PROPOSTA PARA
PRESERVAR OS MANANCIAIS PAULISTAS E SOLUCIONAR
A OCUPAÇÃO IRREGULAR
Panorama Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Novembro de 2001
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A água é
um patrimônio de todos, um direito de cada cidadão.
Cabe ao Governo do Estado preservá-la, através
de leis, como a 1172/76, que estabelece critérios
técnicos para compra de loteamentos e construções
em áreas de proteção aos mananciais.
Ao longo desses anos por ação de loteares
inescrupulosos e omissão do Poder Público,
parte dessas áreas foram ocupadas de forma irregular,
não atendendo ao modelo de uso e ocupação
do solo, que adota a densidade demográfica, número
de pessoas por área de terreno, conforme estabelece
a lei.
Essa situação gerou um impasse entre a questão
ambiental e o social. De um lado a preservação
da água e do outro o reconhecimento da moradia
ilegal.
O Governo do Estado pela primeira vez admitiu a necessidade
de criar um mecanismo legal para solução
desse problema, levando em conta a comunidade e o meio
ambiente.
Com a alteração do artigo 53, do regulamento
da Lei de Proteção aos Mananciais, é
possível conciliar a preservação
ambiental com direito à moradia regularizada.
Em associações ou grupos, os moradores poderão
adquirir glebas de áreas não ocupadas, que
serão mantidas preservadas, assegurando o direito
de obter a escritura definitiva de sua residência,
que hoje está irregular.
O Projeto de Lei resolve o problema de preservar e recuperar
as áreas verdes, nas regiões das sub-bacias
da Billings, Alto Tietê Cabeceiras, Cantareira e
Guarapiranga e propõe, ao mesmo tempo, uma solução
para regularização das edificações
residenciais, comerciais e industrias que envolvem aproximadamente
1,6 milhão de pessoas.
"Com esta alteração estaremos assegurando
ao morador irregular o direito a moradia e a população
em geral o direito a água potável"
- declara Ricardo Tripoli, Secretário Estadual
do Meio Ambiente.
Pela nova proposta o espaço a ser adquirido e preservado
pode estar localizada na mesma sub-bacia hidrográfica,
ao contrário do que vigora atualmente, que é
a regularização com áreas contíguas.
Segundo Ricardo Tripoli, a forma atual de ocupação
é prejudicial a qualidade das águas, que
abastecem aproximadamente 17,5 milhões de habitantes
da Região Metropolitana de São Paulo, o
que justifica plenamente o projeto proposto.
Hoje, 25 municípios estão inseridos totalmente
ou parcialmente nessas áreas. São 4.279
quilômetros quadrados de extensão que compõem
53% da Região Metropolitana de São Paulo.
"Com a alteração do artigo 53 será
possível resgatar a cidadania dos moradores de
áreas de proteção aos mananciais,
hoje considerados excluídos tanto pela comunidade
como pelo governo. Não se trata de uma anistia
e sim o reconhecimento do cidadão que quer cumprir
as leis, proteger o meio ambiente e ter direito a moradia"
- pondera José Antônio Nunes - Coordenador
da CPLA - Coordenadoria de Planejamento Ambiental da Secretaria
Estadual do Meio Ambiente.
CONSEMA
O Conselho Estadual do Meio Ambiente
- Consema aprovou, no último 11 de setembro, a
proposta apresentada pelo Governo do Estado de São
Paulo que altera um decreto do conjunto de leis que regulamentam
a proteção aos mananciais.
Todas as contribuições pertinentes, apresentadas
pelo conselheiros, deverão ser incorporadas à
nova redação, antes do encaminhamento do
projeto para deliberação na Assembléia
Estadual do Estado.
Na reunião foram ressaltadas à responsabilidade
do Poder Público com respeito à fiscalização
e gestão de áreas verdes a serem incorporadas
às residências regularizadas, a necessidade
dos municípios realizarem investimentos para assegurar
a preservação das áreas de mananciais
e o estabelecimento de mecanismos que assegurem a transição
da lei atual para a nova proposta.
Para Florípedes Andrade Fernandes, representante
da Ação Social de Amparo aos Moradores do
Cantinho do Céu, loteamento clandestino na região
de Cocaia, na represa Billings, que estava presente na
reunião do CONSEMA, o projeto do Governo é
bom e ajudará a resolver um problema social de
grande porte.
"Não quero sensibilizar ninguém, mas
vivo em área de manancial e a realidade aqui é
muito ruim. Faltam escolas, hospitais e nossas casas estão
em situação irregular. Precisamos dessa
mudança na lei para melhorarmos nossa situação
e contribuirmos com o meio ambiente e a preservação
da água".
Uma Luta ...
O Presidente da Federação
de Favelas do Estado de São Paulo, Anselmo Ney
de Almeida, é favorável a mudança
do artigo 53, pois esta foi calorosamente debatida com
a comunidade de base, que também aprova a mudança.
Com a possibilidade da legalização da terra,
200 mil pessoas, moradoras na região Cotia - Guarapiranga,
serão beneficiadas. "Não se trata de
barganha, mas sim de uma compensação de
solo, que acontecerá pela compra dessa nova área
a ser preservada".
Para Ney "Favela", como é conhecido pelos
companheiros, a medida irá legalizar não
só a casa das pessoas, mas o seu bairro. Os moradores
estão conscientes, inclusive, da importância
ambiental da mudança do artigo.
Fonte: SMA – Secretaria Estadual de
Meio Ambiente de São Paulo (www.ambiente.sp.gov.br)
Reportagem: Cristina Couto