|
IBAMA NEGA
LICENÇA
À USINA HIDRELÉTRICA DE TIJUCO
ALTO
Panorama Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Outubro de 2003
|
|
Após 14 anos
do início do processo de licenciamento ambiental
da usina que seria construída no Vale do
Ribeira, para alimentar exclusivamente a Companhia
Brasileira de Alumínio (CBA), a Diretoria
de Licenciamento e Qualidade Ambiental (Diliq) do
Ibama indeferiu em 25/09 o pedido de licenciamento
ambiental do empreendimento, devido aos impactos
que traria para a região.
Patrimônio Natural da Humanidade, título
conferido pela Unesco em 1999 e conhecido por sua
riqueza ambiental, social e cultural, o Vale do
Ribeira, está, por enquanto, preservado.
Em ofício encaminhado para a CBA, Nilvo Luiz
Alves da Silva, diretor do Diliq, elenca três
razões básicas para indeferir o pedido
de licenciamento ambiental de Tijuco Alto: a desatualização
do EIA/Rima apresentado pela CBA, que data de 1994;
a superficialidade dos estudos sobre fauna, flora
e contaminação da água; e a
falta de uma avaliação integrada de
todos os dados. "Essa decisão demorou,
mas foi uma vitória do MOAB, dos quilombos
e das entidades de apoio”, afirmou Ditão
Alves, representante da coordenação
da Associação Quilombo de Ivaporunduva
e do Movimento dos Ameaçados por Barragens,
referindo-se aos integrantes da campanha Águas
para a vida, não para a morte! A principal
reivindicação do movimento era que
o licenciamento ambiental da UHE Tijuco Alto não
fosse autorizado, por colocar em risco o patrimônio
ambiental, social e cultural do Vale do Ribeira.
Localizado entre o sul do Estado de São Paulo
e norte do Paraná, o Vale do Ribeira contém
mais de 2,1 milhões de hectares de florestas
- 21% dos remanescentes de Mata Atlântica
de todo o País -, 150 mil hectares de restingas
e 17 mil de manguezais. Além disso vivem
no Vale do Ribeira o maior número de comunidades
remanescentes de quilombos de todo o estado, ao
lado de caiçaras, índios, pescadores
tradicionais e pequenos produtores rurais.
Uma das maiores ameaças a esse riquíssimo
patrimônio socioambiental é o projeto
de construção de barragens ao longo
do rio Ribeira de Iguape. Estudo de inventário
hidrelétrico aprovado pela Eletrobrás
na primeira metade da década de 90 previa
a construção de quatro barranges (Tijuco
Alto, Funil, Itaoca e Batatal), com o objetivo de
geração de energia e, supostamente,
de contenção de cheias. No entanto,
essas quatro barragens, se construídas, inundariam
permanentemente uma área de aproximadamente
11 mil hectares, incluindo aí áreas
cobertas com importantes maciços de mata
atlântica, cavernas, partes de unidades de
conservação e terras ocupadas por
pequenos agricultores e comunidades quilombolas,
além de alterar significativamente o regime
hídrico do rio, o que afetaria todo o complexo
estuarino do Lagamar. “Se as outras barragens forem
construídas, vão inundar nossas terras
e jogar as famílias quilombolas nas favelas
das cidades", disse Ditão Alves, liderança
da região e morador do Quilombo de Ivaporunduva.
Em função de todos esses impactos,
formou-se na região o Movimento dos Ameaçados
por Barragens (MOAB), composto principalmente pelas
comunidades quilombolas que seriam afetadas, e associado
a entidades ambientalistas, dentre elas o Instituto
Socioambiental, para acompanhar o andamento desse
projeto e pressionar pela sua não implementação.
Tijuco Alto seria a primeira das quatro barragens
a ser construída, no alto curso do Ribeira
de Iguape, entre os estados de São Paulo
e Paraná. Planejada para gerar 150 MW de
energia, ela atenderia exclusivamente aos interesses
da CBA, empresa do Grupo Votorantim, que detém
um complexo metalúrgico localizado no município
de Alumínio/SP (antigo município de
Mairinque) e que vem construindo hidrelétricas
em diversos pontos do país, para ampliar
suas atividades e aumentar suas. Diversos pequenos
agricultores que viviam no local onde seria implantada
a barragem venderam suas terras à CBA por
acreditarem que seriam inundadas. Além disso,
existem na região antigas áreas de
mineração de chumbo, que potencialmente
poderiam contaminar o lago a ser formado e, indiretamente,
as águas a jusante da barragem. Aliás,
a contaminação no Vale do Ribeira
é objeto de diversas pesquisas desenvolvidas
por instituições como USP, Unicamp
e Cetesb, entre outros.
Licenciamento
negado
Ao negar o licenciamento
da usina, o Ibama fez valer o princípio do
desenvolvimento sustentável, conforme avalia
o advogado do ISA, Raul Silva Telles do Valle. "Essa
decisão vem coroar um processo de mobilização
social que se iniciou ainda na década de
11000, e que juntou movimentos sociais e o movimento
ambientalista para lutar contra as barragens projetadas
para o Ribeira de Iguape", afirma Raul. "Elas
representam um modelo de desenvolvimento econômico
regional anacrônico e excludente, totalmente
contrário às potencialidades e vocações
do Vale do Ribeira, que deve produzir riquezas para
sua gente através do uso sustentável
dos recursos naturais que ele preserva".
A decisão do Ibama não significa,
no entanto, que Tijuco Alto nunca mais poderá
ser construída. Será necessário,
no entanto, um novo processo de licenciamento ambiental
para o empreendimento, contemplando as exigências
do órgão ambiental, principalmente
a análise integrada do impacto acumulado
das quatro barragens projetadas. Procurada pela
reportagem do ISA, a CBA disse que não se
pronunciará até que o ofício
do Diliq/Ibama conste oficialmente do processo judicial
que envolve o licenciamento da usina.
A Procuradora da República Maria Luiza Grabner,
que cuida do caso de Tijuco Alto no Ministério
Público Federal, avalia que, uma vez que
a decisão do Ibama atenda às recomendações
do MPF, será dado por encerrado o inquérito
civil público que questiona o conteúdo
e a metodologia dos estudos apresentados pela CBA.
O MPF teve participação importante
na discussão sobre o licenciamento ambiental
de Tijuco Alto, tendo sido responsável pela
ação que resultou na liminar que garantiu
a competência do Ibama na questão.
Histórico
O processo de licenciamento
ambiental da UHE Tijuco Alto é repleto de
idas e vindas, incongruências e manifestações
contrárias e a favor do empreendimento. Iniciado
na década de 1980 nos estados de São
Paulo e Paraná, ele foi anulado por decisão
judicial e se reiniciou em 1997, junto ao IBAMA.
Durante todo esse tempo, diversas audiências,
encontros e manifestações contrários
à sua construção ocorreram,
opondo a CBA e alguns políticos do Vale do
Ribeira aos movimentos sociais e ambientalista.
Confira abaixo um histórico da questão:
1988 - a Companhia
Brasileira de Alumínio consegue a outorga
da concessão de uso para o aproveitamento
da energia hidráulica de um trecho do rio
Ribeira de Iguape, onde pretende instalar a UHE
Tijuco Alto. O decreto federal nº 96.746 de
21 de setembro de 1988, que formalizou a outorga,
concede um prazo de trinta anos para a concessão,
e determina que “o aproveitamento destinar-se-á
à produção de energia elétrica
para uso exclusivo da concessionária, que
não poderá fazer cessão a terceiros,
mesmo a título gratuito” (art. 2º).
1989 - a CBA dá
início ao processo de licenciamento ambiental
concomitantemente nos Estados de São Paulo
e Paraná, ignorando a legislação
ambiental que determina que o licenciamento seja
efetuado pelo IBAMA, por ser uma obra cujo impacto
afetará dois estados e que se realizará
em rio federal.
11000 – O Instituto
de Pesquisas Tecnológicas da Universidade
de São Paulo (IPT), contratado pela Secretaria
de Estado de Meio Ambiente de São Paulo para
avaliar o EIA/Rima entregue pela CBA, notadamente
com relação aos impactos do meio físico,
elabora parecer onde aponta uma série de
falhas nos estudos que, somado à análise
efetuada por técnicos da SMA, determina a
reelaboração do EIA/Rima.
Em reunião
conjunta entre a SMA, CESP e CBA, é determinado
pela primeira a necessidade de o EIA contemplar
a avaliação ambiental das outras possíveis
alternativas de compartimentação do
rio (3, 4 ou 5 eixos de barramento).
1993 – apresentado
pela CBA à SMA/SP o estudo “Aproveitamento
múltiplo do rio Ribeira de Iguape – Estudo
Comparativo das Alternativas de Partição
de Queda”, o qual, entretanto, por estar bastante
incompleto, não pôde ser aproveitado
pelo órgão ambiental, pois não
possibilitava uma análise da relação
custo-benefício das diversas alternativas
(Parecer Técnico CPLA/DAIA 307/93).
1993 – CETESB apresenta
à SMA o “Estudo do aproveitamento múltiplo
do rio Ribeira de Iguape”, como decorrência
da reunião conjunta e como elemento necessário
ao licenciamento conjunto de todas as barragens
previstas para o rio. Sobre esse parecer, a CETESB
realizou, a pedido da SMA, uma análise sobre
o impacto dessas obras sobre o ecossistema aquatico
(Parecer Técnico 001/NAH/93, de 25/11/93),
que concluiu:
“Com base na análise
efetuada, conclui-se que, independentemente da alternativa
proposta, a construção de reservatórios
no rio Ribeira de Iguape deve acarretar:
- impactos durante
a construção
- aumento da contaminação, principalmente
por metais pesados, devendo inviabilizar o uso múltiplo
dos reservatórios;
- provável deterioração da
qualidade da água em todo o curso do rio;
- alterações na diversidade e abundância
dos organismos aquaticos;
- prejuízos à produção
pesqueira, afetando a população local;
- diminuição da produtividade do estuário
e da zona costeira;
eliminação ou degradação
de áreas de várzea, as quais são
essenciais para a manutenção de ecossistemas
fluviais;
- possíveis problemas legais, por alterar
áreas protegidas.
Dessa forma, não
se recomenda que sejam executadas obras de barramento
no rio Ribeira de Iguape”
1994/março
– A Comissão Especial do CONSEMA para consolidação
das propostas de utilização múltipla
dos recursos hídricos do Vale do Ribeira
apresenta seu relatório final, concluindo
e recomendando que:
“ Evidencia-se a
inexistência de um plano integrado de desenvolvimento
para o Vale do Ribeira. Esta falta de visão
sistêmica na formulação de políticas
públicas setoriais gera um evidente conflito
de diretrizes e sobreposição de atribuições
e de atividades das instituições atuantes
na região.
Esta situação,
agravada pela morosidade das ações
de regularização fundiária,
tem como decorrência direta a dispersão
e perda dos parcos recursos financeiros, humanos
e materiais disponíveis para essa região
historicamente alijada do processo de desenvolvimento
do Estado, com o comprometimento de seu valioso
patrimônio natural e cultural.
Agravando tal quadro,
constata-se ser extremamente insipiente a participação
da sociedade regional na definição
das políticas setoriais, programas e projetos.
Finalmente, a falta
de uma política de desenvolvimento não
permite dimensionar as reais repercussões
e interferências que empreendimentos governamentais
e privados propostos terão sobre o desenvolvimento
socio-economico do Vale do Ribeira.
Sugere-se que o plenário
do CONSEMA delibere acerca do que se segue:
1.que a SMA priorize
a conclusão do Macrozoneamento do Vale do
Ribeira;
2.que a Secretaria
de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras
priorize a implantação do Programa
de Aproveitamento Múltiplo dos Recursos Hídricos
do Vale do Ribeira;
3.que o Governo do
Estado determine que a secretaria de Planejamento
e Gestão elabore o Plano de Desenvolvimento
do Vale do Ribeira, considerando as diretrizes gerais
a serem estabelecidas com a participação
da população e os insumos do Macrozoneamento
e do Programa de Aproveitamento Múltiplo
dos Recursos Hídricos do Vale do Ribeira;
4.que o Governo do
Estado agilize a regularização fundiária
do Vale do Ribeira”
1994/abril – O Departamento
de Avaliação de Impacto Ambiental
(DAIA) da Secretaria de Estado de Meio Ambiente
de São Paulo (SMA/SP) apresenta o Parecer
Técnico CPLA/DAIA 012/94, referente à
análise do EIA/Rima apresentado pela CBA.
Faz uma análise abrangente dos estudos apresentados,
pontuando os impactos, as medidas preventivas e
mitigadoras previstas e comentando a adequação
dos dados levantados e das medidas propostas. Este
parecer subsidiou a decisão do CONSEMA sobre
o licenciamento da obra, mesmo esclarecendo, em
seu preâmbulo que “portanto, é nesse
contexto, sem o esclarecimento de algumas questões
importantes quanto os efeitos do conjunto dos empreendimentos
na bacia do rio Ribeira de Iguape, que foi elaborado
o presente parecer que, deste modo, refere-se as
à avaliação do EIA e respectivo
Rima da UHE Tijuco Alto”, ou seja, mesmo contrariando
determinação expressa da SMA de que
o licenciamento deveria ser conjunto. Dentre suas
principais conclusões, destaca-se:
- controle de cheias:
“O aproveitamento de Tijuco Alto, o maior dos três,
reduziria o número de dias de cheias em cerca
de 100 (33%) (...). Assim, o número de eventos
remanescentes seria de 43 (68%), um número
excessivamente grande” (Item III, 4.1)
“ A equipe do DAIA
considera que as questões relativas ao controle
de cheias, bem como as suas consequências
sobre o meio ambiente natural e socio-economia da
região devem ser analisadas considerando
o conjunto dos empreendimentos previstos para o
rio Ribeira de Iguape. Os impactos benéficos
resultantes do controle de cheias a jusante, citados
pelo EIA, são abordados de forma superficial
e não levam em conta o importante papel ecológico
que as várzeas desempenham no equilíbrio
dos ecossistemas aquáticos e terrestres”
(Item IV, 1.9, d).
- contaminação
do reservatório e do rio: “os rejeitos da
mineração do Rocha por terem sido
depositados na área a ser inundada foram
analisados e classificados. Os ensaios de solubilização
indicaram a presença de chumbo e cromo em
valores acima daqueles permitidos pela Resolução
CONAMA 20/86 (...)” (Item IV, 1.10, b)
“levantamentos efetuados
pela CETESB (1986) ao longo do rio Ribeira, atestam
que este curso d’agua encontra-se poluído
por chumbo, zinco e cobre em toda sua extensão.
No ribeirão do Rocha – afluente do Ribeira
– os teores de chumbo na água ultrapassaram
o limite para preservação da vida
aquática em até 730 vezes, e em 64
vezes o limite estabelecido para o sedimento. Em
11000, a CETESB efetuou novos levantamentos onde
constatou-se que a contaminação, principalmente
no que se refere ao arsênico, chumbo e zinco,
detectados sobretudo no sedimento, é expressiva
a jusante das fontes de poluição”
(Item IV, 1.10, b)
“deve-se lembrar
que nas áreas mais profundas do reservatório
os teores de oxigênio dissolvido serão
muito baixos, criando um ambiente redutor e favorecendo
a queda do PH. Estas condições podem
favorecer a solubilização de metais
presentes nos sedimentos” (Item, IV, 1.10, d).
Ictiofauna: “sua
biologia, assim como a sua qualidade alimentícia,
estão seriamente ameaçadas pelo carreamento
de metais pesados do Alto e Médio Ribeira
para os sedimentos estuarinos” (Parecer Técnico
sobre o Complexo de Barragens do Alto e Médio
Ribeira de Iguape – aspectos qualitativos e hidrobiológicos
– item 2)
Efeitos sobre a pesca
no estuário: “ a construção
das barragens (poderá) reter materiais que
o rio normalmente transporta do continente e que
vêm enriquecendo o estuário, assegurando
a sua produtividade” (idem, item4).
Aspectos sanitários:
“Entretanto, esse uso torna-se problemático
em face dos níveis observados de metais pesados.
O controle desses níveis, conforme já
foi aqui enfatizado, constitui providência
inadiável e deverá ser executado através
de uma rígida postura frente aos estabelecimentos
que praticam a exploração de minérios
na região” (idem, item 5).
Conclusões
sobre a qualidade do EIA/Rima apresentado: “Os estudos
de impacto ambiental realizados pelos especialistas,
por demanda das empresas interessadas, para atender
aos requisitos legais, não são de
molde a responder a todas as questões pertinentes.
(...) o presente caso é bem exemplificativo.
Todos os dados disponíveis foram levantados
nas bibliotecas e instituições relacionadas.
Os trabalhos de campo, realizados em apenas poucos
dias, não representativos dos ciclos climático-biológico,
serviram, entretanto, para ‘confirmar’ algumas suposições
baseadas em levantamentos anteriores, terrivelmente
incompletos” (idem, item 6)
1994/junho – Apesar
de todos esses pontos críticos e das falhas
apresentadas na confecção do EIA/Rima,
e apesar de serem necessários mais de 80
estudos complementares, a SMA concedeu licença
prévia para a UHE Tijuco Alto. No mesmo ano
o Estado do Paraná concede a Licença
Ptévia.
1994/agosto – O Ministério
Público Federal em São Paulo e no
Paraná ingressam com Ação Civil
Pública pedindo a declaração
de nulidade da licenças ambientais outorgadas
pelos órgãos ambientais dos estados,
por ser o licenciamento da obra de competência
exclusiva do IBAMA (obra realizada em rio federal
e com impacto em mais de um estado). Concedida a
liminar que suspendeu o processo de licenciamento
nos estados.
1997/fevereiro –
A CBA reconhece a competência do IBAMA e inicia
negociações para dar início
ao processo de licenciamento junto àquele
órgão
1997/março
– O IBAMA cria um grupo técnico para analisar
o EIA/Rima apresentado pela CBA. O grupo analisa
o EIA e, considerando-o fraco, pede novos estudos
complementares (Parecer técnico IBAMA 01/97)
1997/outubro – O
MPF analisa os pedidos de estudos complementares
feitos pela equipe técnica do IBAMA e expede
recomendação ao IBAMA, atendendo solicitação
fundamentada encaminhada pelo ISA nos autos do Inquérito
Civil, para que exija da CBA, além dos estudos
já requisitados, estudos mais abrangentes,
que analisem os impactos indiretos da obra sobre
toda a bacia hidrográfica do Ribeira de Iguape,
levantando dados primários atualizados, e
que foquem especificamente: a) diagnóstico
geral estatístico para áreas urbanas
e rurais, válido para os municípios
que compõem a bacia hidrográfica;
b) diagnóstico específico sobre população
rural produtiva, comunidades de quilombos e agentes
do poder local.
1999/junho – documento
de análise do IBAMA das recomendações
do MPF: entende que não há porque
se exigir estudos mais aprofundados sobre as comunidades
quilombolas, uma vez que estão apenas na
área de influência indireta da obra
e, portanto, “não serão afetadas pelo
empreendimento”.
1999/novembro – em
audiência com lideranças das comunidades
quilombolas do vale do Ribeira e com advogados do
ISA, a então presidente do IBAMA afirma que
não existe processo de licenciamento para
a UHE Tijuco Alto, pois a CBA não teria protocolado
o requerimento para concessão de licença
prévia.
1999/dezembro – A
Juíza da 8ª vara federal da seção
judiciária de São Paulo julga procedente
a Ação Civil Pública interposta
pelo MPF, declarando nulas as licenças expedidas
pelos Estados e reconhecendo a competência
do IBAMA para licenciar o empreendimento.
1999/dezembro – A
presidente do IBAMA se retrata e afirma que houve
efetivo requerimento de Licença Prévia
por parte da CBA, mas que o mesmo era inválido
por não haver sido publicado em jornais de
grande circulação. Afirma haver necessidade
de novo pedido de LP.
2000/segundo semestre
– CBA entrega estudos complementares ao IBAMA.
2000/dezembro – equipe
técnica do IBAMA decide, de última
hora e sem consulta à comunidade, fazer uma
vistoria técnica ao local do empreendimento.
O Instituto Socioambiental - ISA intervém
e consegue o adiamento da vistoria para o início
de 2001. Não há ainda data marcada.
2001/janeiro – O
Instituto Socioambiental requer ao IBAMA cópia
dos estudos complementares entregues pela CBA, mas
o acesso às mesmas é negado pela Diretoria
de Controle Ambiental dessa autarquia.
2001/outubro – O
Instituto Socioambiental requer ao Ibama cópia
dos estudos complementares entregues pela CBA, mas
o acesso às mesmas é negado pela Diretoria
de Controle Ambiental dessa autarquia. Em visita
ao ISA, no dia 31/10/2001, o então presidente
do Ibama, Hamilton Casara, se compromete a verificar
o procedimento de vistoria de Tijuco Alto. A vistoria
acaba não acontecendo e o processo de licenciamento
fica parado, enquanto o Ibama procede a análise
de todos os documentos apresentados pela CBA e que
resultou na decisão do Diliq em 25/09/2003.
Fonte: ISA – Instituto Sócio
Ambiental (www.socioambiental.org.br)
Ricardo Barretto