Populações
de tubarões foram reduzidas pela metade nos últimos
50 anos
Sobrepesca
afeta 1.199 espécies de peixes cartilaginosos, colocando-as
em risco de extinção
07/04/2025 – A conservação
de tubarões, raias e quimeras enfrenta desafios devido
ao medo persistente de ataques, que dificulta a proteção
desses animais. Para medir o declínio das populações
de peixes cartilaginosos desde os anos 1970, mais de 300
pesquisadores, brasileiros e internacionais, analisaram
as principais ameaças à sua sobrevivência.
Em um estudo publicado na revista Science, o Global Shark
Trends Project revelou que, devido à sobrepesca,
as populações desses peixes foram reduzidas
pela metade nos últimos 50 anos. Utilizando a Lista
Vermelha da União Internacional para a Conservação
da Natureza (UICN), os especialistas indicaram que o risco
de extinção aumentou em 19%. A pesquisa também
alerta que a pesca excessiva das maiores espécies
costeiras e pelágicas pode resultar em uma redução
de 22% na diversidade funcional dos oceanos.
Após oito anos de
pesquisas, o projeto avaliou dados sobre a distribuição,
biologia, populações, comércio, ameaças
e conservação de 1.199 espécies de
tubarões, raias e quimeras. Durante os 70 anos analisados,
a principal causa do desaparecimento dessas espécies
foi identificada como a sobrepesca. O avanço tecnológico
na pesca nas últimas décadas, que possibilitou
maior expansão da atividade pesqueira, também
intensificou a pressão sobre os animais marinhos.
Segundo as especialistas, as características biológicas
dos tubarões, raias e quimeras os tornam especialmente
vulneráveis, dificultando sua recuperação
frente à sobrepesca. Muitas vezes, as populações
não conseguem se regenerar no mesmo ritmo em que
são afetadas pela captura.
A pesquisa revelou que a
captura global de tubarões e raias dobrou entre 1950
e 2000, um aumento preocupante, embora inferior ao crescimento
geral da pesca, que foi impulsionado pelo aprimoramento
de sonares, redes de arrasto mais eficientes e técnicas
de pesca como o espinhel pelágico e cerco. A sofisticação
da pesca e o aumento da demanda por produtos marinhos foram
os principais motores dessa expansão.
Há mil anos, os povos
nativos do litoral catarinense consumiam ao menos 15 espécies
de tubarões, das quais apenas quatro ainda são
encontradas com frequência na região, de acordo
com um estudo publicado em 2022 na Journal of Fish Biology.
Entre as espécies consumidas, estava o Carcharodon
carcharias, o tubarão-branco, que inspirou o filme
de Spielberg. Esse tubarão pode alcançar mais
de 6 metros de comprimento e foi visto pela última
vez em Santa Catarina há mais de 25 anos. Em 2021,
o Grupo de Especialistas em Tubarões para a América
do Sul da UICN, coordenado por Charvet, publicou um estudo
na Current Biology revelando que um terço das espécies
de tubarões e raias estão ameaçadas
de extinção. Anualmente, mais de 100 milhões
de tubarões são capturados globalmente.
No Brasil, a pesca de algumas
espécies ameaçadas é proibida por lei,
mas o país continua sendo um dos maiores consumidores
de carne de peixes cartilaginosos, com boa parte da importação
vinda do Uruguai, conforme relatório de 2021 da organização
World Wide Fund for Nature (WWF).
Além da pesca, os
autores do artigo apontam as mudanças climáticas
e a poluição dos oceanos como fatores que
também afetam as populações de tubarões,
raias e quimeras, embora em menor escala em comparação
à atividade pesqueira. Entre as soluções
sugeridas por especialistas para reverter essa situação,
destacam-se a implementação de uma regulamentação
mais rigorosa da pesca, para evitar capturas tanto direcionadas
quanto acidentais de espécies ameaçadas, e
a promoção de uma cooperação
internacional para a adoção de medidas de
conservação.
Como exemplo positivo, os
pesquisadores mencionam países e regiões onde
a pesca sustentável de tubarões e raias tem
se mostrado viável. Austrália, Canadá,
Estados Unidos e partes da Europa e da África do
Sul são citados como "bright spots", áreas
de esperança devido à riqueza de espécies
e ao manejo pesqueiro que reduz o risco de extinção
para esses animais. Esses exemplos demonstram como, com
base em conhecimento científico, a pesca pode ser
praticada de forma a garantir o fornecimento de recursos
alimentares em longo prazo, ao mesmo tempo em que preserva
a biodiversidade oceânica.
Da Redação,
com informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de Inteligência
Artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay