Aves
que vivem em grandes altitudes usam “roupas”
mais grossas por causa do frio
Pesquisa
indica que aves têm penas preparadas para aguentar
baixas temperaturas
27/02/2021 – As penas
são um imprescindível mecanismo evolutivo
na anatomia das aves, o que tornou o voo uma ação
possível para esses animais, com sua formação
rígida e aerodinâmica, mas as aves também
contam com uma camada de penas macias, localizadas entre
seu corpo e as penas externas, que servem para regular sua
temperatura corporal.
O pesquisador Sahas Barve, do Museu de
História Natural Smithsonian, liderou um novo estudo
para investigar penas de 249 espécies de aves canoras
do Himalaia e descobriu que aves que vivem em grandes altitudes
possuem mais penas fofas, aquelas que têm a função
de controlar a temperatura de seus corpos, em relação
às espécies que vivem em altitudes mais baixas.
A pesquisa publicada na revista Ecography,
também revelou que as aves menores perdem calor mais
rápido do que as espécies maiores, tendem
a possuir penas mais longas, em relação ao
tamanho de seus corpos, deste modo, mantendo uma camada
mais espessa para o isolamento térmico.
Segundo os pesquisadores, evidências
tão claras sobre tantas espécies reforça
a capacidade das aves de se adaptar ao seu ambiente e suas
mais diversas condições e que isso sugere
que todas as espécies de aves têm a capacidade
de criar estratégias, sejam entre os canoros e os
passeriformes, conforme descrito pelos cientistas.
A descoberta também poderá
auxiliar os cientistas a prever quais serão as consequências
para as espécies mais vulneráveis, em relação
às mudanças climáticas, apenas estudando
a composição de suas penas.
"O Himalaia está registrando
algumas das taxas de aquecimento mais rápidas da
Terra", disse Barve. "Ao mesmo tempo, a mudança
climática está causando um aumento na frequência
e intensidade de eventos extremamente frios, como tempestades
de neve. Ser capaz de prever com precisão as temperaturas
que uma ave pode suportar pode nos dar uma nova ferramenta
para prever como certas espécies podem responder
ao clima de mudança", conclui o pesquisador.
Baseada em uma pequena espécie
conhecida como Estrelinha-de-poupa (Regulus regulus),
goldcrest, em inglês. Barve, em meio as suas atividades
cotidianas, se indagou sobre como as aves faziam para aguentar
as baixas temperaturas, em grandes altitudes, como no Himalaia.
Para responder essa questão, os pesquisadores usaram
um microscópio para fotografar as penas do peito
de 1.715 espécimes da coleção do Smithsonian,
de 249 espécies que vivem nas geladas montanhas do
Himalaia. Analisando as fotos, os cientistas compararam
que cada seção de penas tinha em relação
ao seu comprimento total.
Após analisar os comprimentos
relativos de todas as seções de penas felpudas,
Barve e seus colegas, verificaram os resultados e descobriram
que as aves menores e de altitudes mais altas, onde o clima
tende a ser mais frio, possuem mais penas corporais. Os
dados mostram que essas aves tinham até 25% mais
penugem nas penas e a menor espécie analisada tinha
penas até três vezes mais longas que as espécies
maiores, considerando a proporção de seus
corpos.
Estudos anteriores já mencionavam
que aves que habitam regiões mais frias possuem um
isolamento das penas mais robusto. Mas segundo Barve, esse
é primeiro estudo a verificar esse padrão
em um número tão grande de espécies.
"Ver essa correlação
entre tantas espécies torna nossas descobertas mais
gerais e nos permite dizer que esses resultados sugerem
que todas as aves passeriformes podem apresentar esse padrão",
disse Barve. "E nunca teríamos sido capazes
de olhar para tantas espécies diferentes e chegar
a esse padrão mais geral de evolução
sem as coleções do Smithsonian", conclui
Barve.
Conheça
a espécie no eBird.
Criado em 2015, dentro do setor de pesquisa
da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma Darwin,
o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e conservação
desses animais. Pesquisas científicas como levantamentos
quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre frugivoria
e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine;
produção e plantio de espécies vegetais,
além de atividades socioambientais com crianças,
jovens e adultos, sobre a importância em atuar na
conservação das aves.
Da Redação, com informações
do Smithsonian e agências internacionais.
Fotos: Reprodução/Pixabay