Colaboração
global para proteger os oceanos: o papel estratégico
da filantropia
Brasil
discute soluções para conservação
marinha com apoio de instituições internacionais
13/02/2025 – No icônico
Museu do Amanhã, situado sobre a Baía de Guanabara
no Rio de Janeiro, ocorreu o 4º Diálogo das
Fundações, evento internacional que reuniu
líderes de instituições filantrópicas,
cientistas e gestores para discutir estratégias de
proteção aos oceanos. Promovido pela UNESCO
em parceria com a Fundação Grupo Boticário,
o encontro integrou as ações da Década
da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável
(2021-2030), um esforço global para mobilizar conhecimento
e recursos em prol da conservação marinha.
Representantes de 70 países
participaram do evento, que enfatizou a necessidade de expandir
os investimentos em ciência e conservação.
Julian Barbière, coordenador da UNESCO, afirmou que
a saúde dos oceanos depende de uma mobilização
financeira significativa, estimando que US$ 500 milhões
anuais seriam necessários para implementar soluções
eficazes. Ele destacou 2024 como um ano crítico para
alinhar recursos globais e fortalecer o protagonismo dos
oceanos em debates internacionais, como o G20.
Malu Nunes, diretora executiva
da Fundação Grupo Boticário, sublinhou
a conexão entre os oceanos e a vida humana, além
de alertar para o baixo investimento global em conservação
da natureza, que corresponde a menos de 0,2% do PIB. A Fundação,
que destina um quarto de seus recursos para projetos marinhos,
já apoiou mais de 1.700 iniciativas ao longo de três
décadas. Nunes reforçou a urgência de
mobilizar diversos setores para ampliar os esforços
em prol dos mares.
Além de recursos
financeiros, o encontro abordou a inclusão de diferentes
atores, como comunidades locais e pesquisadores de países
em desenvolvimento, para ampliar a equidade no acesso a
financiamentos. Painéis destacaram a importância
do conhecimento tradicional combinado à ciência
moderna, citando exemplos de projetos bem-sucedidos que
uniram cientistas e comunidades indígenas para soluções
sustentáveis.
A advogada Angelique Pouponne,
moderadora de um dos painéis, destacou que a inclusão
deve ir além de representações simbólicas,
demandando mudanças estruturais e investimentos em
diversidade. Reformar sistemas educacionais para integrar
conhecimentos tradicionais foi apontado como um passo essencial
para formar uma nova geração de cientistas
mais inclusiva e capacitada.
A relação
entre mudanças climáticas e os oceanos foi
amplamente discutida. Especialistas ressaltaram a necessidade
de ampliar pesquisas no Atlântico Sul por meio da
instalação de sensores e equipamentos para
monitoramento. Técnicas como inteligência artificial
foram sugeridas para organizar dados complexos, facilitar
a tradução da ciência para o público
e embasar políticas públicas mais robustas.
Alexander Turra, professor
do Instituto Oceanográfico da USP, reforçou
que a filantropia tem um papel central nesse contexto. Segundo
ele, além de financiar iniciativas, é necessário
estruturar melhor os recursos existentes e criar conexões
entre instituições públicas, privadas
e acadêmicas. Turra mencionou que a experiência
de iniciativas anteriores, como o impulso de gerenciamento
costeiro promovido pela Fundación Avina, mostra que
a colaboração regional pode ser replicada
em escala global.
Outro destaque foi a importância
de ações educativas para conscientizar a sociedade
sobre os desafios enfrentados pelos oceanos. Heloísa
Schurmann, ativista e velejadora, compartilhou os resultados
da Expedição Voz dos Oceanos, que identificou
microplásticos em organismos marinhos consumidos
pela população brasileira. Schurmann enfatizou
que recursos financeiros são essenciais não
apenas para viabilizar projetos, mas também para
criar programas educacionais que envolvam escolas, ONGs
e governos na proteção dos mares.
O encontro contou com a
participação de importantes instituições
globais, como a Fundación MarViva, o Belmont Forum
e o Schmidt Ocean Institute. Representantes destacaram o
papel da filantropia como catalisadora de ações
transformadoras, especialmente em um momento de desafios
ambientais complexos. A cocriação de projetos
entre diferentes setores foi apontada como um modelo promissor
para garantir governança e sustentabilidade a longo
prazo.
Ao final do evento, ficou
claro que a mobilização conjunta entre ciência,
filantropia e sociedade civil será decisiva para
enfrentar ameaças como mudanças climáticas,
poluição marinha e perda de biodiversidade.
A Década da Ciência Oceânica, com seus
objetivos ambiciosos, aponta um caminho onde recursos, inovação
e educação podem criar um legado duradouro
para os oceanos e para as gerações futuras.
Da Redação,
com informações de agências de notícias
Fotos: Reprodução/Pixabay
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