Ao longo do segundo semestre de 2001, a luta contra
a exploração ilegal e predatória
de madeira na Amazônia ganhou novo fôlego.
A chegada do navio do Greenpeace MV Arctic Sunrise aos
rios amazônicos, no começo de setembro,
deu início a uma série de ações
e denúncias que culminaram com a suspensão
de todos os planos de manejo de mogno que ainda estavam
em operação. O anúncio, feito pelo
Ibama no dia 05 de dezembro, é resultado da Operação
Mogno, realizada na região conhecida como Terra
do Meio, no estado do Pará. Na ocasião,
agentes do governo federal e da política aprenderam
milhares de metros cúbicos de madeira ilegal.
Ativistas do Greenpeace acompanharam a operação.Os
índios Deni finalmente tiveram seu direito à
terra reconhecido pelo governo brasileiro, afastando
de vez a ameaça de madeireiros e outros invasores.
Seis dias depois da denúncia do Greenpeace sobre
a exploração ilegal de madeira em território
indígena Kayapó,no Pará, o coordenador
da campanha da Amazônia em Manaus, AM, Paulo Adário,
sofreu uma ameaça de morte. A ameaça está
relacionada às denúncias contra as atividades
da "máfia do mogno" na região.
Na Europa e nos Estados Unidos, os escritórios
do Greenpeace estão trabalhando junto aos consumidores
de mogno e de outras espécies de madeira amazônica
para que as forças de mercado ajudem a impedir
a devastação na Amazônia. E, no
Brasil, a nova campanha publicitária do Greenpeace
sobre o consumo responsável de madeira chega
ao público.
11 DE SETEMBRO
Ao mesmo tempo em que o mundo se chocava ao assistir
aos atentados terroristas ocorridos nos Estados Unidos,
o Greenpeace realizava entrevistas coletiva a bordo
do MV Arctic Sunrise. O objetivo era abrir espaço
para que os líderes Deni anunciassem o início
do trabalho de auto-demarcação de suas
terras. A voz dos índios, que tanto esperou por
uma chance de ser ouvida, foi silenciada pela destruição
das torres gêmeas do Word Trade Center, em Nova
York, EUA. A auto-demarcação do território
Deni, um projeto pioneiro envolvendo as organizações
indigenistas CIMI (Conselho Missionário Indigenista)
e OPAN (Operação Amazônia Nativa),
mais o apoio logístico do Greenpeace, começou
em silêncio.
24 DE SETEMBRO
A campanha pública para alertar os consumidores
de produtos de madeira sobre o papel que desempenham
na destruição da floresta foi lançada
em São Paulo. Ao contrário de que muita
gente pensa, cerca de 85% da madeira extraída
da Amazônia é consumida aqui, no mercado
brasileiro. Com o slogan "Não leve a casa
deles para a sua", a campanha mostra animais da
floresta amazônica em móveis de madeira
e promove a certificação FSC. Os anúncios
já estão sendo publicados em diversas
revistas que cederam espaço gratuitamente.
26 DE SETEMBRO
Neste dia, representantes do Greenpeace entregaram uma
denúncia formal ao Ministério Público
Federal (MPF), em Brasília (DF), sobre a exploração
ilegal de mogno dentro do território indígena
Kayapó, no sul do Pará. A denúncia
continha imagens aéreas e coordenadas geográficas
de um pátio à margem do rio Xingu, onde
havia pilhas com centenas de toras de mogno, além
de máquinas e caminhões. Uma das nossas
principais demandas às autoridades responsáveis
foi a investigação completa dos 13 planos
de manejo de mogno ainda em operação no
Pará. A finalidade era checar se a madeira está
realmente sendo extraída destas áreas
ou se os madeireiros apenas usam a documentação
dos planos para legalizar a madeira extraída
irregularmente. O Ministério Público comprometeu-se
a investigar a denúncia, que resultou na suspensão
de todos os planos de manejo de mogno na região.
04 DE OUTUBRO
Nos primeiros dias de outubro, ativistas protestaram
contra a fábrica chinesa de compensados Compensa,
instalada em Manaus. A empresa exporta produtos fabricados
com madeira ilegal ou proveniente de fontes destrutivas.
Um time de 25 ativistas do navio MV Arctic Sunrise estendeu
uma faixa de 14 metros na marquise da fábrica
com os dizeres: "Crime Amazônico". A
entrada principal da empresa foi bloqueada por uma motossera
inflável de seis metros, enquanto a frase "O
Crime não Compensa" foi pintada no telhado.
A Compensa tem um longo histórico de envolvimento
com madeira ilegal ou vinda de fontes predatórias.
Na declaração de origens e volumes de
madeira, entregue pela empresa ao Ibama no ano passado,
verifica-se que 72,2% da madeira usada na fábrica
de compensados vem de fornecedores diretamente envolvidos
com madeira extraída de forma destrutiva. Outros
6% vieram de planos de manejo de terceiro, de origem
duvidosa. Fornecedores tradicionais das empresa têm
sido multados por negociar madeira sem documentação
legal. No dia 04 de dezembro, a Compensa foi multada
em R$ 11 milhões, além de ser fechada
por tempo indeterminado.
10
DE OUTUBRO
Durante coletiva à imprensa realizada em
Brasília (DF), o Greenpeace declarou que
a recente ameaça de morte contra um de
seus coordenadores de campanha não iriam
intimidar a organização em sua luta
para combater a |
Greenpeace
Ativistas protestam contra extração
ilegal de mogno |
destruição
da Amazônia. Na semana anterior, Paulo Adário,
coordenador da campanha da Amazônia, foi
ameaçado de morte por um telefonema anônimo.
"Esta não é só uma séria
ameaça à minha vida. Pior que isso
é uma ameaça a todos aqueles que
lutam para proteger a Amazônia", disse
durante a conferência de imprensa. "Está
evidente que a razão desta ameaça
está relacionada com nossa recente investigação,
quando denunciamos o corte ilegal de mogno na
Amazônia. Todos sabem que o comércio
de mogno no Brasil é controlado pelo crime
organizado, que vem operando impunemente há
muito tempo". Os ministros do Meio Ambiente,
Sarney Filho, e da Justiça, José
Gregori, declaram total apoio ao Greenpeace. O
ex-ministro da justiça e conhecido ativista
do movimento dos Direitos Humanos no Brasil, José
Carlos Dias, também reiterou seu apoio
à Adário, pedindo proteção
policial e garantia de vida |
ao diretor-geral da
Polícia Federal em Brasília, Agilio Monteiro.
Desde então, Paulo Adário recebeu proteção
policial.
11 DE OUTUBRO
Ativistas protestaram contra o comércio de madeira
de origem ilegal e predatório, um dia após
a declaração de que a campanha pela proteção
da Amazônia continuaria, apesar das ameaças.
Dezoito ativistas de várias nacionalidades participaram
do protesto no Porto de Santarém (PA), uma das
principais saídas de madeira amazônica
para exportação. Eles pintaram, com tinta
atóxica, lotes de madeira que seriam embarcados
no navio Illapel, de bandeira das Bahamas, e que seguiria
para Portugal, Espanha e Holanda. Outro time do Greenpeace
pintou a frase "Amazon Crime" no casco do
navio. Uma motossera gigante foi inflada para pedir
o fim da exploração ilegal de madeira.
Duas ativistas subiram na âncora da embarcação,
onde permaneceram por uma hora. A tripulação
do navio reagiu com violência ao protesto pacífico,
jogando objetos nos ambientalistas. Dois ativistas foram
presos.
Momentos antes da ação, durante entrevista
coletiva a bordo do navio MV Arctic Sunrise, o Greenpeace
divulgou o relatório "Madeira Ilegal e Predatória
na Região de Santarém: Um Estudo de Caso",
apresentando novos dados sobre cinco empresas da região:
Cemex, Curuatinga, Estância Alecrim, Madesa &
Rancho da Cabocla. Essas companhias foram responsáveis,
em 2000, por cerca de 72% das exportações
de madeira a partir de Santarém. De acordo com
as investigações do Greenpeace, elas compraram
e continuam a comprar madeira de origem predatória
e em, muitos casos, ilegal. O Greenpeace também
deu entrada em processo no Ministério Público
Federal (MPF) e no Ibama, solicitando uma investigação
sobre as empresas citadas.
Uma das demandas centrais é o cancelamento dos
Planos de manejo Florestal (PMF) das empresas madeireiras
que estejam envolvidas com ilegalidades.
24 DE OUTUBRO
Em entrevista coletiva a bordo do MV Arctic Sunrise,
em Belém (PA), o Greenpeace apresentou o relatório
"Parceiros no Crime", detalhando o comércio
de mogno extraído ilegalmente da Amazônia.
Além de identificar os "Reis do Mogno"
- grandes madeireiros envolvidos em exploração
ilegal de madeira - o documento lista lojas famosas,
como a Harrods (Inglaterra), que revendem produtos de
mogno na Europa e nos Estados Unidos.
O relatório foi distribuído em diversos
escritórios do Greenpeace para as importadoras
e revendedoras de madeira. Assim, a pressão para
que o mogno deixe de ser comercializado ganhou dimensão.
Em resposta às denúncias feitas pelo Greenpeace,
o governo federal brasileiro instituiu uma normativa
suspendendo as autorizações para transporte
e comércio do mogno até que as investigações
fossem concluídas.
26
A 31 OUTUBRO
Durante cinco dias, um time do Greenpeace
acompanhou a Operação Mogno, realizada
por agentes do Ibama e da |
Greenpeace
Ativista protesta contra a
madeireira chinesa Compensa |
polícia,
em busca de mogno ilegal na região conhecida
como Terra do Meio, no estado do Pará.
Além do apoio logístico, o Greenpeace
forneceu coordenadas geográficas dos pontos
de estoque de madeira extraída ilegalmente
de terras públicas, localizados entre os
rios Xingu e Tapajós. A operação
visitou as localidades de Humaitá, Carajari,
Juvelândia e Uruará, resultando na
apreensão de um total de 7.165 metros cúbicos
de mogno ilegal, estimados em mais de US$ 7 milhões
no mercado internacional. |
04 DE DEZEMBRO
A Compensa, fábrica chinesa instalada em Manaus
(AM), é fechada pelo Ibama por tempo indeterminado.
A empresa também foi multada em R$ 11 milhões.
A ação contra a Compensa é resultado
de uma série de denúncias feitas pelo
Greenpeace sobre a exploração ilegal de
madeira na Amazônia.
05 DE DEZEMBRO
O governo brasileiro anuncia decisão inédita
de suspender todos os Planos de manejo de mogno que
ainda estavam em operação na Amazônia.
A decisão, anunciada pelo presidente do Ibama,
Hamilton Casara, também é resultado de
denúncias do Greenpeace sobre a exploração
e o comércio ilegais na Amazônia.
As únicas exceções da normativa
22, emitida pelo Ibama, são os planos de manejo
de mogno, que estão passando por processo de
certificação independente. A normativa
do governo também condiciona a aprovação
para novos planos de manejo de mogno e de outras espécies
no entorno de terras indígenas e unidades de
conservação à certificação
florestal. A certificação é uma
garantia de que a madeira está sendo extraída
de forma ambiental correta, socialmente justa e economicamente
viável.
O trabalho continua. Acompanhe a campanha do Greenpeace
em defesa das florestas antigas do planeta pelo site.
Aliás, o site da Amazônia está de
cara e conteúdo novos. Com mais informação,
galeria de fotos, seção de noticias e
oportunidades para você participar da campanha. |