Diferentes
disciplinas se unem para resolver mistério da morte
de aves
Cerca
de3 milhões de aves migratórias foram encontradas
mortas
01/04/2021 – Cientistas
de duas disciplinas passaram a trabalhar juntos para tentar
desvendar o mistério sobre a morte de milhões
de aves marinhas migratórias, que foram encontradas
mortas com os estômagos cheios de pedra-pomes.
A rocha de origem vulcânica
é caracterizada por bolhas de ar, o que permite que
a pedra-pomes possa flutuar na água, por vezes até
formar grades aglomerações, após erupções
vulcânicas submarinas. Uma dessas aglomerações,
a maior já registrada, chegou à costa leste
da Austrália em 2013, junto com milhões de
aves mortas.
Especialistas estimam que
3 milhões de Bobos-de-cauda-curta (Short-tailed shearwater)
foram encontrados mortos e quase todos estavam com grandes
quantidades de pedra-pomes nos estômagos. Com essa
realidade, os pesquisadores se perguntaram “As aves
morreram porque ingeriram as pedras?” e “Por
que as aves comeriam rochas, ainda que elas estivessem flutuando
na água?”
Para tenta elucidar essa
questão que intriga os pesquisadores, uma equipe
liderada por Lauren Roman, especialista em avifauna da CSIRO
(Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation)
e por Scott Bryan, geólogo da Universidade de Tecnologia
de Queensland (QUT), iniciou estudos para verificar o que
ocorreu na época da migração das aves.
Pesquisadores usaram um
modelo de dados para rastrear onde essas aves, provavelmente,
viajaram, depois, sobrepuseram isso com o caminho da pedra-pomes,
que surgiram de uma erupção no final de 2012
do vulcão submarino Havre, ao norte da Nova Zelândia.
Segundo os pesquisadores,
essa erupção vulcânica do oceano profundo
foi a maior já registrada e resultou em uma enorme
‘jangada’ de pedra-pomes, com até cinco
metros de espessura e que cobriu cerca de 400 quilômetros
quadrados de oceano aberto. O professor Bryan, estuda esse
fenômeno há 20 anos e afirma que as aves cruzaram
com as pedras quando passassem pelo Equador.
“O problema com os
plásticos é que muitas vezes você o
encontra no trato intestinal de aves marinhas e outras formas
de vida marinha, e não é possível rastreá-lo
bem, pode ter vindo de qualquer ponto da jornada”,
disse ele em entrevista.
“Mas podemos rastrear
as rochas com muita precisão, sabíamos que
vieram dessa erupção, o que significava que
sabíamos que as aves as haviam comido no final de
sua jornada a caminho da Austrália.”
Para Roman, isso significa
que as aves começaram sua jornada em 2012 mal nutridos,
por motivos que ainda não estão claros e parecem
ter ingerido as pedras por desespero. “Propusemos
que um curto período de tempo entre a ingestão
[de pedra-pomes] e a morte indicaria que as aves já
estavam morrendo de fome no momento da ingestão de
[pedra-pomes], e um estado de fome seria refletido por má
condição corporal e massa muscular reduzida”,
afirma a especialista.
“A morte após
um período mais longo indicaria que as aves morreram
de fome após a ingestão de [pedra-pomes].”
Ou seja, as aves não morreram de fome porque comeram
pedra-pomes e sim eles comeram pedra-pomes porque estavam
morrendo de fome.
“Isso indica que as
cagarras em estado de fome reduziram a discriminação
das presas”, disse Roman. “Com um aumento projetado
de tempos de desespero para a vida selvagem, como por causa
das mudanças climáticas, poluição
marinha e superexploração de recursos, este
estudo tem implicações para a mortalidade
em massa e exacerbação das ameaças
existentes às espécies marinhas.”
Segundo Bryan, a união
de disciplinas que normamente não interagem foi fundamental
para chegarmos nesse resultado. “É um ótimo
exemplo de dois campos científicos aparentemente
não relacionados se unindo para obter um resultado,
porque esses dois grandes eventos naturais coincidiram”,
afirma o professor Bryan sobe o estudo que foi publicado
na revista Marine Ecology Progress Series.
Reprodução/NASA
Earth Observatory/Joshua Steven
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Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações de agências internacionais.
Fotos: Reprodução/Pixabay/NASA Earth Observatory/Joshua
Steven