Panorama
 
 
 

ABERTA A EXPOSIÇÃO ‘TEMPO E ESPAÇO
NA AMAZÔNIA: OS WAJÃPI’

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Março de 2002

Após um ano de preparativos com intensa participação dos Wajãpi, foi inaugurada no dia 22/03, no Museu do Índio no Rio de Janeiro, a mostra que apresenta objetos, sons, imagens e conhecimentos da cultura desse povo indígena, além de uma jurá, casa tradicional construída pelos índios nos jardins do museu. Todo o trabalho foi concebido por Dominique Gallois, antropóloga que trabalha com os Wajãpi há 25 anos.

Viajar até as aldeias dos índios Wajãpi no Estado do Amapá para entender e respeitar sua cultura e seu modo de vida. Para isso, a antropóloga Dominique Gallois dividiu em duas partes a exposição montada no Museu do Índio, da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Na primeira, o visitante se aproxima da visão de mundo dos Wajãpi, conhecendo suas festas e mitos e o olhar dos pajés. Objetos da cultura indígena, como máscaras, flautas e cantos; instalações com histórias em quadrinhos, figuras míticas e uma montagem simbolizando como os pajés vêem os animais de forma semelhante aos seres humanos; e vídeos com cenas de festas, danças, momentos do cotidiano e os vários tipos de flautas tradicionais estão entre os elementos dessa parte. Um destaque é uma animação descrevendo a cosmografia Wajãpi, ou seja, como conhecem e representam a estrutura do universo, que está ligada a noções de passado, presente e futuro.

A segunda metade da exposição está centrada no conhecimento e usos da floresta pelos Wajãpi. Adornos de plumária, elementos da vestimenta e desenhos com a arte gráfica empregada na pintura corporal e na decoração de artefatos são alguns exemplos. Textos e ilustrações nas paredes e a instalação de um "livro dos conhecimentos" mostram as formas de manejo florestal durante as estações do ano e os ciclos tradicionais de ocupação de roças, pátios, aldeias e capoeiras. Registrados em fotografias estão a divisão do trabalho entre homens e mulheres e os desafios dos Wajãpi na sua convivência com a sociedade não-indígena.

Além disso, é possível conhecer uma jurá, casa tradicional feita a partir de troncos de palmeiras e reservada ao convívio íntimo da família. A "réplica" foi construída por alguns Wajãpi no jardim do museu e contém objetos e artefatos utilizados pelas famílias no dia-a-dia.

Para as crianças, existe um programa especial, com brincadeiras ambientadas nas aldeias e na floresta dos índios da Amazônia.

Desafio e repercussão

Essa foi a primeira vez que o Museu do Índio se propôs a montar uma exposição sobre um grupo indígena específico. "Foi um desafio. Esperamos que dê aos visitantes uma idéia mais ampla do que seja um patrimônio cultural e permita entender algumas concepções de tempo e espaço na Amazônia, a partir de particularidades dos Wajãpi", explica Dominique Gallois. A antropóloga ressalta que a participação tão intensa de um grupo indígena da Amazônia na preparação de uma exposição também é inédita. Para reunir um acervo de caráter atual, os Wajãpi das 40 aldeias do Amapá produziram e selecionaram 333 objetos, como adornos, peças de vestimenta e cestarias, todos identificados com os nomes dos autores.

Segundo Dominique, a reação dos índios ao evento foi positiva, ainda que não estejam acostumados a fazer de sua música e dança um objeto de exposição, como aconteceu na abertura, com a apresentação da orquestra de flautas. A repercussão entre os visitantes tem sido muito boa. No fim de semana de abertura, 1.200 pessoas estiveram no museu, sendo que 300 se reuniram para um bate-papo com os Wajãpi no domingo.

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa (Ricardo Barretto)

 
 
 
 

 

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