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PARQUE ECOLÓGICO
DO GUARAPIRANGA:
UM ESPAÇO DE LAZER E PRESERVAÇÃO
Panorama Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Outubro de 2003
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A
expansão da ocupação
urbana desordenada, sobretudo a partir dos
anos 70, levou uma parte considerável
da população de baixa renda,
expulsa das áreas mais valorizadas
da Capital, a ocupar as regiões periféricas,
algumas |
Pedro Calado/SMA
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de
risco, outras de proteção ambiental,
como as margens da Represa do Guarapiranga,
localizada na região Sul da cidade
de São Paulo.
Para amenizar o problema, a Secretaria do
Meio Ambiente do Estado - SMA concebeu e inaugurou,
no dia 3 de abril de 1999, o Parque Ecológico
do Guarapiranga, para promover a preservação
e proteção da fauna e flora
no entorno da represa que tem o mesmo nome,
além de proporcionar atividades de
cunho cultural, ambiental e recreativo aos
visitantes, sobretudo aos moradores da região,
muitas vezes lembrada pelos altos índices
de criminalidade. |
A
unidade de conservação localiza-se
no número 3.286 da Estrada da Riviera,
no Bairro da Riviera Paulista, na zona sul
da Capital. Com 250,30 hectares de extensão,
ocupa 7% dos 28 km no entorno da Represa do
Guarapiranga, constituindo uma proteção
contra invasões e ocupações
ilegais.
A preocupação é mais
que justificável, uma vez que a represa,
um reservatório construído entre
1906 e 1908 para regularizar a vazão
do Rio Tietê, é responsável
pelo abastecimento de cerca de três
milhões de pessoas que vivem na região
Sul da Capital e em Taboão da Serra.
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Em defesa do meio ambiente
O
projeto do Parque Ecológico do Guarapiranga
foi escolhido por meio de um concurso público
organizado pela Fundação Florestal
e Instituto de Arquitetos do Brasil, em 1991,
recebendo trabalhos de todo o país.
O projeto vencedor foi o do arquiteto Carlos
Maximiliano Fayet, que foi contratado pela
SMA para desenvolver a sua proposta, que começou
a ser executado em outubro de 1997 e finalizado
em dezembro de 1998. |
Eram
10 horas do primeiro sábado de abril
de 1999, tempo bom, quando o então
governador Mário Covas e o secretário
do Meio Ambiente anunciaram a milhares de
pessoas a inauguração do Parque
Ecológico do Guarapiranga. As catracas
registraram 8.700 visitantes nesse dia, repleto
de atividades culturais e esportivas. No dia
seguinte, foram 10.753 pessoas, recorde de
visitação até hoje.
Quem recorda tudo, “como se fosse ontem”,
é o administrador do parque, Marco
Antonio Lucena. “Aqui, eu procuro controlar
tudo; nenhuma folha de árvore se desprende
sem que eu saiba”, brinca, bem humorado, embora
demonstre rigor e perfeccionismo no que faz. |
Pedro
Calado/SMA
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Detalhes
quase imperceptíveis saltam aos seus
olhos. Das atividades ambientais às
culturais e esportivas, o uso das quadras,
dos computadores e brinquedos, tudo tem de
ser registrado ou receber sua aprovação.
Desde o projeto, o Parque Ecológico
do Guarapiranga é inteiramente planejado
para causar o mínimo dano ao meio ambiente.
A passarela que dá acesso aos seus
principais edifícios, com 500 metros
de extensão, é totalmente suspensa,
para evitar impacto no solo, as janelas dos
edifícios são grandes, para
privilegiar o uso da luz solar, e mesmo as
cortinas são feitas de papel reciclado.
Aliás, esse tipo de criação
pode ser aprendido em uma das muitas oficinas
oferecidas semanal e gratuitamente. Uma delas
ensina a transformar material reciclável,
de papelão a “pet” de refrigerante,
em artesanato, como vasos com plantas artificiais,
“origami”, porta-retratos e outros.
Do Infocentro à Brinquedoteca, do Museu
do Lixo ao Programa de Educação
Ambiental e do Anfiteatro ao Salão
Oval, o Parque Ecológico do Guarapiranga
proporciona aos visitantes atividades diversas
em meio à vegetação nativa,
replantada e remanescentes de Mata Atlântica.
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Educação
Ambiental
O
Núcleo de Educação Ambiental,
uma das propostas principais quando da concepção
do parque, permite a escolas da rede pública
e particular, faculdades e interessados agendar
visitas para aprender um pouco mais sobre
o meio ambiente, de modo geral, e, especificamente,
sobre a Bacia do Guarapiranga. |
Pedro Calado/SMA
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Os
grupos têm acesso a uma série
de atividades ambientais e culturais, com
vídeos, material institucional e debates.
Os grupos podem também percorrer as
trilhas ecológicas, aprender sobre
preservação ambiental e as micro-bacias,
por meio de uma grande maquete, que mostra
uma bacia preservada e outra sob o efeito
da devastação. Monitores voluntários
e bolsistas da Frente de Trabalho orientam
e dão explicações aos
grupos, com aproximadamente 40 pessoas. Em
pouco mais de quatro anos de atividade, cerca
de 390 grupos visitaram o parque, ou seja,
mais de 15.000 pessoas atendidas. |
Outro
local obrigatório de visita é
o Museu do Lixo, criado para sensibilizar
os adultos e conscientizar as crianças,
com um acervo de 123 peças recolhidas
no fundo do Guarapiranga, que ilustram de
um modo original os problemas causados pelo
lixo jogado pela população de
toda a bacia, mesmo de localidades distantes,
e que acaba chegando à represa pelos
rios e córregos.
Apesar de se encontrar toda espécie
de objetos, peças e restos nas diversas
regiões do reservatório, Lucena
esclarece que o lixo, em determinados locais,
tem um perfil próprio. “No Jardim Aracati,
por exemplo, região de desmanches,
são encontradas majoritariamente peças
automotivas, nas proximidades da Avenida Robert
Kennedy, onde existem muitos bares e restaurantes,
são encontradas bastantes garrafas
de bebidas e de refrigerante”, diz.
É a “geografia do lixo”, resultado
das “pegadas do bicho-homem”, termos que surgem
nas fitas institucionais e que foram incorporados
pelos monitores na apresentação
do local aos visitantes. Assim, no Museu do
Lixo, é possível ver fotocopiadora,
brinquedos, carcaça de automóvel,
ventilador e latas de refrigerante - embora
estas sejam “raridade”, pois têm grande
valor para venda a empresas de reciclagem.
O parque mantém, em contrapartida ao
processo histórico de devastação,
um grande viveiro, atualmente com mais de
16 mil mudas de plantas nativas, ornamentais
e frutíferas, com a principal utilidade
de arborizar e repovoar áreas desmatadas
no entorno da represa. Lucena destaca o apoio
inestimável que a Polícia Militar
Ambiental presta para a manutenção
do viveiro, ajudando no transporte de terra
fértil, para a formação
de mudas.
O diretor estuda, inclusive, uma proposta
de homenagem ao soldado Ariosvaldo Cordeiro,
morto recentemente ao tentar evitar um assalto,
dando seu nome ao viveiro, que tem capacidade
para produção de 200 mil mudas.
O soldado Cordeiro, que ficou paralisado de
agosto de 2001 até maio deste ano,
era apaixonado por plantas e pelo viveiro.
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Cultura e recreação
O
Parque Ecológico do Guarapiranga desenvolve,
ainda, atividades culturais e esportivas,
e para maior conforto dos visitantes oferece
um ambulatório médico e um fraldário
nos fins de semana. Há também
um grande espaço reservado a esportes
e recreação, com “playground”,
duas redes para vôlei em areia, dois
campos de futebol, uma quadra de futebol de
salão e outra poliesportiva, tudo ao
ar livre. |
Pedro Calado/SMA
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Voluntários
atendem nas manhãs de terça
e quinta-feira, no Salão Oval, um grupo
de “terceira idade”, com 287 alunas cadastradas,
das quais 73 participam ativamente de atividades
como ginástica chinesa e ioga, além
de oficinas temáticas sazonais. Na
última quinta-feira de cada mês,
os idosos se entregam à dança,
num baile que ocorre das 14 às 16,30
horas.
Outra atividade cultural importante acontece
no Anfiteatro, com capacidade para 90 espectadores,
que já abrigou 18 espetáculos
teatrais, montados por quatro grupos voluntários.
Lucena contabiliza 31.483 pessoas que assistiram
a esses eventos desde a inauguração
do parque. |
O
diretor destaca, ainda, a Brinquedoteca, com
patrocínio da empresa de brinquedos
Estrela, que recebe diariamente cerca de 35
crianças. Outra conquista, segundo
ele, é o Infocentro, implantado em
convênio com o programa estadual Acessa
São Paulo, que oferece à comunidade
dez computadores, com conexão à
“internet”. Em média, 160 pessoas visitam
esse espaço todos os dias.
Inaugurada no dia 1º de julho de 2000,
a Biblioteca “Noemia Alves de Siqueira” conta
com um acervo de 8.313 publicações
e mais 7.000 a serem classificadas. É
a única da região a atender
aos sábados, domingos e feriados. Mais
de seis mil usuários já consultaram
os livros da biblioteca, cujo nome homenageia
uma ex-freqüentadora, já falecida.
A “geração saúde” também
tem vez no Parque Ecológico do Guarapiranga,
com seus campos, quadras e trilhas. Atualmente,
um grupo de 37 pessoas pratica os passos de
capoeira regional nos finais de semana. Com
o objetivo de tirar os jovens da rua e iniciá-los
na prática de esportes, voluntários
mantêm equipes de futebol mirim. Cerca
de 160 garotos treinam duas vezes por semana
em horários alternados e jogam aos
sábados, entre eles e contra times
convidados. No ano passado, o Grêmio
Juventude, representando o parque, foi campeão
na categoria infantil da primeira “Copa Cafu”.
A Equipe Correr, um grupo de maratonistas
composto por cerca de 40 pessoas, corre nas
trilhas do parque todo primeiro domingo do
mês. Essas trilhas são abertas
a todos. “É só procurar a voluntária
Edinalva, no Núcleo de Atletismo, todos
os sábados, mas quem preferir fazer
trilhas, a atividade acontece sempre no primeiro
domingo de cada mês”, lembra Lucena.
Há, também, para os “apressadinhos”,
uma pista de “cooper” de mil metros, a única
da região. |
Programa
Guarapiranga
Criado por meio do
Decreto Estadual 30.442, de setembro de 1989, o
Parque Ecológico do Guarapiranga foi construído
dentro do Programa de Saneamento Ambiental da Bacia
do Guarapiranga, que teve como principal objetivo
assegurar a qualidade da água do reservatório.
Iniciado em dezembro de 1992 e concluído
seis anos mais tarde, o Programa Guarapiranga foi
implementado por meio de um convênio firmado
entre o Governo do Estado e o Banco Mundial, que
investiu US$ 262 milhões nessa iniciativa
que envolveu, ainda, a Companhia de Desenvolvimento
Habitacional e Urbano - CDHU, Prefeitura de São
Paulo, SABESP e a Secretaria de Recursos Hídricos,
além da SMA, responsável pelas ações
de proteção ambiental e implantação
e gestão de parques, repovoamento vegetal
e estudos referentes à qualidade da água.
Entre os resultados do programa, estão o
aumento de áreas verdes na bacia, análise
atualizada e abrangente da qualidade da água,
recuperação de áreas degradadas,
reurbanização do espaço público
e a criação de áreas de lazer
para a população carente.
O Programa Guarapiranga possibilitou, além
do Parque Ecológico do Guarapiranga, que
é o maior e mais importante, a criação
de outros cinco: Parque da Ilha dos Eucaliptos,
uma ilhota localizada na porção esquerda
da represa, o Parque da Represinha, em Itapecerica
da Serra, Parque Temático de Itapecerica
da Serra, Parque do Lago Francisco Rizzo, em Embu,
e o Parque Várzea do Embu-Guaçu, em
Embu-Guaçu.
Fonte: Secretaria Estadual de Meio
Ambiente de São Paulo (www.ambiente.sp.gov.br)
Assessoria de imprensa (Osmar Soares de Campos Filho)
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