A partir
de agora, os cuidados com o meio ambiente fazem
parte, oficialmente, da pedagogia nas escolas da
rede estadual. A nova prática pedagógica,
que será será subsidiada pelas Associações
de Pais e Mestres (APMs) e introduzida inicialmente
em 390 escolas estaduais do interior do estado,
está sendo possível graças
à parceria selada neste dia 20/11 entre as
Secretarias de Estado do Meio Ambiente e da Educação,
em cerimônia realizada no auditório
da sede da Secretaria estadual da Educação,
em São Paulo. O evento, que reuniu cerca
de 600 pessoas, foi marcado pelo lançamento
do Programa de Coleta Seletiva e Educação
Ambiental, pelos secretários estaduais do
Meio Ambiente, Professor José Goldemberg,
e da Educação, Gabriel Chalita.
O programa, que inicialmente será efetivado
em 390 escolas dos municípios de Americana,
Santa Bárbara D`Oeste, Bragança Paulista,
Bom Jesus dos Perdões, Capivari, Tietê,
Cordeirópolis, Iracemápolis, Rio Claro,
Santa Gertrudes, Charqueada, São Pedro, Iaras,
Santo André, Cubatão, São José
dos Campos, Sumaré e Capela do Alto, deverá
ser gradativamente ampliado até que envolva
todas as 6.100 escolas do Estado de São Paulo.
A parceria entre as duas secretarias se dará
da seguinte forma: da parte da Secretaria do Meio
Ambiente (SMA), técnicos da Coordenadoria
de Educação Ambiental - CEAM promoverão
cursos de capacitação dos professores,
diretores, supervisores, assistentes técnicos
pedagógicos e dirigentes de ensino.
Estes, por sua vez, transmitirão todo conhecimento
sobre coleta seletiva, reciclagem e reaproveitamento
do lixo a aproximadamente 6 milhões de alunos
matriculados na rede estadual de ensino. Os educadores
receberão um "kit" de divulgação,
com cartazes sobre o tema "Tempo de decomposição
de alguns materiais na natureza" e publicações
como o "Guia Pedagógico do Lixo, Coleta
Seletiva na Escola e Lixo: uma possibilidade de
todos nós".
"Ações técnicas e educativas
em relação à questão
do lixo são importantes. Mas quem promoverá
a verdadeira mudança são vocês,
educadores, que terão a responsabilidade
de formar a consciência ambiental nos alunos
e melhorar a qualidade de vida", afirmou o
secretário José Goldemberg, para uma
platéia repleta de diretores e professores
da rede pública de ensino.
A mesma opinião foi compartilhada pelo secretário
Gabriel Chalita, que, ao defender o conceito de
"escola-cidadã", acrescentou que
"a idéia é estimular a criação
de programas voltados ao resgate de valores ligados
à vivência da cidadania. Dessa forma,
o aluno poderá se envolver na concepção
e no desdobramento de numerosos projetos, por meio
de um comportamento pró-ativo, responsável
e cooperativo. O papel da escola hoje é muito
mais amplo e complexo do que há algumas décadas.
Cabe a ela não só ensinar, mas auxiliar
a formar o cidadão", observou.
Situação dos resíduos
O Estado de São Paulo produz
hoje cerca de 20 mil toneladas/dia de lixo, segundo
dados do último inventário anual de
resíduos sólidos produzido pela CETESB
- Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
e apresentado no evento, pelo eng. Fernando Volmer.
Apesar do grande volume produzido, o lixo doméstico
gerado tem sido melhor disposto no ambiente, em
comparação com os dados levantados
no inventário produzido entre 1997 e 1998.
Em 2000 (ano-base do último inventário),
o número de aterros inadequados reduziu em
31,1%. No entanto, este último relatório
apresenta uma estatística social preocupante:
o aumento do número de catadores nos aterros,
com o registro da presença de 3.238 catadores
adultos e 448 adolescentes e crianças, com
idade até 14 anos, totalizando cerca de mil
pessoas a mais que no ano anterior.
Estes números reforçam ainda mais
a necessidade de se implantar programas de reciclagem
e reaproveitamento do lixo gerado. Dados levantados
por uma comissão da ABIQUIM - Associação
Brasileira da Indústria Química indicam
a existência de 180 empresas de reciclagem
instaladas na Grande São Paulo, em 39 municípios.
Juntas, respondem por aproximadamente 13 mil toneladas/mês
de material reciclado. Os plásticos pós-consumo
são responsáveis por 49% do total
gerado, hoje em torno de 6,5 mil toneladas mensais.
Coleta Seletiva e Reciclagem
Um total de 35% dos detritos que
acabam indo para os aterros são compostos
por materiais que poderiam ser reutilizados ou reciclados,
afirma Irene Sabiá, da CEAM. "Numa sociedade
em que a cultura do descarte seletivo ainda é
incipiente, não resta dúvida",
observa a pedagoga, "de que a escola, formadora
das novas gerações e incentivadora
da educação cidadã, pode exercer
um papel importante na reversão desse quadro".
O material de capacitação distribuído
pela SMA mostra, claramente aos alunos, a diferença
entre coleta seletiva e reciclagem. A coleta seletiva
é um sistema de recolhimento de materiais
recicláveis: papéis, plásticos,
vidros, metais e orgânicos, previamente separados
na fonte geradora e que podem ser reutilizados ou
reciclados. A coleta seletiva funciona, também,
como um processo de educação ambiental
na medida em que sensibiliza a comunidade sobre
os problemas do desperdício de recursos naturais
e da poluição causada pelo lixo.
Já a reciclagem é o processo de transformação
de um material, cuja primeira utilidade terminou,
em outro produto; por exemplo: transformar o plástico
da garrafa PET em cerdas de vassoura ou fibras para
"moleton". A reciclagem gera economia
de matérias-primas, água e energia,
é menos poluente e alivia os aterros sanitários,
cuja vida útil é aumentada, poupando
espaços preciosos da cidade que poderiam
ser usados para outros fins como parques, casas
e hospitais, entre outros.