Aves
ficam acordadas até tarde da noite em áreas
com iluminação
A
falta de sono pode impactar na sobrevivência das espécies
12/12/2025 – Uma pesquisa
realizada por Brent Pease, da Southern Illinois University
Carbondale, e Neil Gilbert, da Universidade Estadual de
Oklahoma, revelou que aves diurnas cantam por mais tempo
à noite em áreas com alta poluição
luminosa. Analisando mais de 180 milhões de vocalizações
de aves ao redor do mundo e imagens de satélite,
os pesquisadores descobriram que, sob céus noturnos
mais iluminados, o "dia" das aves pode se estender
em quase uma hora.
O artigo de Brent Pease
e Neil Gilbert, intitulado "A poluição
luminosa prolonga a atividade aviária", foi
publicado na revista Science. A pesquisa teve origem em
uma iniciativa de Pease para envolver estudantes de graduação
no estudo das aves. Para isso, ele instalou um computador
com microfone no Centro de Educação ao Ar
Livre Touch of Nature, transmitindo os sons das aves para
o Prédio de Agricultura do campus principal, a 13
km de distância. Essa ação resultou
na criação de um painel de dados simples exibido
nos monitores do prédio.
Após a instalação
inicial, Pease contratou a empresa BirdWeather, que fornece
dispositivos avançados de gravação
com Wi-Fi, GPS e sensores conectados ao banco de dados BirdNET,
utilizando aprendizado de máquina desenvolvido pelo
Laboratório de Ornitologia de Cornell e pela Universidade
de Tecnologia de Chemnitz. Isso permitiu uma visualização
mais precisa das espécies de aves presentes na área.
Com os dados em tempo real, Pease percebeu o potencial da
tecnologia para a pesquisa da vida selvagem, permitindo
não apenas identificar onde as aves estão,
mas também monitorar seu comportamento continuamente,
24 horas por dia.
Segundo Pease, enquanto
a ciência tem avançado por décadas na
previsão da distribuição e quantidade
de espécies, o BirdWeather revolucionou a pesquisa
ao possibilitar o estudo do comportamento das aves em grandes
escalas geográficas e temporais. Assim como as câmeras
de trilha transformaram o estudo dos mamíferos há
25 anos, o BirdWeather, aliado ao BirdNET, agora permite
observar o comportamento das aves de forma contínua
e detalhada.
Pease afirma que estamos
entrando na "era de ouro da conservação
das aves", impulsionada pelo aprendizado de máquina
e pela ciência participativa. Ele liderou diversos
projetos de ciência cidadã na SIU, incluindo
o registro de sons da natureza durante o eclipse de 8 de
abril de 2024. Usando o BirdNET, Pease e Gilbert transformaram
vocalizações de aves em espectrogramas —
padrões visuais únicos para cada espécie
— e os compararam com um banco de dados de mais de
6.000 espécies, permitindo uma identificação
precisa e em larga escala.
O pesquisador destacou que
o algoritmo de aprendizado de máquina permite analisar
gravações de áudio contínuas,
algo que levaria uma vida inteira para ser feito manualmente.
Ele e Gilbert foram os primeiros a aplicar e analisar os
dados do BirdWeather dessa forma. Embora existam muitas
possibilidades de pesquisa, eles focaram inicialmente em
entender como as aves reagem à poluição
luminosa global — uma preocupação crescente
para humanos e a vida selvagem. Descobriram que, em média,
as aves ficam acordados uma hora além do normal,
embora esse tempo varie entre espécies.
Pease e Gilbert buscaram
entender por que as aves respondem à poluição
luminosa, e descobriram que a sensibilidade visual é
um fator chave: espécies com olhos grandes em relação
ao corpo são mais afetadas pela luz artificial à
noite. O impacto dessa mudança de comportamento ainda
precisa ser melhor compreendido — pode haver benefícios,
como mais tempo para buscar alimento e acasalar, mas também
riscos, como a redução do tempo de sono. Pease
destacou que essa é a ciência cidadã
em seu melhor momento, com o BirdWeather registrando mais
de 1,4 bilhão de vocalizações em 11.000
locais desde 2021. Ele e Gilbert pretendem continuar usando
essa tecnologia para a conservação da vida
selvagem.
Saiba mais: Brent S. Pease
et al, A poluição luminosa prolonga a atividade
aviária, Science (2025). DOI: 10.1126/science.adv9472
. www.science.org/doi/10.1126/science.adv9472
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de inteligência
artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay