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GRUPO DE
TRABALHO AMAZÔNICO DENUNCIA
DESCARACTERIZAÇÃO DO ZONEAMENTO
DE RONDÔNIA
Panorama Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Setembro de 2003
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NOTA DE REPÚDIO
A DESTRUIÇÃO DO ZONEAMENTO DO ESTADO
DE RONDÔNIA
O GTA - Rondônia
e parceiros, alertam a sociedade de Rondônia
e nacional, para o agravamento de atividades ilegais
apoiadas pelo Governo e maioria dos parlamentares
de Rondônia, que comprometem o zoneamento
estadual, as Unidades de Conservação
e as Terras Indígenas do Estado.
O zoneamento do Estado de Rondônia, foi elaborado
por técnicos do estado e consultorias qualificadas,
com discussão com a sociedade e a alto custo
para a sociedade brasileira e não foi implementado
por não ser do interesse da indústria
garimpeira de madeiras e fazendeiros pecuaristas,
que se beneficiam com a situação de
terra sem lei que prevalece nas áreas de
fronteira de Rondônia.
O zoneamento surgiu, dentro de uma discussão
de desenvolvimento sustentado, como proposta a pecuária
de corte e exploração predatória
de madeiras, que comprovadamente são atividades
anti-sociais, concentradoras da terra e da renda,
de baixa produtividade e alto custo ambiental e
apesar disto, os ruralistas que detém o comando
político do estado ainda as defendem.
Desde a primeira versão do zoneamento em
1988, as políticas públicas estaduais
e municipais não o utilizam de fato como
norteador do planejamento, com utilização
das informações disponíveis
para traçar programas de desenvolvimento
sustentado regionalizados, de interesse para a maioria
da população, participativos, que
estimulem o desenvolvimento das cadeias produtivas
e as vocações regionais e das subzonas.
ABAIXO ELENCAMOS
ALGUNS FATOS GRAVES QUE ESTÃO DESCARACTERIZANDO
O ZONEAMENTO ESTADUAL E AMEAÇANDO O FUTURO
DE RONDÔNIA
I - O Governador do Estado de Rondônia Ivo
Narciso Cassol, dentre outras demonstrações
de falta de compromisso com os reais interesses
da população e despreparo para o cargo,
tem manifestado publicamente que pedirá o
fim das Unidades de Conservação Estaduais,
caso o governo federal não atenda as exigências
dos ruralistas de Rondônia, que exigem que
governo federal legitime níveis de desmatamento
de 70 a 80% para Amazônia.
II - No campo, várias Unidades de Conservação
estão a mercê de grileiros e da indústria
garimpeira de madeiras, com apoio explícito
de parlamentares que se promovem eleitoreiramente
e utilizam "sem terras" expulsos pela
pecuarização dos projetos de colonização,
como massa de manobra para criar demanda social
e dar suporte as invasões, a exemplo :
a) a Floresta Nacional do Bom Futuro, há
anos está sendo invadida e saqueada por madeireiros
com grave omissão do próprio segmento,
e está com forte risco de ser reduzida no
Congresso Nacional por projeto de Lei do Deputado
Federal Confúncio Moura. Este fato, ilustra
a tática utilizada por maus madeireiros e
grileiros, que primeiro incentivam a invasão,
para depois legitimá-la com mudanças
no zoneamento ou redução de Unidades
de Conservação. Atualmente as invasões
de U.C.'s e T.I., se dão de forma organizada,
com associações, respaldo jurídico
e de políticos corruptos;
b) a ALE-RO, por iniciativa do executivo, reduziu
no dia 31/12/2002, sem qualquer interesse público,
o Parque Estadual Corumbiara, em 40.283 hectares
para benefício de alguns fazendeiros, isso
sem a mínima avaliação técnica
ou respeito aos trâmites legais do zoneamento,
tudo em evidente desvio de finalidade;
c) A ALE-RO, por iniciativa do executivo, ainda
alterou os limites do Parque Estadual Guajará
Mirim para dar passagem a BR 421. A decisão
foi tomada sem nenhum estudo técnico, de
forma totalmente precipitada, considerando que há
vários estudos na Amazônia comprovando
os impactos ambientais da abertura de estradas na
região. Hoje a região está
sob o completo comando de grileiros de terras e
garimpeiros de madeiras. Tal alteração
rompeu com o corredor ecológico Guaporé
- Mamoré, formado pelas T.I's, Unidades de
Conservação federais e estaduais e
está comprometendo as áreas de uso
restrito do ZEE, já que não foram
tomadas medidas efetivas de proteção
a região. Além de não cumprir
parte dos compromissos do decreto de alteração
do parque, a inconseqüente decisão da
ALE-RO, apoiada pelo executivo, agravou o processo
de ocupação desordenada da região,
no mínimo repetindo-se erros do passado.
III - A BR 421, é uma terra sem Lei, onde
a serviço dos grupos que estão saqueando
a
região, vários assassinatos foram
cometidos, na maioria sem solução
ou sequer investigados. Não há polícia
na área, que conta com a passagem livre de
traficantes. Grileiros e madeireiros, estão
invadindo, saqueando e desmatando a Resex Estadual
de Jaci Paraná e os seringueiros estão
sofrendo as graves conseqüências dessas
ações, sendo ameaçados e desalojados
por criminosos que agem impunemente.
IV - As zonas 2, do zoneamento estadual, onde previa-se
atividades de manejo florestal,
estão sendo saqueadas por madeireiras e ocupadas
indiscriminadamente, com apoio explícito
do governador e políticos do estado. A exemplo
das regiões do Núcleo União
Bandeirante em Porto Velho - RO, Gleba Jacundá
em Candeias do Jamarí-RO e Jacinópolis
em Nova Mamoré-RO.
V - O GTA-RO, recebeu denúncias de que a
SEDAM - Secretaria de Estado do
Desenvolvimento Ambiental, estaria fazendo licenciamento
de propriedades com 35 % de reserva legal em áreas
de cerrado, em regiões onde o zoneamento
prevê 80% (por serem terras de baixa capacidade
de uso).
VI - Parte da indústria madeireira do estado,
sobrevive de roubar madeiras em Terras
Indígenas e Unidades de Conservação
e tal qual já ocorrido na Resex Jaci Paraná,
recentemente numa operação de fiscalização
organizada pela FUNAI na Terra Indígena Zoró,
o Batalhão de Polícia Ambiental da
PM-RO, recebeu ordens superiores para abandonar
imediatamente a operação, fatos que
demonstram a conivência do governo com o garimpo
de madeiras em Terras Indígenas e Unidades
de Conservação.
VII - Fortalecidos pelo discurso irresponsável
do executivo, políticos de Nova Mamoré-RO
e Buritis-RO, estão estimulando a invasão
da Terra Indígena Karipunas, que já
sofreu uma redução e agora estão
a pedir nova redução de mais 20.000
ha da mesma.
Incoerentemente com suas práticas e discursos,
os mesmos políticos que estão
estimulando a desordem e ocupação
irresponsável das zonas de uso restrito e
Unidades de Conservação, invocam o
zoneamento estadual como argumento para reivindicar
a legalização das áreas desflorestadas
ilegalmente pela pecuarização no estado.
Considerando que declarações irresponsáveis
do Governo do Estado de Rondônia e de alguns
parlamentares têm agravado a tensão
social e estão comprometendo o ZEE-RO; considerando
que a extração ilegal de recursos
naturais( madeira, etc.), implica na evasão
de riquezas e de tributos do Estado; considerando
que tais interesses são contrários
aos da maioria da população e estão
resultando na exposição das populações
tradicionais a invasores inescrupulosos; considerando
que estas atitudes incentivam direta ou indiretamente
a desordem pública e os conflitos no campo,
o GTA e parceiros requerem do Governo Federal :
I - Que as Unidades de Conservação
Estaduais, criadas no âmbito do
Zoneamento Sócio Econômico e Ecológico
de Rondônia, sejam repassadas para a esfera
federal. Tal procedimento é facilitado em
razão das terras serem da União;
II - que atividades que exigem alta responsabilidade,
como o licenciamento
ambiental de propriedades e outras relevantes, sejam
retiradas da competência da SEDAM - Secretaria
de Estado de Desenvolvimento Ambiental.
O GTA-RO e parceiros, irão requerer ao Painel
de Inspeção do BIRD,
apuração da forma irresponsável
de condução do Zoneamento pelos governos
e parlamentares de Rondônia, que para atender
a indústria garimpeira de madeiras e da invasão,
estão jogando por terra todos investimentos
e planejamento de desenvolvimento sustentado construídos
no Projeto Planafloro.
Subscrevem este documento:
ACARAM - Articulação Central das Associações
para Ajuda Mútua;
ACRU/RO - Associação Cultura de Rua;
ADUNIR - Associação dos Docentes da
UNIR;
APA - Associação de Produtores Alternativos;
CEAP - Centro de Educação e Assessoria
Popular;
CIMI/RO - Conselho Indigenista Missionário;
CMP/RO - Central de Movimentos Populares;
COOTRARON - Cooperativa Agro-Ambiental do Estado
de Rondônia;
CPPT-CUNIÃ - Centro de Pesquisa de Populações
Tradicionais Cuniã;
CPT - Comissão Pastoral da Terra;
CUNPIR - Coordenação das Nações
Indígenas de Rondônia, Noroeste do
Mato Grosso e Sul;
CUT/RO - Central Única dos Trabalhadores;
DCE/UNIR - Diretório Central dos Estudantes
da Fundação Universidade Federal de
Rondônia;
ECOPORÉ - Ação Ecológica
Guaporé;
FEPERO - Federação de Pescadores do
Estado de Rondônia;
FETAGRO - Federação de Trabalhadores
na Agricultura de Rondônia;
KANINDÉ - Associação de Defesa
Etno-Ambiental;
IECLB - Igreja Evangélica da Confissão
Luterana;
ÍNDIA - Instituto em Defesa da Identidade
Amazônica;
MCC - Movimento Camponês Corumbiara;
OSR - Organização dos Seringueiros
de Rondônia;
do Amazonas;
UIRAPURU - Associação Uirapuru;
Porto Velho - RO, 02 de Setembro de 2003
Ivaneide Bandeira Cardozo
Conselheira Nacional da REDE GTA Rondônia
Fonte: www.amazonia.org.br
Assessoria de imprensa