José Jorge/SMA
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Os
169 municípios paulistas que possuem espaços
territoriais sob proteção legal do
Estado receberam, em 2002, R$ 39.632.785,42 por
conta do ICMS Ecológico. Iguape, que concentra
um dos maiores contínuos de Mata Atlântica,
foi o município que mais se beneficiou com
essa forma de compensação financeira
recebendo R$ 1.984.158,32, seguindo-se Barra do
Turvo com R$ 1.812.926,49 e Iporanga com R$ 1.708.953,67.
O ICMS Ecológico foi estabelecido pela Lei
Estadual 8.510, de 29 de dezembro de 1993, consistindo
em 0,5% da parcela do Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços – ICMS que constitui
a cota-parte dos municípios. Segundo o economista
Odair Nigosky, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente,
que concluiu um levantamento sobre a distribuição
desse imposto, a Constituição federal,
de 1988, estabelece que 75% da arrecadação
do ICMS constitui receita do Estado e os 25% restantes
dos municípios. |
Área de preservação do PETAR
em Iporanga
A Constituição
determina ainda que, da parte que cabe aos municípios,
pelo menos 75% devem ser distribuídos em
função do valor adicionado nas operações
relativas à circulação de mercadorias
e à prestação de serviço
realizadas em seus territórios, ficando a
distribuição dos 25% restantes para
ser regulamentada por lei estadual.
No Estado de São Paulo estabeleceu-se que,
da cota dos municípios, 76% devem ser calculados
em função do valor adicionado e 24%
divididos da seguinte forma: 3% por conta da área
cultivada, 2% do componente percentual fixo, 0,5%
dos espaços territoriais especialmente protegidos,
0,5% dos reservatórios de água destinados
à geração de energia elétrica,
13% da população e 5% da receita tributária
própria.
Desta maneira, dos R$ 31,7 bilhões de ICMS
arrecadados em São Paulo no ano passado,
75% (ou R$ 23,8 bilhões) ficaram com o Estado
e 25% (ou R$ 7,9 bilhões) com os municípios.
É desta parcela que se deduz 0,5% (ou R$
R$ 39.632.785,42) que corresponde ao ICMS Ecológico
destinado aos que possuem áreas especialmente
protegidas.
Nigosky explica que os benefícios são
calculados em função dos espaços
legalmente protegidos existentes nos municípios
em relação ao total existente no Estado,
segundo coeficientes de ponderação
que conferem peso 1,0 às estações
ecológicas, 1,0 às reservas biológicas,
0,8 aos parques estaduais, 0,5 às zonas de
vida silvestre em áreas de proteção
ambiental, 0,2 às reservas florestais, 0,1
às áreas de proteção
ambiental e 0,1 às áreas naturais
tombadas.
O economista lembra que a lei considera apenas as
áreas de preservação estaduais,
excluindo as federais e municipais. Lembra ainda
que o recurso não é “carimbado”, isto
é, não há a obrigatoriedade
de aplicá-lo exclusivamente em ações
de caráter ambiental.
Os municípios
beneficiados
O levantamento de
Nigosky mostra que os municípios localizados
no Vale do Ribeira, onde se concentram os maiores
contínuos de Mata Atlântica, são
os que receberam as maiores quantias em ICMS Ecológico
em 2002. Veja na tabela os municípios que
mais receberam:
Município |
Valor
recebido (em R$) |
Iguape |
1.984.158,32 |
Barra do Turvo |
1.812.926,49 |
Eldorado |
1.756.016,61 |
Iporanga |
1.708.953,67 |
Ubatuba |
1.411.904,63 |
Cananéia |
1.152.906,58 |
Pedro de Toledo |
1.103.759,88 |
São Paulo |
1.065.998,92 |
Caraguatatuba |
1.057.186,91 |
Dos nove municípios que
receberam valor superior a R$ 1 milhão, seis
se localizam no Vale do Ribeira. Ubatuba e Caraguatatuba
encontram-se no Litoral Norte abrigando grande parte
do Parque Estadual da Serra do Mar. O Município
de São Paulo, com uma realidade geográfica
e social totalmente diversa, recebeu o ICMS Ecológico
por conta das APAS da Mata do Iguatemi, Fazenda
do Carmo e Várzea do Tietê, além
de nove áreas naturais tombadas como o Jardim
da Luz, Parque da Aclimação, Parque
Tenente Siqueira Campos, Parque do Ibirapuera, Casa
Modernista, Parque da Independência e outras.
O cálculo incluiu ainda os Parques Estaduais
da Cantareira, Alberto Lofgren, Jaraguá,
Fontes do Ipiranga, Serra do Mar e os Parques Ecológicos
do Tietê e do Guarapiranga e a Reserva Biológica
de Vila Facchini.
Iguape, que foi o município mais beneficiado,
tem parte de seu território ocupado por 2.699,60
hectares da Estação Ecológica
Chauás, 63.755,93 hectares da Estação
Ecológica Juréia-Itatins e 98.442
hectares da Área Natural Tombada da Serra
do Mar e Paranapiacaba. Barra do Turvo, em segundo
lugar, abriga 79.139,89 hectares do Parque Estadual
do Jacupiranga e 3.555,21 hectares da Área
de Proteção Ambiental da Serra do
Mar.
Em 2002, dez novos municípios, onde o Estado
criou áreas legalmente protegidas, foram
incluídos entre os que recebem ICMS Ecológico.
São os seguintes: Agudos, que recebeu R$
36.706,41; Avaí, R$ 190.191,45; Balbinos,
R$ 81.461,95; Duartina, R$ 47.265,07; Embu-Guaçu,
R$ 49.366,28; Pirajuí, R$ 102.590,95; Piratininga,
R$ 106.643,19; Presidente Alves, R$ 95.561,07;Reginópolis,
R$ 129.638,16; e Urú, R$ 52.026,30.
Fonte: SMA – Secretaria Estadual
de Meio Ambiente de São Paulo (www.ambiente.sp.gov.br)
Newton M. Miura
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