O Greenpeace anunciou hoje que não
vai participar do encontro anual do Fórum Econômico
Mundial (FEM), que será realizado em Nova York,
EUA. A organização ambientalista participou
dos encontros do FEM em Davos, em 2000 e 2001. No entanto,
o diretor-executivo do Greenpeace Internacional, Gerd
Leipold, afirmou que, neste ano, participará
do Fórum Social Mundial (FSM), que acontece em
Porto Alegre (RS) de 31 de janeiro a 05 de fevereiro.
Em uma carta enviada ao presidente do Fórum Econômico
Mundial, Kaus Schwab, Gerd Leipold relembrou que: “em
2000 e 2001, o Greenpeace colocou muita energia e recursos
para contribuir de maneira construtiva” nas reuniões
realizadas em Davos. Uma referência especial foi
feita à iniciativa conjunta do Greenpeace e do
FEM, no ano passado, sobre a questão das Mudanças
Climáticas. Os CEOs da indústria automobilística
foram convidados para discutir a data-limite para vigorar
e implementar o Protocolo de Kyoto, considerado o primeiro
passo para deter o aquecimento global. Mas, de acordo
com a organização ambientalista, a iniciativa
não teve prosseguimento pela falta de cooperação
por parte do FEM.
“O Greenpeace é, reconhecidamente, uma organização
voltada para a ação. A recusa do Greenpeace
em participar do Fórum Econômico Mundial
neste ano talvez se constitua no melhor caminho para
disparar uma agenda mais orientada para a ação
em questões ambientais por parte do FEM”, Leipold
escreveu em sua carta para Klaus Schwab.
O Greenpeace afirmou estar “agradecido pela oportunidade
de participar do encontro anual do FEM em Nova York
este ano, e de ser um porta-voz em alguns painéis
de discussões”, mas também ressaltou que
“o diálogo só é útil quando
ambas as partes têm as mesmas oportunidades”.
Este ano marca o décimo aniversário da
ECO-92, realizada no Rio de Janeiro em 1992. Em sua
carta para Schwab, o diretor-executivo do Greenpeace
Internacional disse que “a falta de progresso em relação
às iniciativas acordadas durante a ECO-92 requer,
agora, muito mais ações decisivas. Ao
contrário das promessas feitas no Rio de Janeiro
há 10 anos por governos e comunidade empresarial,
o planeta não se tornou mais seguro ou mais igualitário.
Os pobres do mundo todo continuam sendo as vítimas
mais vulneráveis da perda de biodiversidade e
das mudanças climáticas, aumentando as
diferenças ao invés de diminui-las”.
Leipold reconheceu que um número crescente de
representantes de Organizações Não-Governamentais
(ONGs) tem sido convidado para os encontros do FEM.
Em sua carta, ele afirmou que Schwab mereceia “crédito
por suas tentativas para melhor entender as ONGs”. Leipold
também disse que “como organização
totalmente financiada pelo setor privado, o Fórum
Econômico Mundial precisa continuar se aprimorando
para dar às ONGs o real direito de voz”.
O ex-diretor executivo da organização,
Thilo Bode, que participou dos encontros do FEM em Davos,
disse que o Greenpeace estava certo em não participar
da reunião este ano. Bode afirmou que se sentiu
bastante encorajado, no ano passado em Davos, quando
os participantes do encontro reconheceram as mudanças
climáticas como o maior desafio a ser enfrentado
pela comunidade empresarial no século 21. No
entanto, ele também se sentiu desapontado pela
falta de determinação do FEM depois da
reunião. “Eles têm todas as chances do
seu lado, mas continuam a ignorá-las”, disse
Thilo Bode.