Panorama
 
 
 

VITÓRIA NA LUTA CONTRA MADEIRA ILEGAL

Panorama Ambiental
Amazônia - Brasil
Janeiro de 2002

 
Greenpeace
Navio MV Arctic Sunrise do Greenpeace em campanha na Amazônia


Ao longo do segundo semestre de 2001, a luta contra a exploração ilegal e predatória de madeira na Amazônia ganhou novo fôlego. A chegada do navio do Greenpeace MV Arctic Sunrise aos rios amazônicos, no começo de setembro, deu início a uma série de ações e denúncias que culminaram com a suspensão de todos os planos de manejo de mogno que ainda estavam em operação. O anúncio, feito pelo Ibama no dia 05 de dezembro, é resultado da Operação Mogno, realizada na região conhecida como Terra do Meio, no estado do Pará. Na ocasião, agentes do governo federal e da política aprenderam milhares de metros cúbicos de madeira ilegal. Ativistas do Greenpeace acompanharam a operação.Os índios Deni finalmente tiveram seu direito à terra reconhecido pelo governo brasileiro, afastando de vez a ameaça de madeireiros e outros invasores. Seis dias depois da denúncia do Greenpeace sobre a exploração ilegal de madeira em território indígena Kayapó,no Pará, o coordenador da campanha da Amazônia em Manaus, AM, Paulo Adário, sofreu uma ameaça de morte. A ameaça está relacionada às denúncias contra as atividades da "máfia do mogno" na região.

Na Europa e nos Estados Unidos, os escritórios do Greenpeace estão trabalhando junto aos consumidores de mogno e de outras espécies de madeira amazônica para que as forças de mercado ajudem a impedir a devastação na Amazônia. E, no Brasil, a nova campanha publicitária do Greenpeace sobre o consumo responsável de madeira chega ao público.

11 DE SETEMBRO
Ao mesmo tempo em que o mundo se chocava ao assistir aos atentados terroristas ocorridos nos Estados Unidos, o Greenpeace realizava entrevistas coletiva a bordo do MV Arctic Sunrise. O objetivo era abrir espaço para que os líderes Deni anunciassem o início do trabalho de auto-demarcação de suas terras. A voz dos índios, que tanto esperou por uma chance de ser ouvida, foi silenciada pela destruição das torres gêmeas do Word Trade Center, em Nova York, EUA. A auto-demarcação do território Deni, um projeto pioneiro envolvendo as organizações indigenistas CIMI (Conselho Missionário Indigenista) e OPAN (Operação Amazônia Nativa), mais o apoio logístico do Greenpeace, começou em silêncio.

24 DE SETEMBRO
A campanha pública para alertar os consumidores de produtos de madeira sobre o papel que desempenham na destruição da floresta foi lançada em São Paulo. Ao contrário de que muita gente pensa, cerca de 85% da madeira extraída da Amazônia é consumida aqui, no mercado brasileiro. Com o slogan "Não leve a casa deles para a sua", a campanha mostra animais da floresta amazônica em móveis de madeira e promove a certificação FSC. Os anúncios já estão sendo publicados em diversas revistas que cederam espaço gratuitamente.

26 DE SETEMBRO
Neste dia, representantes do Greenpeace entregaram uma denúncia formal ao Ministério Público Federal (MPF), em Brasília (DF), sobre a exploração ilegal de mogno dentro do território indígena Kayapó, no sul do Pará. A denúncia continha imagens aéreas e coordenadas geográficas de um pátio à margem do rio Xingu, onde havia pilhas com centenas de toras de mogno, além de máquinas e caminhões. Uma das nossas principais demandas às autoridades responsáveis foi a investigação completa dos 13 planos de manejo de mogno ainda em operação no Pará. A finalidade era checar se a madeira está realmente sendo extraída destas áreas ou se os madeireiros apenas usam a documentação dos planos para legalizar a madeira extraída irregularmente. O Ministério Público comprometeu-se a investigar a denúncia, que resultou na suspensão de todos os planos de manejo de mogno na região.

04 DE OUTUBRO
Nos primeiros dias de outubro, ativistas protestaram contra a fábrica chinesa de compensados Compensa, instalada em Manaus. A empresa exporta produtos fabricados com madeira ilegal ou proveniente de fontes destrutivas. Um time de 25 ativistas do navio MV Arctic Sunrise estendeu uma faixa de 14 metros na marquise da fábrica com os dizeres: "Crime Amazônico". A entrada principal da empresa foi bloqueada por uma motossera inflável de seis metros, enquanto a frase "O Crime não Compensa" foi pintada no telhado.
A Compensa tem um longo histórico de envolvimento com madeira ilegal ou vinda de fontes predatórias. Na declaração de origens e volumes de madeira, entregue pela empresa ao Ibama no ano passado, verifica-se que 72,2% da madeira usada na fábrica de compensados vem de fornecedores diretamente envolvidos com madeira extraída de forma destrutiva. Outros 6% vieram de planos de manejo de terceiro, de origem duvidosa. Fornecedores tradicionais das empresa têm sido multados por negociar madeira sem documentação legal. No dia 04 de dezembro, a Compensa foi multada em R$ 11 milhões, além de ser fechada por tempo indeterminado.

10 DE OUTUBRO
Durante coletiva à imprensa realizada em Brasília (DF), o Greenpeace declarou que a recente ameaça de morte contra um de seus coordenadores de campanha não iriam intimidar a organização em sua luta para combater a
Greenpeace

Ativistas protestam contra extração ilegal de mogno
destruição da Amazônia. Na semana anterior, Paulo Adário, coordenador da campanha da Amazônia, foi ameaçado de morte por um telefonema anônimo. "Esta não é só uma séria ameaça à minha vida. Pior que isso é uma ameaça a todos aqueles que lutam para proteger a Amazônia", disse durante a conferência de imprensa. "Está evidente que a razão desta ameaça está relacionada com nossa recente investigação, quando denunciamos o corte ilegal de mogno na Amazônia. Todos sabem que o comércio de mogno no Brasil é controlado pelo crime organizado, que vem operando impunemente há muito tempo". Os ministros do Meio Ambiente, Sarney Filho, e da Justiça, José Gregori, declaram total apoio ao Greenpeace. O ex-ministro da justiça e conhecido ativista do movimento dos Direitos Humanos no Brasil, José Carlos Dias, também reiterou seu apoio à Adário, pedindo proteção policial e garantia de vida
ao diretor-geral da Polícia Federal em Brasília, Agilio Monteiro. Desde então, Paulo Adário recebeu proteção policial.

11 DE OUTUBRO
Ativistas protestaram contra o comércio de madeira de origem ilegal e predatório, um dia após a declaração de que a campanha pela proteção da Amazônia continuaria, apesar das ameaças. Dezoito ativistas de várias nacionalidades participaram do protesto no Porto de Santarém (PA), uma das principais saídas de madeira amazônica para exportação. Eles pintaram, com tinta atóxica, lotes de madeira que seriam embarcados no navio Illapel, de bandeira das Bahamas, e que seguiria para Portugal, Espanha e Holanda. Outro time do Greenpeace pintou a frase "Amazon Crime" no casco do navio. Uma motossera gigante foi inflada para pedir o fim da exploração ilegal de madeira. Duas ativistas subiram na âncora da embarcação, onde permaneceram por uma hora. A tripulação do navio reagiu com violência ao protesto pacífico, jogando objetos nos ambientalistas. Dois ativistas foram presos.
Momentos antes da ação, durante entrevista coletiva a bordo do navio MV Arctic Sunrise, o Greenpeace divulgou o relatório "Madeira Ilegal e Predatória na Região de Santarém: Um Estudo de Caso", apresentando novos dados sobre cinco empresas da região: Cemex, Curuatinga, Estância Alecrim, Madesa & Rancho da Cabocla. Essas companhias foram responsáveis, em 2000, por cerca de 72% das exportações de madeira a partir de Santarém. De acordo com as investigações do Greenpeace, elas compraram e continuam a comprar madeira de origem predatória e em, muitos casos, ilegal. O Greenpeace também deu entrada em processo no Ministério Público Federal (MPF) e no Ibama, solicitando uma investigação sobre as empresas citadas.
Uma das demandas centrais é o cancelamento dos Planos de manejo Florestal (PMF) das empresas madeireiras que estejam envolvidas com ilegalidades.

24 DE OUTUBRO
Em entrevista coletiva a bordo do MV Arctic Sunrise, em Belém (PA), o Greenpeace apresentou o relatório "Parceiros no Crime", detalhando o comércio de mogno extraído ilegalmente da Amazônia. Além de identificar os "Reis do Mogno" - grandes madeireiros envolvidos em exploração ilegal de madeira - o documento lista lojas famosas, como a Harrods (Inglaterra), que revendem produtos de mogno na Europa e nos Estados Unidos.
O relatório foi distribuído em diversos escritórios do Greenpeace para as importadoras e revendedoras de madeira. Assim, a pressão para que o mogno deixe de ser comercializado ganhou dimensão. Em resposta às denúncias feitas pelo Greenpeace, o governo federal brasileiro instituiu uma normativa suspendendo as autorizações para transporte e comércio do mogno até que as investigações fossem concluídas.

26 A 31 OUTUBRO
Durante cinco dias, um time do Greenpeace acompanhou a Operação Mogno, realizada por agentes do Ibama e da
Greenpeace

Ativista protesta contra a madeireira chinesa Compensa
polícia, em busca de mogno ilegal na região conhecida como Terra do Meio, no estado do Pará. Além do apoio logístico, o Greenpeace forneceu coordenadas geográficas dos pontos de estoque de madeira extraída ilegalmente de terras públicas, localizados entre os rios Xingu e Tapajós. A operação visitou as localidades de Humaitá, Carajari, Juvelândia e Uruará, resultando na apreensão de um total de 7.165 metros cúbicos de mogno ilegal, estimados em mais de US$ 7 milhões no mercado internacional.

04 DE DEZEMBRO
A Compensa, fábrica chinesa instalada em Manaus (AM), é fechada pelo Ibama por tempo indeterminado. A empresa também foi multada em R$ 11 milhões. A ação contra a Compensa é resultado de uma série de denúncias feitas pelo Greenpeace sobre a exploração ilegal de madeira na Amazônia.

05 DE DEZEMBRO
O governo brasileiro anuncia decisão inédita de suspender todos os Planos de manejo de mogno que ainda estavam em operação na Amazônia. A decisão, anunciada pelo presidente do Ibama, Hamilton Casara, também é resultado de denúncias do Greenpeace sobre a exploração e o comércio ilegais na Amazônia.
As únicas exceções da normativa 22, emitida pelo Ibama, são os planos de manejo de mogno, que estão passando por processo de certificação independente. A normativa do governo também condiciona a aprovação para novos planos de manejo de mogno e de outras espécies no entorno de terras indígenas e unidades de conservação à certificação florestal. A certificação é uma garantia de que a madeira está sendo extraída de forma ambiental correta, socialmente justa e economicamente viável.
O trabalho continua. Acompanhe a campanha do Greenpeace em defesa das florestas antigas do planeta pelo site. Aliás, o site da Amazônia está de cara e conteúdo novos. Com mais informação, galeria de fotos, seção de noticias e oportunidades para você participar da campanha.


Fonte: Greenpeace (www.greenpeace.org.br)
Ascom

 
 
 
 

 

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