SARNEY FILHO CRITICA
ECONOMIA GLOBALIZADA
Panorama Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Agosto de 2001
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O ministro do Meio Ambiente,
José Sarney Filho, afirmou ontem que as concessões
aos países industrializados aliados aos EUA enfraqueceram
bastante o Protocolo de Kyoto e resultaram em benefícios
ambientais bastante reduzidos e questionáveis.
Ao proferir a aula inaugural do curso de Gestão
Ambiental, da Polifucs, em Salvador, o ministro afirmou
que a expectativa é de que, em virtude das concessões,
a redução média de emissões
cairá dos previstos 5,2% para cerca de 2%, como
resultado da não participação norte-americana
e da contabilização dos sistemas naturais
como sumidouros pelos países desenvolvidos.
Sarney Filho lembrou que, no início deste ano,
o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas
(IPCC), braço científico da Convenção
sobre o Clima, apresentou os últimos estudos das
conseqüências de alterações climáticas
provocadas pela ação humana. Este estudo
prevê o aumento da temperatura até o fim
do século, estimando elevação entre
2,9 e 6 graus Celsius, o que acarretará impactos
ambientais diversos.
O ministro informou que o estudo prevê, ainda, uma
grande redução na produção
agrícola dos países tropicais, podendo levar
à fome milhões de pessoas no mundo durante
todo o século XXI. "O Brasil, juntamente com
a Argentina e o Chile, seria um dos países mais
afetados pelas perdas agrícolas", destacou.
"O Nordeste brasileiro é apontado como a região
que sofreria conseqüências mais dramáticas,
devido à sua maior vulnerabilidade, pois já
apresenta temperaturas elevadas", acrescentou o ministro.
Ele criticou a economia globalizada, que, apesar dos avanços
tecnológicos, em sua opinião, não
tem proporcionado redução da pobreza. "Segundo
estudo do Banco Mundial, a renda média nos 20 países
mais ricos é, hoje, 37 vezes maior que a dos 20
países mais pobres, uma diferença que duplicou
nos últimos 40 anos, o que faz com que, atualmente,
cerca de 2,8 bilhões de pessoas, quase a metade
da população mundial, vivam com renda inferior
a 2 dólares diários", prosseguiu.
Sarney Filho citou estudo ainda mais recente do Banco
Mundial, onde se calcula que entre 5 e 6 milhões
de pessoas morrem todos os anos nos países em desenvolvimento
por causa de doenças veiculadas pela água
e pela poluição do ar. "Os custos econômicos
da deterioração ambiental são calculados
entre 4 e 8 % do PIB anual, em muitos países em
desenvolvimento. E a mudança do clima ameaça
prejudicar ainda mais o desenvolvimento a longo prazo
e a capacidade de muitas pessoas saírem da pobreza",
afirmou.
Segundo Sarney Filho, a única forma de reverter
a situação é reconstruir a sociedade
sob novos paradigmas. "Qualquer indivíduo
sabe que, na questão ambiental, é preciso
optar eticamente pela transformação. É
preciso comprometer-se com a quebra de antigos paradigmas
produtivos, sociais, culturais e políticos e querer
reverter o caminho da destruição e construir
uma nova sociedade", concluiu.
Fonte: MMA – Ministério do Meio
Ambiente (www.mma.gov.br)
Assessoria de imprensa