Extinção
de abutres contribui para aumento de mortes humanas, revela
pesquisa
Com
a diminuição dessas aves, as carcaças
ficam expostas na natureza, contaminando cursos d’água
e favorecendo a disseminação de bactérias
e infecções
17/09/2024 – A diminuição
drástica das populações de abutres,
aves que desempenham um papel fundamental na manutenção
do equilíbrio ecológico, tem gerado consequências
graves para a saúde humana, como demonstra um estudo
recente que será publicado na American Economic Review.
A pesquisa evidenciou que o quase desaparecimento dos abutres
na Índia, ocorrido há cerca de duas décadas,
resultou em mais de meio milhão de mortes humanas
ao longo de cinco anos.
Os abutres, parentes próximos dos urubus
encontrados no Brasil, raramente são considerados
nos esforços de proteção e conservação.
No entanto, eles exercem uma função vital
ao se alimentarem de carcaças de animais em decomposição,
o que impede a proliferação de doenças.
Com a diminuição dessas aves, as carcaças
ficam expostas na natureza, contaminando cursos d’água
e favorecendo a disseminação de bactérias
e infecções. Além disso, a falta de
abutres permite que os cães selvagens, transmissores
de raiva, se alimentem desses restos, aumentando o risco
de transmissão dessa doença perigosa para
os humanos.
A causa da morte massiva de abutres permaneceu
desconhecida por anos, até que em 2004 cientistas
identificaram o diclofenaco, um medicamento anti-inflamatório
usado no tratamento do gado, como altamente tóxico
para essas aves. A descoberta levou à proibição
do uso veterinário da droga na Índia em 2006,
mas a medida foi tomada tarde demais para evitar o declínio
acentuado das populações de abutres. Em termos
ecológicos, as aves tornaram-se funcionalmente extintas
em muitas regiões do país.
Para avaliar o impacto dessa extinção
na mortalidade humana, os economistas Anant Sudarshan, da
Universidade de Warwick, e Eyal Frank, da Universidade de
Chicago, conduziram um estudo comparando as taxas de mortalidade
em distritos indianos que antes contavam com populações
prósperas de abutres com aqueles onde as aves já
eram raras. Os resultados mostraram que, após o aumento
no uso de diclofenaco e o subsequente declínio dos
abutres, as taxas de mortalidade humana aumentaram mais
de 4% nas áreas afetadas.
Os pesquisadores corroboraram suas descobertas
analisando mudanças na qualidade da água,
vendas de vacinas contra a raiva e o crescimento populacional
de cães selvagens. A conclusão foi clara:
a ausência dos abutres resultou em um "choque
sanitário negativo" significativo, conforme
explicado pelos autores do estudo.
Atualmente, a população de abutres
na Índia equivale a menos de 1% do que era anteriormente.
Quatro espécies estão criticamente ameaçadas,
e apesar da proibição do diclofenaco, seu
uso ilegal persiste, enquanto novos medicamentos anti-inflamatórios
igualmente tóxicos foram introduzidos no mercado.
No entanto, nem todas as notícias são
negativas. No Nepal, onde a proibição do diclofenaco
foi mais eficaz, as populações de abutres
começaram a se recuperar nos últimos sete
anos, segundo Chris Bowden, coordenador do consórcio
SAVE, que trabalha para salvar os abutres do sul da Ásia
da extinção. A situação no Paquistão,
entretanto, continua crítica, com as aves ainda enfrentando
severos declínios populacionais.
O estudo reforça a importância
de considerar o impacto das ações humanas
sobre as espécies que, apesar de pouco valorizadas,
desempenham papéis essenciais para o equilíbrio
ambiental e a saúde pública.
Criado em 2015, dentro do setor de pesquisa
da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma Darwin,
o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e conservação
desses animais. Pesquisas científicas como levantamentos
quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre frugivoria
e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine;
produção e plantio de espécies vegetais,
além de atividades socioambientais com crianças,
jovens e adultos, sobre a importância em atuar na
conservação das aves.
Da Redação, com informações
de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de inteligência
artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay