Pesquisa
indica que aves podem pressentir furacões e tsunamis
Cientistas
pretendem criar sistema de alerta baseado na experiência
de aves
19/11/2021 – Muitas
histórias de aves voando em bando antes de grandes
catástrofes já foram ouvidas. O cinema americano
já mostrou isso também em alguns filmes catástrofes.
Mas até onde as aves conseguem ou podem identificar
esses eventos naturais com antecedência suficiente
para poderem fugir.
Agora a ciência quer
saber se isso se comprova e como os humanos podem usar essa
capacidade. No começo do ano uma equipe do Museu
Nacional de História Natural da França (NMNH),
financiada pelo Ministério das Forças Armadas
da França, iniciou uma pesquisa para avaliar a teoria.
Liderada por Frédéric Jiguet, ornitólogo
do NMNH, a equipe analisa 56 aves de cinco espécies.
A marinha francesa e os
pesquisadores foram até atóis e ilhas na Polinésia
Francesa para iniciar o processo de etiquetar aves com dispositivos
para rastreamento. Esse monitoramento acompanha a busca
de alimentos, momentos de repouso, migrações
e talvez mostrem como as aves se comportam antes de desastres
naturais.
O projeto Kivi Kuaka baseia-se
no estudo da capacidade das aves em ouvir o infrassom, o
som de baixa frequência, que não pode ser ouvido
pelos humanos. Os pesquisadores acreditam que essa pode
ser a chave da capacidade das aves em detectar desastres
naturais como tempestades e tsunamis, por exemplo. O infrassom
possui fontes como relâmpagos, vocalização
de rinocerontes e até um zumbido infra-sônico
da Terra. Tsunamis também têm geram infrassons.
Em 2014, outro estudo já
havia registrado que toutinegras-de-asa-dourada haviam feito
uma migração de evacuação no
centro e sudeste dos Estados Unidos. As aves voaram 1.500
quilômetros para fugir de tornados, que mataram 35
pessoas e causaram US$ 1 bilhão de prejuízos.
Segundo a pesquisa, as toutinegras saíram da região
pelo menos 24 horas antes das tempestades, o que sugere
que as aves possam ter ouvido a tempestade a mais de 400
quilômetros de distância.
Em 2004, durante o tsunami
no Oceano Índico, relatos de revoadas de pássaros
para o interior antes do desastre foram ouvidos por toda
região. “Se os pássaros de Kivi Kuaka
forem capazes de perceber o infrassom gerado pelas tempestades
do Pacífico ou tsunamis, os cientistas suspeitam
que os pássaros se moverão para evitá-los.
Rastrear esse comportamento e aprender a identificar movimentos
de pássaros específicos do tsunami, se houver,
pode ajudar a equipe a desenvolver um sistema de alerta
precoce”, diz Jiguet.
Satélites e modelos
de computador já são capazes de prever furacões
e tufões com precisão. Contudo, tempestades
produzem infrassons e são mais comuns que os tsunamis.
Se aves podem prever esses eventos, elas podem ser sentinelas
de tsunamis. “Acho que se há uma onda que se
espalha pelas ilhas, sim, devemos obter dados de diferentes
espécies em diferentes locais para ver se há
alguns comportamentos convergentes. Isso definitivamente
diria que vale a pena continuar a marcar e desenvolver sistemas
locais para analisar melhor isso”, diz Jiguet.
Entretanto, Eddie Bernard,
ex-chefe do Centro de Alerta de Tsunami do Pacífico
da Administração Nacional Oceânica e
Atmosférica dos EUA e do Laboratório Ambiental
Marinho do Pacífico, alerta sobre as expectativas
da pesquisa. “A única coisa que eu diria é
não exagerar no aspecto de alerta de tsunami deste
projeto”. Ele afirma que além de detectar o
tsunami, o tamanho da onda é o que determina sua
intensidade. Ele lembra que a maioria dos tsunamis são
pequenos, inofensivos e alarmes falsos podem causar grandes
prejuízos e até afetar a confiança
do público.
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações de agências internacionais.
Fotos: Reprodução/Pixabay