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GREENPEACE:
G8 COMERCIALIZANDO O FUTURO...
Panorama Ambiental
Evian - França
Junho de 2003
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Ativistas do Greenpeace
foram abordados nesta manhã por seguranças
no Lago Leman, na França, enquanto protestavam
contra os acordos realizados na reunião do
G-8 (os sete países mais ricos do mundo mais
a Rússia) em Evian.
Os ativistas, a bordo de três infláveis,
estenderam faixas com a mensagem: “G8 - Comercializando
o Futuro”, foram detidos depois do protesto. A organização
ambientalista internacional está na reunião
do G8 para pedir que governos e empresas parem de
favorecer o comércio em detrimento de questões
ambientais e sociais.
“A iniciativa do governo Bush em relação
ao combate à Aids, apresentada em Evian nos
últimos dias, é o melhor exemplo de
como colocar o comércio acima de todas as outras
preocupações. O acordo sobre a Aids
depende que as nações africanas aceitem
a ajuda alimentícia dos Estados Unidos, composta
de alimentos geneticamente modificados”, disse Bruno
Rebelle, campaigner do Greenpeace que está
em Evian. “Mesmo que o acordo dos Estados Unidos condicione
o combate à Aids à aceitação
de transgênicos não seja um comprometimento
legal, este é um exemplo claro contra o qual
estamos protestando: a prática comum de colocar
o comércio acima de preocupações
com a saúde ou com o meio ambiente”.
As políticas apresentadas na reunião
do G8 são espelhadas em muitas outras reuniões
internacionais de governo. A Organização
Mundial de Comércio (OMC) também promove
uma abordagem do comércio a todo custo (1).
O exemplo mais recente vem novamente dos Estados Unidos,
que estão usando as falhas do sistema para
aceitar sementes geneticamente modificadas, num desafio
direto contra a moratória dos transgênicos
imposta pela União Européia (2).
“Nenhum destes sistemas de governos ou corporações
está trabalhando pelo bem da sociedade ou do
meio ambiente. É hora de decidir se escolhemos
um caminho que nos leve a um mundo mais justo ou se
seguimos outro, onde veremos aumentar a instabilidade
e a insegurança no planeta. Já passou
da hora de perceber que as pessoas precisam e têm
o direito à segurança alimentar, da
água, de energia e acesso aos serviços
básicos de educação e saúde”,
concluiu Rebelle.
Notas:
(1) A OMC não
é a autoridade competente para solucionar disputas
sobre a regulamentação de transgênicos.
O Greenpeace demanda que qualquer medida designada
a simplesmente implementar o princípio da precaução
não deve ser vista como uma barreira comercial,
mas sim como um direito e obrigação
de todos os governos. Como uma questão de biossegurança,
a atual disputa entre os Estados Unidos e a União
Européia está fora da jurisdição
da OMC e deve ser resolvida mediante aos acordos ambientais
das Nações Unidas, como o Protocolo
de Cartagena sobre Biossegurança da Convenção
de Diversidade Biológica (CDB). O Protocolo
deve ser ratificado em breve por 50 países
e espera-se que entre em vigor antes do final deste
ano.
(2) A ajuda alimentícia
pode se transformar em falta de incentivo para produtores
locais, inundando mercados locais e causando interrupção
nos sistemas de transporte. O resultado pode ser uma
dependência de longo prazo deste tipo de ajuda
humanitária. Para serem efetivas, as respostas
emergenciais para determinado problema devem prestar
atenção às condições
específicas da área afetada. Se a fonte
do problema é o conflito, a ajuda alimentícia
pode ser a ferramenta errada. Se a ajuda alimentícia
é apropriada, as intervenções
para fornecimento de alimentos devem se dar através
de mercados locais (sistemas existentes de setores
privados) e através do fortalecimento do poder
de aquisição em vez de distribuições
diretas.
Fonte: Greenpeace (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa |