordinária.
“A presença dos chapins-salgueiro nessas áreas
pós-industriais é quase uma fênix das cinzas.
Eles encontraram um refúgio e devemos ajudar a protegê-lo”,
afirma.
“Eles gostam do que tendemos
a considerar como um bosque bastante pobre, de até 30 anos
de idade. Esse é o seu nicho porque seu superpoder é
que eles podem cavar uma cavidade de ninho própria, o que
lhes dá uma vantagem em habitats marginais.”
Segundo o estudo, enquanto espécies
como o chapim-azul preferem árvores podres onde costumam
fazer seus ninhos em cavidades naturais. Já o chapim-salgueiro
utiliza o bico para formar suas próprias cavidades para
a construção dos ninhos. Deste modo, à medida
que a floresta envelhece os chapins-azuis passam a competir com
os chapins-salgueiro menores. Os filhotes também podem
ser predados por grandes pica-paus-malhados, que perfuram a madeira
e devoram os filhotes.
Segundo Broughton, as pesquisa
foram realizadas em Wigan Flashes Local Nature Reserve e Amberswood
Local Nature Reserve, uma antiga área de mineração
na Grande Manchester, que agora é uma região composta
por pântanos, bosques, e outros espaços naturais.
Durante a pesquisa, publicada no jornal Bird Study, mais de 30
ninhos foram monitorados, durante três anos, com a captura
de aves para anilhamento e rastreamento, que proporcionou aos
pesquisadores calcular suas necessidades territoriais.
“Costumávamos chamá-los
de terreno baldio ou ex-industrial e são locais privilegiados
para habitação. Precisamos reconhecê-los e
protegê-los pelo que são. Eles tiveram 30 ou 40 anos
de regeneração natural, então eles estão
se desenvolvendo em habitats bastante agradáveis agora”,
disse Broughton às agências internacionais.
Segundo Broughton, ao contrário
de muitas aves canoras que migram ou voam entre as áreas,
o chapim-salgueiro “coloca todos os ovos na mesma cesta”,
determinando territórios permanentes onde passam toda a
vida. As aves não costumam sair da cobertura da floresta,
tornando esses chapins mais vulneráveis às alterações
ambientais.
O pesquisador afirma que essas
regiões são de extrema importância para a
vida selvagem. “Os sítios brownfield têm um
grande valor de conservação não apenas para
os chapins-salgueiro, mas também para uma ampla variedade
de vida selvagem. É importante que conheçamos seu
papel para que possa ser considerado nas políticas ambientais
e de planejamento”, conclui Broughton.
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Da Redação, com
informações do The Guardian e agências internacionais.
Fotos: Reprodução/Maxpixel