O Projeto Pomar será ampliado
para as margens do Rio Tietê. Após
a conclusão do trabalho de revegetação
de 28 quilômetros nas duas margens do Rio
Pinheiros, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente
está concluindo negociações
com a CESP - Companhia Energética de São
Paulo, que será a primeira empresa-parceira
do programa nos trabalhos de recuperação
paisagística dos 25,5 quilômetros de
margens do trecho urbano do Tietê, entre o
Cebolão e a Barragem da Penha.
O anúncio foi feito hoje (2/7) pelo secretário
estadual do Meio Ambiente, professor José
Goldemberg, na abertura do Workshop Matas Ciliares:
Contribuições para o Planejamento
Estratégico do Programa de Repovoamento Vegetal
do Estado de São Paulo, que reuniu técnicos
e especialistas, promovendo a articulação
e a integração das instituições
que desenvolvem atividades relacionadas à
recuperação desse tipo de cobertura
vegetal.
Segundo Helena Carrascosa von Glehn, coordenadora
do Projeto Pomar, o início de plantio do
primeiro trecho, ainda a ser definido, deverá
coincidir com o início do período
de chuvas, no final do ano. O plantio nos demais
trechos serão programados a partir do conhecimento
do cronograma de obras do programa de rebaixamento
da calha do rio, sob responsabilidade do DAEE -
Departamento de Águas e Energia Elétrica.
A recuperação das margens do Pinheiros
e Tietê fazem parte do total de 1,3 milhão
de hectares de áreas de matas ciliares existentes
no Estado de São Paulo que precisam ser recompostas.
Segundo informações do coordenador
de Informações Técnicas, Documentação
e Pesquisa Ambiental (CINP), da Secretaria Estadual
do Meio Ambiente, Luiz Mauro Barbosa, se for levado
em conta a atual produção de mudas,
em torno de 13 milhões/ano, "levaríamos
aproximadamente 200 anos para recompor todas as
áreas de matas ciliares no Estado".
Na opinião do pesquisador, o quadro exige
que se amplie a diversidade de espécies utilizadas
nos programas de reflorestamento, incrementar pesquisas
e o desenvolvimento de tecnologia de produção
de sementes e estimular a integração
entre os órgãos de governo, instituições
de pesquisa, empresas de reflorestamento e entidades
preservacionistas.
"Temos que aglutinar as informações
disponíveis, as experiências e as prioridades,
além de orientação técnica
e fiscalização, para apoiar as ações
dos orgãos de fomento, procedendo a um adequado
acompanhamento dos projetos de reflorestamento heterogêneo
com espécies nativas", disse Luiz Mauro
Barbosa.
Foram montados quatro grupos de trabalho, formados
por engenheiros agrônomos, geólogos,
pesquisadores científicos e outros, que discutiram
questões como critérios e diretrizes
para a definição de áreas prioritárias
para programas de recomposição das
matas ciliares; escolha de espécies e metodologias
de produção de sementes e de colheita;
o levantamento da capacidade instalada e efetiva
dos viveiros públicos e privados; mecanismos
que viabilizariam a adesão de proprietários
rurais em programas de recuperação;
e fontes de recursos para financiamento, entre outros
assuntos.
Diversas iniciativas já foram desenvolvidas
pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente para aumentar
a área de mata ciliar. Recentemente, foi
criado o Programa de Repovoamento Vegetal do Estado
de São Paulo, que veio a se somar ao programa
de incentivo à produção de
madeira de lei e a uma resolução,
de novembro de 2001, que definiu ações
para o reflorestamento de áreas degradadas.
"São decisões políticas
como estas que podem representar avanços
importantes e necessários ao desenvolvimento
sustentável, especialmente quando se destaca
que, na prática, poucos acordos realizados
na Conferência das Nações Unidas
para o Meio Ambiente, em 1992, no Rio de Janeiro,
tiveram desdobramentos favoráveis",
observa Luiz Mauro.