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DEPUTADOS
APROVAM CRIAÇÃO DE SISTEMA PARA
PREVENÇÃO A DESASTRES AMBIENTAIS
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2003
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Os deputados da Comissão
de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias
da Câmara aprovaram a iniciativa do Ministério
do Meio Ambiente (MMA) para a criação
de um Sistema de Resposta Rápida a Emergências
Ambientais, como deslizamentos, desabamentos, enchentes
ou inundações, incêndios florestais,
vazamentos de produtos tóxicos. A idéia
foi anunciada aos parlamentares nesta quarta-feira,
em audiência pública sobre o desastre
ambiental oriundo do derrame de resíduos tóxicos
da Cataguazes Indústria de Papel, que atingiu
Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Participaram do encontro Claudio Langone, secretário-executivo
do MMA, Nilvo Luiz Alves da Silva, presidente-substituto
do Ibama, Jerson Kelman, diretor-presidente da Agência
Nacional de Águas, e representantes dos órgãos
estaduais de Meio Ambiente de Minas Gerais e do Rio
de Janeiro, da Companhia de Água e Esgotos
do Rio de Janeiro, da Câmara de Vereadores de
Cataguases, da Defesa Civil. A Cataguazes Indústria
de Papel não enviou representantes à
audiência.
De acordo com Langone, todas as ações
possíveis, frente à realidade atual
do Sisnama (Sistema Nacional do Meio Ambiente), foram
tomadas de forma conjunta pelas diversas instâncias
de governo para minimizar os impactos ambientais,
sociais e econômicos após o derrame de
resíduos. "Precisamos de um sistema nacional
que possibilite a prevenção e o combate
rápido e efetivo a esse tipo de problema. O
sistema trataria ainda da identificação
de profissionais e de instituições que
pudessem contribuir com sua técnica e conhecimento",
disse. Conforme o secretário-executivo do Ministério,
há a necessidade urgente de se obter fontes
de financiamento para identificar e aliviar o passivo
ambiental no país, e é flagrante a necessidade
de mais ações preventivas.
Nilvo Silva explicou as ações tomada
pelo Ibama. Segundo ele, os resíduos que foram
derramados nos mananciais de Minas Gerais e Rio de
Janeiro eram sobras da produção de celulose,
em um estágio primário. "O material
que vazou não era oriundo do processo de branqueamento
com cloro, o que o isenta da presença de dioxinas,
por exemplo, que é um poluente orgânico
persistente", explicou. O presidente do Ibama,
Marcus Barros, e o diretor de Proteção
Ambiental do Instituto, Flávio Montiel, se
encontram na região atingida acompanhando o
combate aos efeitos do desastre. Ainda não
existem dados conclusivos sobre o derrame de resíduos.
Para Jerson Kelman, ainda precisam ser identificadas
as reais causas do vazamento do primeiro reservatório
de resíduos da Cataguazes Indústria
de Papel, que tem capacidade para 1,2 bilhão
de litros. Um segundo reservatório, da mesma
empresa, possui cerca de 700 milhões de litros
armazenados. "Esse material deverá ter
uma destinação ambiental adequada antes
do início das chuvas, evitando nova tragédia",
salientou. Kelman informou ainda que a primeira barragem
está sendo recuperada, e que está prevista
a instalação de um sistema de monitoramento
da água no Paraíba do Sul.
Passivo ambiental
Para a ministra Marina
Silva, o maior problema quanto ao passivo ambiental
brasileiro é o fato de esse mesmo passivo não
ter sido tratado até o momento com uma política
pública, de governo. De acordo com ela, não
há um levantamento preciso sobre a situação
no país, e, como a maioria desse passivo se
encontra no âmbito estadual, será desenvolvida
uma ação conjunta com esses governos.
"A maioria dos problemas ambientais em nosso
país se deve a uma concepção
antiga, de que o meio ambiente suportaria todo tipo
de impacto, do desenvolvimento a qualquer custo",
explicou. "Nosso tarefa agora é continuar
trabalhando para mudar essa visão e para que
não sejam relegados novos passivos às
gerações futuras", disse a ministra.
Um projeto, ainda em formatação, é
o de implementar, de forma inédita no Brasil,
um Sistema de Resposta Rápida a Emergências
Ambientais, divididas em dois grupos: um de origem
em fenômenos climáticos e outro com origem
em vazamentos de produtos perigosos, incluídos
o petróleo e seus derivados. Um seminário
deve se realizar ainda este mês para encaminhar
esse tema. "Estamos há menos de cem dias
no governo, mas esse passivo vem de muitos anos. Seria
injusto cobrar soluções imediatas para
problemas antigos. Somos herdeiros desse passivo",
salientou Marina Silva.
Esse Sistema deverá se articular com outros
já existentes, tanto na esfera governamental
(federal, estadual, municipal) como nos setores público
e privado (instituições de ensino e
de pesquisa), de modo que atribuições
já exercidas por outros órgãos,
além do MMA e Ibama, possam ser aproveitadas
e/ou aprimoradas. "Com esse levantamento, veremos
que a situação é precária,
mas ele precisa ser feito para que possamos tomar
as necessárias ações para reverter
esse quadro", disse a ministra.
Deverão ser adotados alguns princípios
e ações para a efetivação
do Sistema, como: descentralização para
resposta rápida; protocolos de comunicação
(centralização); monitoramento ambiental
informatizado; e criação de uma base
de dados sobre riscos ambientais nos municípios
brasileiros.
Fonte: Ministério do Meio
Ambiente (www.mma.gov.br)
Assessoria de imprensa |