Panorama
 
 
 

TRANSPORTE DE PLUTÔNIO AMEAÇA OS OCEANOS

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Agosto de 2002

Pode até parecer roteiro de ficção científica, mas é a mais pura – e preocupante - realidade. O plutônio é conhecido como uma das substâncias mais perigosas já manipuladas pelo homem, como uma meia vida (tempo necessário para que se reduza à metade a radiotividade de um material) de 24 mil anos. Um acidente envolvendo esta carga pode causar uma catástrofe sem precedentes na história: o plutônio pode se dispensar nos oceanos e costas envenenando as pessoas e o meio ambiente.

Comércio internacional irresponsável

E como é possível que, em plena Copa do Mundo, esse transporte estivesse acontecendo quando toda a segurança estava voltada para o evento? A resposta está na irresponsabilidade da indústria nuclear. No mundo contemporâneo globalizado, o resíduo nuclear virou objeto de um comércio internacional totalmente irresponsável, onde o interesse de poucos países impõe terror e ameaça a muitos outros. Ou seja, não há justificativas consistentes para esse transporte. Ele só está ocorrendo devido a uma falsificação praticada pela BNFL (Britsh Nuclear Fuel Ltd.) – a empresa inglesa que vendeu MOX (óxido misto de urânio e plutônio) para a japonesa Kansai Eletric – nas normas de segurança internacionais que regulam o translado desse tipo de material. O plutônio, na forma de MOX, foi enviado em 1999 pelos britânicos para ser usado nas usinas nucleares japonesas.

O que o Brasil tem a ver com isso?

O Brasil deve ficar preocupado, pois para os navios seguirem do Japão para a Inglaterra, existem três opções possíveis: pelo Oceano Pacífico, via Mar da Tasmânia, Cabo da Boa Esperança e Oceano Atlântico; e ainda pelo Oceano Pacífico, via Cabo Horn. Caso essa última opção seja adotada, os navios vão atravessar toda a costa brasileira. É fundamental que o Governo do Brasil diga não à passagem destes navios pelas nossas águas, evitando riscos para nosso povo e nossa natureza.

Após o governo japonês descobrir a falsificação, a carga ficou retida no Japão. Em 26 de abril deste ano, os navios partiram da Inglaterra rumo ao Japão para buscá-la.

A arrogância e a irresponsabilidade da indústria nuclear ao realizar essa sinistra viagem é inaceitável, principalmente após o trágico atentado de 11 de setembro, em Nova York, que demonstrou o caráter destrutivo e inconseqüente a que extremistas podem chegar. Por isso, o Greenpeace pediu não só às autoridades, mas também à sociedade civil, que se mobilizassem a fim de impedir mais esse desatino da indústria nuclear. O Greenpeace contou com a aparição de todos nas várias cyberações elaboradas exclusivamente para este caso.

Japão e Inglaterra: uma ameaça à segurança global

O Greenpeace realizou, no dia 19 de junho, um protesto em frente ao Consulado japonês em São Paulo. A manifestação, em clima de Copa do mundo, consistiu em um jogo de futebol com jogadores vestidos com as bandeiras do Japão e da Inglaterra, uma bola com o símbolo do perigo nuclear e um juiz vestido de morte. O protesto bem-humorado reuniu cerca de 15 ativistas e terminou com a entrega de um cartão vermelho e uma carta ao Cônsul do Japão, Sr. Kyotaka Akasaka, pedindo que o governo japonês suspendesse o transporte de plutônio.

As Flotilhas

O navio do Greenpeace Artic Sunrise se preparou para capitanear flotilhas de protesto contra o transporte nuclear, seja qual for a rota adotada pelos navios. Caso eles sigam pelo Mar do Pacífico e da Tasmânia, o carregamento deverá passar pela zona de protesto. Pelo menos oito barcos deverão estar se preparando na Austrália, Vanuatu e Nova Zelândia para formar uma corrente simbólica de protesto nas águas internacionais do mar do Pacifico e da Tasmânia.

Já se os navios seguirem pelo cabo Horn, os cinco barcos que compõem esta flotilha enfrentarão bravamente o inverno de Horn para enviar suas mensagens de protesto. E seja qual for a rota escolhida para chegar ao Reino Unido, o carregamento terá de passar pelo Mar da Irlanda, onde será recebido por uma grande flotilha irlandesa.

“O movimento de flotilhas cresceu em apenas um ano”, disse Bernard Kuczera, da flotilha do Pacífico. “Marinheiros ao redor de todo o mundo estão se unindo aos estados costeiros que já estão protestando contra esses carregamentos absolutamente desnecessários e perigosos”, completou.

O que você pode fazer

Acompanhe no site do Greenpeace os últimos acontecimentos da campanha.
Envie seu protesto aos governos do Japão e da Inglaterra pedindo que o comércio de plutônio seja definitivamente interrompido.

Plutônio na minha praia, não!!!!!!!!!

 
 
Fonte: Greenpeace (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa
 
 
 
 
 
 

 

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