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O MUNDO
DIZ NÃO A GUERRA!
Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Junho de 2003
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Nos últimos
meses, milhões de pessoas em todo o
mundo tomaram as ruas para marchar contra
a guerra no |
Iraque.
O Greenpeace, como outras organizações
da sociedade civil, uniu-se aos pedidos de
paz e alertou para os duradouros e desastrosos
impactos humanos e ambientais dessa nova guerra.
Participando das passeatas pela paz em Porto
Alegre e em São Paulo, e realizando
protestos em diversos outros países,
o Greenpeace demostrou, novamente, sua forte
oposição a qualquer guerra no
planeta e pediu que os governos de todo o
mundo busquem o desarmamento e a paz.
“Esse ataque é um enorme retrocesso
para a paz e a segurança internacionais.
A guerra não é a solução,
e, sim, parte do problema”, disse Gerd Leipold,
diretor executivo do Greenpeace Internacional. |
Lições da
Guerra do Golfo
As
conseqüências da guerra de 1991
foram tremendas. Cerca de 100 mil soldados
e entre 40 mil e 80 mil civis iraquianos foram
mortos como resultado da guerra, e aqueles
que sobreviveram ao ataque inicial tiveram
que enfrentar enormes dificuldades. Os sistemas
de eletricidade, abastecimento de água
e saneamento foram destruídos, e o
armazenamento e a distribuição
de alimentos foram interrompidos. |
Entre
6 e 8 milhões de barris de petróleo
foram derramados no Golfo Pérsico,
causando o maior vazamento de óleo
do mundo e incêndios que geraram uma
camada de fuligem, gases e substâncias
químicas que causaram danos à
saúde da população e
ao meio ambiente.
Baías e faixas costeiras ficaram cheias
de óleo, causando transtornos na fauna
e na flora. Dezenas de milhares de pássaros
morreram como resultado direto da guerra e
muitos outros sofreram os efeitos crônicos
do vazamento. Os campos de alimentação
de mais de cem mil aves marinhas e migratórias
foram destruídos. Importantes áreas
de pesca de camarões reduziram sua
produção após a guerra
para aproximadamente 1% de sua produção
antes do conflito. Bombas pulverizaram a camada
superficial do solo e destruíram a
vegetação. Tanques e outros
veículos militares comprimiram o solo
do deserto, obstruindo a recuperação
subsequente da vegetação. As
forças militares da coalizão
deixaram para trás grandes quantidades
de lixo, materiais tóxicos e galões
de esgoto nas fossas feitas na areia. |
Agora,
12 anos depois, a nova guerra deve trazer
resultados ainda mais devastadores, uma vez
que o Iraque ainda se recupera do conflito
de 1991. Os impactos ambientais dependem dos
alvos que forem selecionados. O Bombardeio
de instalações industriais,
por exemplo, pode causar contaminação
química graças ao vazamento
e/ou queima dos estoques de materiais químicos.
Os incêndios no Kuwait na última
guerra causaram, entre outros efeitos, uma
diminuição da temperatura da
água do mar atingindo os estoques de
pesca e os ecossistemas sensíveis.
A destruição da infra-estrutura
de abastecimento de água, saneamento
e tratamento de esgoto terá impactos
microbiológicos sobre os recursos marinhos
e causará problemas de saúde
através do aumento de infecções
endêmicas e infestação
parasitária. |
Desarmamento
global: o caminho para evitar novas guerras
A crise no Iraque
evidenciou a questão de como a comunidade
internacional lida com a eliminação
das armas de destruição em massa.
A lição mais clara surgida com a atual
crise é de que a guerra preventiva dos EUA
contra o Iraque abriu um precedente perigoso. “Esta
guerra abre caminho para futuros conflitos com outros
países suspeitos de possuir armas de destruição
em massa, como é o caso da Índia,
Paquistão e Coréia do Norte”, disse
Gerd Leipold.
O Greenpeace apoia totalmente o desarmamento do
Iraque, assim como o de todas as nações
que possuam armas de destruição em
massa, incluindo os EUA, que possuem o maior e mais
sofisticado arsenal nuclear do mundo.
Na verdade, é preciso criar um sistema internacional
coletivo de controle de armas e desarmamento. O
modelo para isso já existe, através
de órgãos como a Conferência
da ONU sobre Desarmamento, e de acordos como o Tratado
de Não-Proliferação de Armas
Nucleares, a Convenção de Armas Químicas
e o tratado que proíbe testes nucleares.
Mas, ao invés de ser fortalecido, esse delicado
modelo tem sido minado pela hipocrisia de países
que já possuem armas de destruição
em massa, e, em particular, pelas ações
da administração Bush.
Para fortalecer os acordos internacionais de não-proliferação,
todos os membros do Conselho de Segurança
devem ser comprometer com soluções
diplomáticas para situações
de conflito e devem rejeitar as ações
militares.
Ao mesmo tempo, a administração norte-americana
deve se comprometer com a eliminação
de seu arsenal nuclear e a ratificação
do tratado que proíbe testes nucleares.
Dada a urgência causada pela invasão
ilegal do Iraque, é vital que a comunidade
internacional reúna-se pra fortalecer os
mecanismos legais criados para contribuir com a
segurança global. Nesse ponto, Bush tem razão:
“os próximos meses se mostrarão importantes
para revelar se as Nações Unidas e
a comunidade global cumprirão a tarefa que
está diante de nós”. Se a ONU – e
a administração Bush – estão
realmente levando em conta as pessoas marchando
nas ruas de todo o mundo, eles precisam ter a coragem
de agir em prol de nosso futuro.
Fonte: Greenpeace (www.greenpeace.org.br)
Diário de Bordo
Fotos: Divulgação/Greenpeace
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