Grandes
aves podem ampliar armazenamento de carbono em florestas,
mas desmatamento continua a ser desafio
Quanto
maior a ave, maior a semente transportada e, consequentemente,
maior a biomassa da árvore que crescerá dela,
aumentando o potencial de sequestro de carbono
20/08/2024 – Um estudo
recente revelou que grandes aves frugívoras na Mata
Atlântica do Brasil têm o potencial de aumentar
em 38% o armazenamento de carbono, contribuindo significativamente
para a regeneração da floresta tropical. Espécies
como o tucano-toco, o jacu-de-pernas-escuras e o gaio-de-crista-curva
desempenham um papel essencial ao dispersar sementes de
frutos para áreas degradadas.
Conforme o estudo, quanto maior a ave, maior a semente
transportada e, consequentemente, maior a biomassa da árvore
que crescerá dela, aumentando o potencial de sequestro
de carbono. No entanto, para garantir uma dispersão
eficaz de sementes, os fragmentos florestais não
devem estar muito distantes uns dos outros, algo desafiador
em áreas altamente fragmentadas como a Mata Atlântica
e partes desmatadas da Amazônia.
Grandes aves frugívoras, como o tucano-toco (Ramphastos
toco), podem voar longas distâncias, carregando sementes
essenciais para a regeneração das florestas.
Além dos tucanos, outras espécies, como os
jacus (Penelope obscura) e os gaios-de-crista-curvada
(Cyanocorax cristatellus), também contribuem
para a dispersão de sementes, ajudando a aumentar
o armazenamento de carbono em florestas tropicais.
Pesquisadores do Laboratório Crowther, do Instituto
Federal Suíço de Tecnologia em Zurique (ETH
Zurique), publicaram essas descobertas na revista Nature
Climate Change. Danielle Leal Ramos, ecologista da Universidade
Estadual Paulista (Unesp) e coautora do estudo, ressaltou
que a redução do desmatamento e a restauração
das florestas são fundamentais para a mitigação
das mudanças climáticas. Ela destacou que
há muitas barreiras para a restauração
em larga escala, como os altos custos, o nível de
degradação do solo e a falta de bancos de
sementes.
Nas florestas tropicais, a maioria das plantas depende
de animais para a dispersão de suas sementes. Em
áreas degradadas, as aves desempenham esse papel
ao transportar e plantar sementes. O estudo quantificou
a contribuição das aves frugívoras
para a regeneração natural e o potencial acúmulo
de carbono em áreas degradadas, utilizando dados
coletados na Mata Atlântica.
Todas as aves frugívoras têm um papel importante
na regeneração florestal. A diferença
com as aves maiores é que elas podem consumir frutos
maiores, cujas sementes crescem em árvores com maior
biomassa. Árvores com maior densidade de madeira
produzem frutos maiores e têm maior potencial de acumulação
de biomassa e sequestro de carbono, sendo essas árvores
grandes, densamente arborizadas e de crescimento mais lento.
Contudo, em florestas degradadas, o movimento das aves
é restrito, resultando em menor dispersão
de sementes e captura de carbono. Nesses locais, as manchas
florestais são pequenas e distantes umas das outras,
exigindo voos mais longos das aves, que ficam mais expostas
a predadores e condições climáticas
extremas.
Carolina Bello, pesquisadora de pós-doutorado no
Crowther Laboratory e autora principal do estudo, enfatizou
que é essencial manter pelo menos 40% de cobertura
florestal e que os fragmentos florestais devem estar a uma
distância não superior a 133 metros para garantir
a dispersão eficaz de sementes mediada por pássaros.
O estudo destaca a importância do equilíbrio
entre fauna e flora para a preservação e restauração
das florestas tropicais. A restauração passiva,
onde a regeneração ocorre naturalmente, é
mais econômica do que a restauração
ativa, que envolve o plantio de árvores. No entanto,
para que a restauração passiva seja bem-sucedida,
é fundamental que os animais contribuam para o processo.
Embora a Mata Atlântica seja o bioma brasileiro mais
devastado, com pouco mais de 10% de suas florestas originais
restantes, a diminuição do armazenamento de
carbono devido à perda de grandes espécies
frugívoras é mais acentuada na Floresta Amazônica.
Além das aves, primatas e mamíferos, como
antas e queixadas, também desempenham um papel essencial
na dispersão de sementes e na regeneração
florestal.
A conservação e restauração
de grandes florestas são essenciais para combater
as mudanças climáticas, uma vez que as árvores
capturam dióxido de carbono do ar e o convertem em
oxigênio e material vegetal por meio da fotossíntese.
Com a redução do movimento das aves e da dispersão
de sementes, há o risco de ter menos árvores
no solo e mais carbono na atmosfera.
Criado em 2015, dentro do setor de pesquisa da Agência
Ambiental Pick-upau, a Plataforma Darwin, o Projeto Aves
realiza atividades voltadas ao estudo e conservação
desses animais. Pesquisas científicas como levantamentos
quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre frugivoria
e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine;
produção e plantio de espécies vegetais,
além de atividades socioambientais com crianças,
jovens e adultos, sobre a importância em atuar na
conservação das aves.
Da Redação, com informações
de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de inteligência
artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay