Por suas atividades em defesa
da Amazônia ao longo dos anos, em favor de
modelos sustentáveis de desenvolvimento econômico
e social, a senadora Marina Silva (PT-AC) obteve
o primeiro lugar na categoria “liderança
individual” na primeira edição do
Prêmio Chico Mendes de Meio Ambiente, patrocinado
pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) por
meio de sua Secretaria de Coordenação
da Amazônia. Nas outras quatro categorias,
obtiveram a premiação máxima
a Associação dos Moradores e Produtores
do Projeto de Assentamento Chico Mendes, do Acre
(categoria associação comunitária);
o Instituto Socioambiental, (ISA, na categoria organização
não-governamental), de São Paulo;
a Organização Indígena da Bacia
do Içana (OIBI, na categoria negócios
sustentáveis), do Amazonas, e a Universidade
Federal do Acre (na categoria ciência e tecnologia).
Ao todo, foram quinze os agraciados, uma vez que
o Prêmio Chico Mendes de Meio Ambiente premia
também segundos e terceiros colocados em
suas cinco categorias. Aos primeiros colocados será
concedido R$ 10 mil, aos segundos R$ 6 mil e aos
terceiros R$ 4 mil, além de diplomas honoríficos.
A entrega dos prêmios está prevista
para o dia 18 de dezembro.
Valorizar êxitos
O Prêmio Chico Mendes de
Meio Ambiente surgiu para valorizar agentes propulsores
do processo de melhoria da qualidade ambiental na
Amazônia, identificando práticas exitosas
desenvolvidas individualmente, em grupo, em comunidade
ou através de instituições
privadas. “Precisávamos ajudar a difundir
práticas e experiências que têm
contribuído para o desenvolvimento socialmente
justo e ambientalmente sustentável na Amazônia
brasileira”, afirma Mary Allegretti, Secretária
de Coordenação da Amazônia,
justificando a criação do prêmio.
Ao todo, foram recebidas 57 inscrições
de candidaturas, sendo que dessas, 49 foram pré-selecionadas
e avaliadas. A categoria que mais teve concorrentes
foi a de “liderança individual”, somando
17. Além da senadora Marina Silva, foram
premiadas duas outras mulheres: Raimunda Gomes da
Silva, em segundo lugar, por sua atuação
destacada como líder do movimento das quebradeiras
de coco babaçu na região do Bico do
Papagaio, no Tocantins, e Muriel Saragoussi, em
terceiro, liderança ambientalista e dirigente
da ONG Fundação Vitória Amazônica,
de Manaus, Amazonas.
Exemplo e pioneirismo
Na categoria “associação
comunitária”, o primeiro lugar coube à
Associação dos Moradores e Produtores
do Projeto de Assentamento Chico Mendes, em Xapuri,
no Acre, por seus trabalhos pioneiros em recuperação
de áreas degradadas, através da agrosilvicultura.
A Associação dos Seringueiros do Seringal
Cazumbá, de Sena Madureira, Acre, notabilizada
na luta pela criação de sua Reserva
Extrativista, ficou com o segundo lugar. O Conselho
Indígena de Roraima (CIR), com sede em Boa
Vista, entidade líder na luta pela demarcação
e homologação da Terra Indígena
Raposa – Serra do Sol, recebeu a terceira premiação.
Na categoria “organização não-governamental”,
o ISA, com sede em São Paulo, ficou com o
primeiro prêmio, por sua atuação
em projeto educacional junto a comunidades indígenas
do Parque do Xingu, em Mato Grosso. O segundo lugar
coube à Comissão Pró-Índio
do Acre, de Rio Branco, por seus mais de 20 anos
de atuação em apoio aos povos indígenas
da região, particularmente em projetos de
educação. O Centro dos Trabalhadores
da Amazônia (CTA), que congrega trabalhadores
extrativistas de vários estados da região
e tem sede em Rio Branco, Acre, ficou com a terceira
colocação.
Arte Baniwa, criação dos índios
Baniwa do Alto Rio Negro, transformada em griffe
de artesanato de fibras vegetais, foi a razão
do primeiro lugar na categoria “negócios
sustentáveis” conquistado pela OIBI, que
tem sede em São Gabriel da Cachoeira, Amazonas.
Nessa categoria, o segundo lugar coube à
Associação dos Pequenos Agrosilvicultores
do Projeto RECA, de Nova Califórnia, Rondônia,
por seu pioneirismo no processamento e comercialização
de polpas de frutas, palmito e outros produtos obtidos
de plantios de culturas permanentes que recompõem
o ambiente de floresta úmida. Na terceira
premiação ficou a empresa Couro Vegetal
da Amazônia S.A., sediada no Rio de Janeiro,
por seu trabalho de valorização da
borracha natural.
Na categoria “ciência e tecnologia”, a Universidade
Federal do Acre, através de seu Parque Zoobotânico
de Rio Branco, onde desenvolve pesquisas sobre uso
sustentável de recursos naturais para recuperação
de áreas florestais alteradas, obteve o primeiro
prêmio. O pesquisador Juan Revilla, do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
de Manaus, Amazonas, obteve o segundo lugar. Pesquisador
renomado, Revilla têm se destacado por estudos
e publicações sobre plantas de potencial
medicinal na Amazônia. Em terceiro lugar,
ficou a equipe do Projeto Tipitamba, da Embrapa
Centro de Pesquisa Agroflorestal da Amazônia
Oriental, com sede em Belém, Pará.
Integrado pelos pesquisadores Tatiana Sá,
Osvaldo Kato, Maria do Socorro Kato, Sílvio
Júnior e Ari Camarão, o projeto Tipitamba
desenvolveu pesquisas que resultaram em alternativas
concretas para evitar o uso do fogo no preparo de
áreas de capoeira para atividades agropecuárias.
Integraram a Comissão Julgadora do Prêmio
Chico Mendes de Meio Ambiente, designados por Portaria
do Ministro José Carlos Carvalho, a Secretaria
de Coordenação da Amazônia do
MMA: Mary Helena Allegretti, como presidente; a
coordenadora de Agroextrativismo da Secretaria de
Coordenação da Amazônia do MMA,
Ana Maria Carvalho Ribeiro Lange; o antropólogo
Mauro William Almeida, da Unicamp e da Universidade
de Chicago, e os ambientalistas Adriana Carvalho
Ramos e Donald Rolfe Sawyer. O Prêmio Chico
Mendes, segundo seus organizadores, deverá
ter sua segunda edição no próximo
ano, com a divulgação de seu edital
ainda no primeiro semestre.