Balões
meteorológicos: uma ameaça oculta para animais
marinhos
Apesar
de úteis para previsões climáticas,
resíduos de balões meteorológicos impactam
severamente a vida marinha
27/02/2025 – No outono
de 2023, um albatroz-de-nariz-amarelo-do-atlântico
juvenil foi encontrado gravemente ferido na Bacia de Santos,
litoral brasileiro. O culpado? Um balão meteorológico.
O fio preso ao transmissor do balão havia perfurado
a ave, causando fraturas, danos circulatórios e necrose
nos pés, levando os veterinários a realizarem
eutanásia.
Casos como este não são isolados. Detritos
de balões meteorológicos, compostos de látex,
plásticos e outros materiais, têm causado impactos
profundos e muitas vezes invisíveis nos ecossistemas
marinhos.
Desde a década de
1930, balões meteorológicos são essenciais
para coletar dados sobre temperatura, pressão e umidade
em altitudes elevadas. Todos os anos, centenas de milhares
desses balões são lançados em mais
de 1.300 estações espalhadas pelo mundo. Cada
balão, ao atingir cerca de 35 quilômetros de
altura, explode, espalhando seus resíduos —
incluindo látex e transmissores — sobre a Terra
e, frequentemente, no oceano.
Apesar de parte dos materiais
ser considerada biodegradável, a degradação
é lenta. Isso significa que os resíduos podem
permanecer nos oceanos por anos, representando perigo constante
para a fauna marinha.
O estudo conduzido por Daphne
Goldberg, do Projeto Albatross, revelou que sete albatrozes
encontrados na Bacia de Santos estavam emaranhados em detritos
de balões. Além disso, tartarugas-de-kemp
jovens foram registradas na Virgínia com lesões
fatais causadas pelo mesmo tipo de resíduos.
Os detritos dos balões,
muitas vezes confundidos com alimentos ou emaranhados em
membros dos animais, causam ferimentos graves e, em muitos
casos, levam à morte. Como apenas uma pequena parcela
dos animais mortos chega às praias, os cientistas
acreditam que o impacto é muito maior do que o registrado.
Consciente dos impactos
ambientais, a fabricante de balões meteorológicos
Vaisala introduziu melhorias nos materiais. A corda, antes
de algodão, agora é feita de fibras de celulose
que se decompõem mais rapidamente. A empresa também
oferece radiossondas feitas de amido e outros materiais
naturais.
Agências meteorológicas
de diversos países estão começando
a adotar alternativas mais sustentáveis. A Austrália,
por exemplo, substituiu os balões brancos por azuis,
menos propensos a serem confundidos como alimento por animais
marinhos. Nos Estados Unidos, testes estão sendo
realizados com balões de longa duração
e drones recuperáveis, que podem coletar dados meteorológicos
sem deixar resíduos.
Embora os balões
meteorológicos sejam fundamentais para previsões
climáticas e alertas de tempestades, seu impacto
ambiental não pode ser ignorado. Investir em alternativas
sustentáveis é essencial para equilibrar a
necessidade de avanços científicos com a preservação
dos ecossistemas.
Como ressaltou Daphne Goldberg,
cada inovação que reduz o impacto ambiental
de nossas tecnologias representa um passo crucial na proteção
da biodiversidade marinha.
Da Redação,
com informações de agências de notícias
Matéria elaborada com auxílio de Inteligência
Artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay