Aves
ameaçadas de extinção perdem sua vocalização
Espécie
está criticamente ameaçada de extinção
07/04/2021 – Aves
canoras costumam aprender suas vocalizações
com os indivíduos adultos, mas quando não
há essa referência, as novas gerações
dessas aves passam a soar “notas erradas” e
desaprender uma característica fundamental para sua
sobrevivência, no que tange atrair seus parceiros.
Para entender o que está
acontecendo com o melífago-regente (Anthochaera
phrygia), o ecologista Ross Crates, coletou dados sobre
a habilidade de vocalização e o sucesso na
reprodução dessas aves, que estão criticamente
ameaçadas. O regent honeyeater, como é conhecido
no exterior, já foi bastante comum na Austrália,
mas com a redução de habitat, iniciada em
1950, sua população foi drasticamente reduzida,
chegando a cerca de 300 ou 400 indivíduos selvagens
nos dias atuais.
Apesar de haver indivíduos
machos em bandos de inverno, nesse momento eles aparecem
espalhados pelos territórios, muitos deles voando
sozinhos. Isso aponta que uma quantidade menor de melífagos-regentes
está circulando próximo aos mais jovens que
aprendem com os mais velhos.
“O aprendizado da
vocalização em muitas aves é um processo
semelhante ao aprendizado de línguas pelos humanos
- eles aprendem ouvindo outras pessoas”, disse Crates,
que trabalha na Australian National University. “Se
você não consegue ouvir outras pessoas, não
sabe o que deveria aprender.”
Reprodução/Wikipedia/CCBYSA40
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Cientistas acreditam que
uma parte significativa dessas aves está aprendendo
uma nova vocalização com outras espécies.
Segundo os pesquisadores, cerca de 12% dos melífagos-regentes
machos estão produzindo vocalizações
mutiladas de espécies como friarbirds e Cuckooshrike,
ente outras espécies.
Algumas dessas espécies
como nos mockingbirds, o mimetismo da vocalização
adiciona floreados às vocalizações
de acasalamento, mas as fêmeas do dos melífagos-regentes
não parecem estar impressionadas.
Indivíduos não
convencionais tiveram menos sucesso em cortejar parceiros,
diz a pesquisa publicada no jornal Proceedings of the Royal
Society B. "Achamos que as fêmeas estão
evitando procriar e fazer ninhos com machos que cantam canções
incomuns", disse Crates.
“Esta pesquisa sugere
que a perda de uma linguagem musical quando a população
atinge um tamanho muito pequeno pode acelerar seu declínio”,
disse Peter Marra, um biólogo conservacionista da
Universidade de Georgetown que não esteve envolvido
no estudo, às agências internacionais.
Avalia-se que as fêmeas
dos melífagos-regentes podem nem estar reconhecendo
essas vocalizações como vindas de potenciais
parceiros. Os pesquisadores dizem que os machos jovens passam
os primeiros meses de vida aprendendo e treinando as vocalizações
que serão utilizadas para o resto da vida. Geralmente
os filhotes aprendem com seus pais, mas o melífago-regente
deixa o ninho antes de aprender a vocalização,
deste modo os machos precisam encontrar outros professores.
Os pesquisadores envolvidos
na pesquisa estão tentando ajudar as aves jovens,
em projetos de reprodução em cativeiro, onde
colocam as vocalizações para serem reproduzidas
em gravadores. Eles têm esperança que esses
indivíduos mais velhos passem suas canções
para as próximas gerações.
Saiba
mais sobre o regent honeyeater.
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações de agências internacionais.
Fotos: Reprodução/Wikipedia