IBAMA CRIA CÂMARA TÉCNICA
DE CAVERNAS EM SÃO PAULO
Panorama Ambiental
São Paulo - Brasil
Novembro de 2002
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Para regulamentar a pesquisa,
a exploração turística e fiscalizar
o uso das 424 cavernas no Estado de São Paulo será
criada a Câmara Técnica Estadual de Cavernas.
A informação foi dada pelo gerente-executivo
do Ibama no Estado de São Paulo, Wilson Lima, que
participou ontem (30) de um encontro com especialistas promovido
pelo Ibama, para minimizar os impactos ao patrimônio
espeleológico do Estado. A Câmara Técnica
será formada por representantes do Ibama, sociedade
civil, e dos órgãos estaduais e municipais
de meio ambiente. "O que importa agora é buscar
um regime de parceria entre os governos federal, estadual
e municipais, como ainda usuários e interessados,
para a elaboração do plano de manejo e administração
conjunta deste importante patrimônio espeleológico
brasileiro", ressaltou.
Segundo Lima, o núcleo estadual do Centro Nacional
de Estudo, Proteção e Manejo de Cavernas (Cecav)
do Ibama, em parceria com a Sociedade Brasileira de Espeleologia
(SBE), realizará um diagnóstico e um inventário
das cavernas no Estado de São Paulo. De acordo com
dados da SBE, o Brasil possui cerca de 3.251 cavernas cadastradas,
sendo 424 no Estado de São Paulo, que representa
13,04% do total. São Paulo é o quarto em número
de cavernas, perdendo para Minas Gerais (1.186), Goiás
(484) e Bahia (474). Só na região do Parque
Estadual Turístico do Alto Ribeira (Petar), no Vale
do Ribeira, há 197 delas. O município de Iporanga
concentra 284 cavernas, seguido de Apiaí (42), Eldorado
(10), Altinópolis (8) e Ribeira (8).
A principal ameaça ao patrimônio espeleológico
hoje é o turismo descontrolado, segundo Clayton Ferreira
Lino, do Conselho Deliberativo da SBE. "Antes o maior
problema das cavernas era a mineração de calcário
e de metais pesados, e o vandalismo nas décadas de
60 e 70. Mas hoje as cavernas estão sendo destruídas
pelo turismo de massa disfarçado de ecoturismo",
disse. Ele citou o excesso de visitação na
Caverna de Santana, no Petar, onde há filas e congestionamentos
para entrar. O parque abriga diversas espécies da
fauna cavernícola, como o bagre-cego, endêmico
da região de Iporanga. "Há pessoas recebendo
dinheiro para descobrir novas cavernas para colocar à
disposição de alguns grupos de visitação",
afirmou.
O gerente do Cecav, Ricardo Marra, informou que o Ibama
irá monitorar as cavernas dos municípios de
Itararé, Itirapira e da região do Petar, onde
a visitação é mais acentuada. Ele disse
ainda que o Ibama, em parceria com a SBE e prefeituras,
desenvolverá projetos de educação ambiental
junto aos núcleos urbanos, e orientar sobre as cavernas
que podem ser exploradas turisticamente e de que forma.
"Já iniciamos este processo nos estados da Bahia,
Mato Grosso do Sul e Minas Gerais".
O Cecav foi criado em 1997 para normatizar, fiscalizar e
controlar o uso das cavernas no país. Ele implementa
em âmbito nacional o princípio da conservação
das cavernas, facilitando o acesso ao público formado
por pesquisadores, cientistas e ecoturistas. A primeira
reunião do núcleo estadual do Cecav em São
Paulo reuniu grupos de espeleologia, representantes do Instituto
de Geociência e o de Biociências da USP, Instituto
Florestal, SBE, prefeituras de Altinópolis, Eldorado,
Itararé, Departamento Nacional de Produção
Mineral (DNPM), Petar, e Instituto do Patrimônio Histórico,
Artístico e Natural (Iphan).
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
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