Panorama
 
 
 

ENCONTRO DISCUTE DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL DO LITORAL NORTE

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Novembro de 2002

Os quatro municípios do Litoral Norte do Estado de São Paulo apresentaram alguns avanços na área da saúde, como a redução dos níveis de mortalidade infantil tardia (entre os 29 dias e um ano), mas os indicadores apontam a redução do número de leitos hospitalares como um dos graves problemas a serem enfrentados. Em São Sebastião, há apenas 1,9 leito por mil habitantes, enquanto a Organização Mundial da Saúde considera necessário pelo menos 4 leitos por mil habitantes.

Segundo a médica Denise Maria Formaggia, da Secretaria da Saúde do Estado, essa situação se torna ainda mais preocupante quando se leva em consideração o aumento de casos de dengue apontando para a ocorrência de casos do tipo hemorrágico já no próximo verão.

Este foi um dos pontos levantados na última segunda-feira (04/11), no primeiro dia do encontro organizado pela Coordenadoria de Planejamento Ambiental, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente - SMA, em Caraguatatuba, visando reunir propostas para a elaboração do Plano de Ação e Gestão para o Desenvolvimento Sustentável do Litoral Norte, com a participação de representantes de órgãos estaduais e municipais e de entidades da sociedade civil.

O evento, que tem o apoio do Ministério do Meio Ambiente e da organização não-governamental Ambiental Litoral Norte, prossegue com a reunião de grupos de trabalho nesta terça-feira (05) e a elaboração de um documento final na quarta-feira (06) com as propostas para o Plano de Desenvolvimento Sustentável da região.

Ocupação urbana

A primeira palestra do encontro foi apresentada pelo geógrafo René de Novaes Jr., do Departamento de Sensoriamento Remoto da INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que falou sobre a expansão da mancha urbana e a interiorização do processo de ocupação que vem ocorrendo nos municípios de Ubatuba, Ilhabela, Caraguatatuba e São Sebastião desde a década de 60 até os dias de hoje.

Lembrando que os primeiros núcleos habitacionais tiveram origem nos séculos XVI e XVII com as atividades portuárias, René destacou que a aceleração desse processo ocorreu principalmente nas décadas de 80 e 90, período de crescimento da economia brasileira, e voltou a um ritmo mais lento nos últimos anos, também em função do momento econômico.

A redução do ritmo da ocupação da costa norte paulista, no entanto, não representou redução das demandas ou na diminuição dos problemas, como mostrou o economista Paulo Bertarello Neto, da Coordenadoria de Planejamento Ambiental, da SMA. Segundo o economista, alguns indicadores mostram alguma melhoria em setores como educação e expectativa de vida, enquanto outros empurram os municípios para os últimos lugares no "ranking" estadual do Índice de Desenvolvimento Humano.

A própria interiorização do processo de ocupação é resultado do agravamento da crise de empregos. "O retorno da população que havia migrado para o pólo industrial do Vale do Paraíba, acabou empurrando as famílias para a chamada zona rural, não para a retomada das atividades agrícolas, mas apenas como opção de moradia mais barata."

Este fenômeno se soma a outro, gerado pelo crescimento urbano e, conseqüentemente, pelo incremento da construção civil, que trouxe trabalhadores temporários para a região e acabou provocando a ocupação precária e predatória das encostas, ultrapassando os limites do Parque Estadual da Serra do Mar.

Esse tipo de ocupação foi um dos aspectos abordados por Luís Roberto Numa de Oliveira, do Instituto Florestal, ao falar sobre "Gestão Ambiental de Áreas Protegidas", apontando as dificuldades nas unidades de conservação, como o controle da visitação; os conflitos com as comunidades que já viviam nas áreas antes da demarcação dos parques; a falta de regulamentação da Lei de Crimes Ambientais; a situação fundiária que envolve a falta de escrituração em nome do Estado em determinados casos e a ocorrência de grilagem ou de processos que resultam em precatórios milionários contra o Poder Público.

Saneamento

Outro avanço positivo foi mostrado pelo superintendente da Unidade de Negócios do Litoral Norte, da SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, João Carlos Simões, que mostrou os investimentos que vêm sendo realizados nos últimos anos pelo governo, para a ampliação da oferta de água e da coleta de esgotos beneficiando uma parcela significativa da população.

O efeito mais imediato desse trabalho pode ser observado nos números apresentados pela bióloga Claudia Lamparelli, responsável pela análise de balneabilidade das praias paulistas na CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Com uma rede de monitoramento que atinge os 15 municípios litorâneos do Estado, com 150 pontos de amostragem em 124 praias, a técnica constatou que a qualidade das praias paulistas apresentou uma melhora significativa nos últimos dez anos.

Mas mostrou também que houve ligeira queda na qualidade, se comparados os dados registrados em 2000 e 2001. Naquele ano, as medições indicaram que 43% das praias apresentaram classificação regular, 29% boa, 25% ótima e 3% má. No ano seguinte, 38% obtiveram classificação regular, 27% boa e 5% má. Mas houve um crescimento nas classificadas como ótima, que passaram de 25% em 2000 para 27% em 2001. Segundo a técnica, a melhoria da qualidade deve ser atribuída ao programa de implantação das redes de esgoto e a piora no aumento da contaminação por coliformes fecais dos cursos de água que desembocam nas praias.

A palestra sobre "Gestão de Resíduos Sólidos", por Lady Virginia Traudi, também foi resultado de um minucioso trabalho realizado pela CETESB, em todo o Estado. Segundo a técnica, as regiões foram priorizadas levando em conta fatores como os níveis de ocupação e de recursos naturais com interesse de preservação e resultaram em propostas que estabelecem alguns cenários para a adoção de soluções mais indicadas.

No caso do Litoral Norte, o cenário selecionado levou em consideração a vida útil das áreas disponíveis, a distância e a viabilidade de transporte entre os municípios, o custo para a implantação e operação e o custo total para a gestão integrada entre os municípios, envolvendo destinação em aterros, compostagem dos resíduos orgânicos, coleta seletiva e reciclagem.

 
 
Fonte: SMA – Secretaria Estadual do Meio Ambiente de São Paulo (www.ambiente.sp.gov.br)
Assessoria de imprensa (Eli Serenza)
 
 
 
 
 
 

 

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