IBAMA DIVULGA RELATÓRIO
DE OPERAÇÃO
E ANUNCIA CAMPANHA EDUCATIVA SOBRE AGROTÓXICOS
Panorama Ambiental
São Paulo - Brasil
Dezembro de 2002
|
|
Produtos irregulares podem contaminar
Aqüífero Guarani
Vistoria em 261 propriedades
rurais e 33 revendedores, com a aplicação
de multas no valor de R$ 950 mil, e a recomendação
de fiscalizações periódicas, são
as principais conclusões do relatório da "Operação
Agrotóxico", realizada pelo Ibama, em Mato Grosso
do Sul, no período de 04 a 20 de novembro. O diretor
de Proteção Ambiental, do Instituto, em Brasília,
Luciano de Meneses Evaristo, aproveitou ainda para anunciar
a campanha de educação ambiental sobre o uso
de agrotóxicos, que estará sendo lançada
pelo Ibama, na próxima semana, em Campo Grande.
A operação contou com a participação
de 21 agentes do Ibama, de Brasília e Mato Grosso
do Sul e teve como principais objetivos, monitorar a quantidade,
a forma de aplicação, a qualidade e procedência
dos defensivos agrícolas aplicados na região.
Foi avaliado também o impacto ambiental decorrente
da aplicação de agroquímicos nessas
áreas, além da utilização de
produtos ilegais em lavouras no Estado de Mato Grosso do
Sul. Os agentes do Instituto atuaram coibindo a utilização,
transporte, armazenagem e comercialização
de produtos agrotóxicos em desacordo com as exigências
estabelecidas nas leis, em propriedades agrícolas
e distribuidores de insumos agropecuários e, mais
que fiscalizar, buscaram orientar e incentivar os agricultores,
pecuaristas, revendedores e entidades públicas e
privadas sobre a correta destinação de embalagens
vazias de agrotóxicos e afins. Contaminação
do Aqüífero Guarani
A utilização dos agrotóxicos irregulares
acarreta uma série de problemas, como por exemplo,
o risco oferecido ao meio ambiente pela falta de controle
das impurezas presentes, como as dioxinas. Por outro lado,
a falta de informações no rótulo e
bula, sobre a ecotoxidade do produto, a ausência de
informações sobre o descarte correto da embalagem,
a falta de informações em caso de acidentes,
a ausência de receituário agronômico
e a Fitotoxidade, além da falta de orientações
para primeiros socorros em caso de intoxicação
e sobre os cuidados com a aplicação do produto,
são problemas que podem atingir à saúde
humana e a contaminação ambiental. No caso
específico do Estado de Mato Grosso do Sul, existe
ainda o risco de contaminação do Aqüífero
Guarani, considerado o maior reservatório de água
potável do mundo, capaz de abastecer o Brasil por
2.500 anos. Conta ainda que o aqüífero é
compartilhado por mais três países do Mercosul
- Uruguai, Paraguai e Argentina. - e, portanto, trata-se
de água internacional.
O coordenador geral de Fiscalização Ambiental
do Ibama, Júlio Silva de Oliveira, explicou que a
utilização de agrotóxicos irregulares
ameaça o meio ambiente e também a saúde
da população e que por causa disso a fiscalização
do Ibama vai ter continuidade em todos os estados onde exista
a suspeita da utilização destes produtos.
"Os agrotóxicos contrabandeados em geral vem
da China e entram pela fronteira com o Paraguai. Em caso
de contaminação de pessoas fica difícil
o médico tomar providências, pois não
há informações nos ministérios
da Agricultura, Saúde e Meio Ambiente sobre os produtos",
explica o coordenador. Ele garante que o Ibama, como órgão
do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama), tem poder
de polícia administrativa para aplicação
da Lei de Crimes Ambientais. "Assim, a visita às
propriedades rurais durante a fiscalização
é legal e vai continuar acontecendo", conclui.
Nos 17 dias da Operação Agrotóxico
foram visitadas propriedades nos municípios de São
Gabriel do Oeste, Chapadão do Sul, Costa Rica, Alto
Taquari, Coxim, Pedro Gomes, Sidrolândia, Maracaju,
Dourados, Rio Brilhante, Caarapó, Laguna Carapã,
Ponta Porá, Amambaí, Aral Moreira, Bela Vista,
Fátima do Sul, Antônio João, Itaporã
e Douradina. Das 261 propriedades rurais vistoriadas, 22
foram autuadas por utilização de produtos
irregulares (agrotóxicos contrabandeados) e descarte
inadequado de embalagens. O coordenador da operação
em Mato Grosso do Sul, analista ambiental, José Aníbal
Batista, do Ibama, esclareceu que além de não
terem registro nos ministérios da Agricultura, Saúde
e Meio Ambiente, os agrotóxicos irregulares não
foram avaliados quanto à periculosidade ambiental.
"Não se tem nenhuma informação
quanto à sua toxidade, eficiência agronômica
ou presença de algum subproduto ou metabólito
que tenha restrições por representar alta
toxidade e facilidade de contaminação".
Educação Ambiental.
Como complemento da ação de fiscalização
realizada pelo Ibama, o Instituto lança, em Campo
Grande, na próxima semana, a campanha "Diga
não aos produtos ilegais", de combate ao uso
de agrotóxicos ilegais no País. Segundo Luciano
Evaristo, para o lançamento será realizada
uma reunião com as principais entidades representativas
do setor, envolvendo também a área pública,
como secretarias de Agricultura e os órgãos
de fiscalização de sanidade vegetal. "Vamos
explicar a todos o que estaremos fazendo e o por que da
ação. Estaremos também distribuindo
material informativo para ser levado aos produtores rurais
no campo e, uma equipe do Ibama vai visitar as propriedades
rurais levando as informações sobre o uso
correto dos defensivos agrícolas", explica o
diretor.
Segundo ele, também como a Operação
Agrotóxico, a campanha educativa será iniciada
pelo Mato Grosso do Sul e posteriormente se estenderá
pelos demais estados onde for constatado o uso de defensivos
agrícolas irregulares. "Com isso estaremos exercendo
nosso dever perante a sociedade, que é a proteção
e defesa do meio ambiente", conclui Luciano Evaristo.
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Ascom |