Pesquisa
destaca evidência sobre gene da migração
em aves
Falcões-peregrinos
dão pistas sobre migrações no Ártico
12/03/2021 – Todos
os anos milhões de aves visitam regiões sazonalmente
favoráveis para procriação no Ártico,
no entanto, ainda pouco se sabe sobre as características
dessas rotas de migração, como sua formação
e os determinantes genéticos da distância migratória
dessas aves árticas.
Agora uma nova pesquisa,
com base no rastreamento por satélite de 56 falcões-peregrinos
(Falco peregrinus), com grupos populacionais que
se reproduzem no Ártico da Eurásia, os pesquisadores
conseguiram sequenciar os genomas de 35 indivíduos
de quatro desses grupos de aves. A equipe multinacional
de pesquisadores descobriu que um gene conhecido como ADCY8
está associado a diferenças populacionais
na distância migratória.
“Estudos anteriores
identificaram várias regiões genômicas
candidatas que podem regular a migração -
mas nosso trabalho é a demonstração
mais forte de um gene específico associado ao comportamento
migratório já identificado”, relata
o coautor Mike Bruford, professor ecologista molecular da
Escola de Biociências em Cardiff University.
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Rouxinol-pequeno-dos-caniços.
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“Os peregrinos iniciaram
sua migração no outono, principalmente em
setembro, viajam 2.280-11.002 km, em cerca de 27 dias e
chegam às áreas de inverno, geralmente em
outubro”, relatam os pesquisadores.
“Os peregrinos migram
solitariamente; aves que partem de áreas de procriação
diferentes usam rotas diferentes e passam o inverno em locais
amplamente distribuídos em quatro regiões
distintas. Aves individuais que foram rastreadas por mais
de um ano exibiram forte repetição do caminho
durante a migração, fidelidade completa aos
locais de inverno e dispersão reprodutiva limitada
(5,37 km em média)”, diz o estudo.
“Todas as populações
demonstraram um alto grau de conectividade migratória,
o que sugere uma forte seleção para memória
de longo prazo”, concluem.
Segundo os pesquisadores,
as aves usavam cinco rotas de migração pela
Eurásia (Europa e a Ásia), provavelmente constituídas
entre a última Idade do Gelo, 22.000 anos atrás
e o Holoceno médio, 6.000 anos atrás. A sugestão
reflete o resultado do sequenciamento do genoma completo
que encontrou o gene ADCY8, relacionado a diferenças
na distância migratória.
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Rouxinol-pequeno-dos-caniços.
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Os pesquisadores descobriram
que o ADCY8 possuía uma variante de alta frequência
em grupos de longa distância de falcões-peregrinos,
sugerindo que essa variante pode estar sendo preferida,
pois pode aumentar a capacidade de memória de longo
prazo, uma característica fundamental para migrações
de longa distância.
“Nosso trabalho é
o primeiro a começar a entender como os fatores ecológicos
e evolutivos podem interagir em aves migratórias”,
disse o autor sênior Professor Xiangjiang Zhan, pesquisador
do Instituto de Zoologia da Academia Chinesa de Ciências.
Os pesquisadores esperam
que o estudo, que foi publicado na revista Nature, seja
útil na conservação da avifauna. “Esperamos
que sirva como base para ajudar a conservar as espécies
migratórias no mundo”. Segundo os cientistas,
caso o clima aqueça, por conta das mudanças
climáticas, na mesma taxa das últimas décadas,
as populações de falcões-peregrinos
na Eurásia ocidental terão uma maior probabilidade
de declínio e podem até encerrar essas migrações.
“Neste estudo, fomos
capazes de combinar movimento animal e dados genômicos
para identificar que a mudança climática tem
um papel importante na formação e manutenção
dos padrões de migração de peregrinos”,
disse o professor Bruford.
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Região da Islândia
Eurásia.
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Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações do SCI News e agências
internacionais
Fotos: Reprodução/Pixabay
Z. Gu et al. Mudanças de rota aérea impulsionadas
pelo clima e migração de longa distância
baseada na memória. Nature, publicado online em 3
de março de 2021; doi: 10.1038 / s41586-021-03265-0