As organizações
não-governamentais (ONGs) foram responsáveis,
no passado, por lutas históricas que impediram
a construção de usinas nucleares,
empreendimentos imobiliários na Juréia
e aeroporto em Caucaia do Alto, além de motivar
uma campanha internacional pela despoluição
do pólo petroquímico de Cubatão.
Essas entidades, no entanto, ainda dependem de voluntários
e de um idealismo a que faltam embasamento teórico
e técnico capaz de conferir maior eficiências
às suas ações. Por esse motivo,
suas lideranças solicitaram e obtiveram da
Secretaria Estadual do Meio Ambiente a realização
do Curso "Sustentabilidade e Fortalecimento
das Entidades Ambientalistas Paulistas", aberto
na segunda-feira (1º/4) pelo próprio
secretário José Goldemberg.
O curso, que faz parte do Programa de Apoio às
Organizações Não-Governamentais
- PROAONG, terá a duração de
cinco dias, contando com a participação
de 77 alunos inscritos por 70 entidades ambientalistas.
O professor José Goldemberg, disse na solenidade
de abertura do curso que "iniciativas como
esta têm o objetivo de identificar, por meio
de informações técnicas, quais
são os principais problemas ambientais e
quais os alvos que devem ser atacados". E prosseguiu:
"Espero que, depois deste curso, os participantes
passem a ter o conhecimento necessário sobre
a situação ambiental de nosso Estado
e aumentem a pressão sobre os órgãos
corretos, na busca das soluções."
O secretário encerrou a sua participação
citando o fato histórico de que "os
romanos qualificavam de bárbaros os povos
que, em sua cidade, não dispunham de sistema
de água e esgoto", para mostrar que
a preocupação com o meio ambiente
é antiga. "Esse fato era tão
importante que um comandante romano, ao render a
cidade de Siracusa, chorou ao subir em suas muralhas.
Quando um de seus soldados indagou do porquê
das lágrimas, ele respondeu: 'Em seis horas,
no lugar de uma cidade construída por nós,
onde corria água e esgoto, correra um mar
de sangue...'".
Capacitação das
ONGs
Para Nelson Pedroso, presidente
da Associação Global de Desenvolvimento
Sustentado, de São Bernardo do Campos, a
proposta de capacitação das ONGs é
importante, pois contribui para atualizar as informações
sobre a questão ambiental.
"O curso nos leva a refletir sobre os problemas
que ocorrem nos nossos dias, com o depoimento de
especialistas que atuam em diversas esferas governamentais."
Hellen de Oliveira, do Grupo Gaivotas, da cidade
de Itanhaém, disse que o encontro possibilita
o intercâmbio entre todos os ambientalistas.
"Este curso é a democratização
da informação, onde os representantes
dos pequenos grupos também podem ter acesso
a dados sobre a realidade ambiental de nosso Estado",
afirmou
Palestras
Ao longo
do evento, os participantes assistirão a
palestras sobre diversos temas, propostos pelas
próprias organizações, como
Mudanças Climáticas, Protocolo de
Kyoto, Protocolo de Montreal, Proteção
da Camada de Ozônio, Agenda 21, Desenvolvimento
Sustentável, Elaboração de
Projetos Sócio-Ambientais, Captação
de Recursos no Fundo Nacional do Meio Ambiente -
FNMA e Fundo Estadual de Recursos Hídricos
- FEHIDRO, Legislação Ambiental, Licenciamento
e Autorizações Ambientais.
Na sexta-feira, último dia do curso, acontecerá
um debate, às 16 hs, sobre Resíduos
Industriais e Áreas Contaminadas, aberto
a todos os interessados, no auditório da
Secretaria Estadual do Meio Ambiente, localizado
na Avenida Professor Frederico Hermann Jr., 345,
Alto dos Pinheiros.