Pode até parecer roteiro
de ficção científica, mas é
a mais pura – e preocupante - realidade. O plutônio
é conhecido como uma das substâncias
mais perigosas já manipuladas pelo homem,
como uma meia vida (tempo necessário para
que se reduza à metade a radiotividade de
um material) de 24 mil anos. Um acidente envolvendo
esta carga pode causar uma catástrofe sem
precedentes na história: o plutônio
pode se dispensar nos oceanos e costas envenenando
as pessoas e o meio ambiente.
Comércio internacional
irresponsável
E como é possível
que, em plena Copa do Mundo, esse transporte estivesse
acontecendo quando toda a segurança estava
voltada para o evento? A resposta está na
irresponsabilidade da indústria nuclear.
No mundo contemporâneo globalizado, o resíduo
nuclear virou objeto de um comércio internacional
totalmente irresponsável, onde o interesse
de poucos países impõe terror e ameaça
a muitos outros. Ou seja, não há justificativas
consistentes para esse transporte. Ele só
está ocorrendo devido a uma falsificação
praticada pela BNFL (Britsh Nuclear Fuel Ltd.) –
a empresa inglesa que vendeu MOX (óxido misto
de urânio e plutônio) para a japonesa
Kansai Eletric – nas normas de segurança
internacionais que regulam o translado desse tipo
de material. O plutônio, na forma de MOX,
foi enviado em 1999 pelos britânicos para
ser usado nas usinas nucleares japonesas.
O que o Brasil tem a ver com isso?
O Brasil deve ficar preocupado,
pois para os navios seguirem do Japão para
a Inglaterra, existem três opções
possíveis: pelo Oceano Pacífico, via
Mar da Tasmânia, Cabo da Boa Esperança
e Oceano Atlântico; e ainda pelo Oceano Pacífico,
via Cabo Horn. Caso essa última opção
seja adotada, os navios vão atravessar toda
a costa brasileira. É fundamental que o Governo
do Brasil diga não à passagem destes
navios pelas nossas águas, evitando riscos
para nosso povo e nossa natureza.
Após o governo japonês descobrir a
falsificação, a carga ficou retida
no Japão. Em 26 de abril deste ano, os navios
partiram da Inglaterra rumo ao Japão para
buscá-la.
A arrogância e a irresponsabilidade da indústria
nuclear ao realizar essa sinistra viagem é
inaceitável, principalmente após o
trágico atentado de 11 de setembro, em Nova
York, que demonstrou o caráter destrutivo
e inconseqüente a que extremistas podem chegar.
Por isso, o Greenpeace pediu não só
às autoridades, mas também à
sociedade civil, que se mobilizassem a fim de impedir
mais esse desatino da indústria nuclear.
O Greenpeace contou com a aparição
de todos nas várias cyberações
elaboradas exclusivamente para este caso.
Japão e Inglaterra: uma
ameaça à segurança global
O Greenpeace realizou, no dia
19 de junho, um protesto em frente ao Consulado
japonês em São Paulo. A manifestação,
em clima de Copa do mundo, consistiu em um jogo
de futebol com jogadores vestidos com as bandeiras
do Japão e da Inglaterra, uma bola com o
símbolo do perigo nuclear e um juiz vestido
de morte. O protesto bem-humorado reuniu cerca de
15 ativistas e terminou com a entrega de um cartão
vermelho e uma carta ao Cônsul do Japão,
Sr. Kyotaka Akasaka, pedindo que o governo japonês
suspendesse o transporte de plutônio.
As Flotilhas
O navio do Greenpeace Artic Sunrise
se preparou para capitanear flotilhas de protesto
contra o transporte nuclear, seja qual for a rota
adotada pelos navios. Caso eles sigam pelo Mar do
Pacífico e da Tasmânia, o carregamento
deverá passar pela zona de protesto. Pelo
menos oito barcos deverão estar se preparando
na Austrália, Vanuatu e Nova Zelândia
para formar uma corrente simbólica de protesto
nas águas internacionais do mar do Pacifico
e da Tasmânia.
Já se os navios seguirem pelo cabo Horn,
os cinco barcos que compõem esta flotilha
enfrentarão bravamente o inverno de Horn
para enviar suas mensagens de protesto. E seja qual
for a rota escolhida para chegar ao Reino Unido,
o carregamento terá de passar pelo Mar da
Irlanda, onde será recebido por uma grande
flotilha irlandesa.
“O movimento de flotilhas cresceu em apenas um ano”,
disse Bernard Kuczera, da flotilha do Pacífico.
“Marinheiros ao redor de todo o mundo estão
se unindo aos estados costeiros que já estão
protestando contra esses carregamentos absolutamente
desnecessários e perigosos”, completou.
O que você pode fazer
Acompanhe no site do Greenpeace
os últimos acontecimentos da campanha.
Envie seu protesto aos governos do Japão
e da Inglaterra pedindo que o comércio de
plutônio seja definitivamente interrompido.
Plutônio na minha praia,
não!!!!!!!!!