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FEEMA DIVULGA
RESULTADO DO MONITORAMENTO DAS
ÁGUAS DO RIO POMBA E PARAÍBA
DO SUL
Panorama Ambiental
Belo Horizonte (MG) – Brasil
Abril de 2003
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Monitoramento
das Águas dos Rios Pomba e Paraíba do
Sul
Caracterização do Acidente
Em 29 de março
de 2003, foi ativado pela FEEMA o monitoramento emergencial
da qualidade das águas dos rios Pomba e Paraíba
do Sul, em função do derramamento de
1,4 milhões de m³ de efluente industrial,
ocasionado pelo rompimento da barragem de rejeitos
da Fabrica de Papeis Cataguazes, localizada no Município
de Cataguazes, Estado de Minas Gerais.
Em termos de danos ambientais, pode-se afirmar este
acidente como de grande e extensa proporção,
na medida em que provocou a interrupção
de água potável para a população
de 8 Municípios localizados no trecho norte
e noroeste fluminense, afetando uma população
de aproximadamente 600.000 habitantes. Mais ainda
provocou a morte de toda a ictiofauna dos rios Pomba
e Paraíba - trecho compreendido entre o rio
Pomba e a foz-, além de causar, pelo arraste
das águas, a morte de animais de grande porte.
Caracterização
do Efluente
A caracterização
do resíduo líquido foi realizada por
meio de análises de laboratório, visando
à determinação de contaminantes
orgânicos, metais pesados, físico-químicos
e testes de toxicidade.
Dos resultados obtidos nessas análises, e comparados
às normas e padrões para efluentes líquidos
e ao CONAMA n. 20, art. 21, podemos concluir que os
seguintes padrões apresentaram concentrações
acima dos valores preconizados pelas legislações
acima citadas, ratificando, conseqüentemente,
a inadequação para lançamento
em corpos d’água.
Parâmetros
Total de fenóis
/ mg/L
NT-202 - 0,2
Resolução CONAMA n. 20/86, art.21 -
0,5
Resíduo do dique acidentado - 1,10 pH / UpH
NT 202 - 5 a 9
Resolução CONAMA n. 20/86 art.21 - 5
a 9
Resíduo do dique acidentado – 14
Toxicidade / Utp
NT 213 R-4 – 8
Resíduo do dique acidentado - 32
DQO / mg/L
DZ 205 R5 – 200
Resíduo do dique acidentado - 25.000
OBS: Os valores de
mercúrio (2 microgramas/L) não ultrapassaram
os valores preconizados pela NT 202 e o artigo 21
do CONAMA n. 20 (10 microgramas/L)
Os demais metais analisados,
somente o ferro (70 mg/L), o alumínio (60 mg/L)
e sódio (7100 mg/L) apresentaram altas concentrações,
o que pode ter contribuído para a presença
desses metais nas amostras de água coletadas.
Cabendo ainda, ressaltar que o ferro e o sódio
não são um parâmetro de controle
de efluentes e o ferro se encontra naturalmente distribuído
em todo o Estado.
Quanto aos orgânicos analisados foram encontrados
traços de antraquinona em concentrações
muito baixas (0,93 mg/L).
Considerando o lançamento de 1,4 bilhões
de litros deste efluente, concluímos que foi
lançada a seguinte carga:
Fenóis - 1,54
Ton
DQO - 35. 000 Ton
Mercúrio - 2,8 Kg
Avaliação
da Qualidade da água dos rios Pomba e Paraíba
do Sul
Na medida em que o
objetivo primordial do Governo do Estado do Rio de
Janeiro, neste momento, é restabelecer o abastecimento
público de água aos Municípios
atingidos pelo acidente, a FEEMA vem avaliando os
resultados do monitoramento visando a qualidade da
água bruta a ser captada e tratada, ou seja,
em atendimento aos padrões da Classe 3 do CONAMA
n. 20. Não obstante, estes resultados estão
sendo também avaliados no âmbito da meta
estabelecida para o rio Paraíba do Sul, de
preservação de flora e fauna naturais,
determinada pela Classe 2 do CONAMA n. 20.
Deslocamento
e Caracterização da Onda de Contaminantes
nos Corpos d´Água:
Inicialmente,
observou-se que a onda de contaminantes se deslocava
em direção à foz do rio Paraíba
do Sul, com velocidade aproximada de 0,5m/s; tendo
o deslocamento da mancha provocado um efeito devastador,
em seu pico, tanto sob o ponto de vista visual quanto
para a fauna e flora aquática, principalmente
pela sua extensão. A principal causa detectada
para a morte da ictiofauna, pôde ser atribuída,
a princípio, à falência completa
do oxigênio dissolvido na coluna d’água,
resultante da matéria orgânica despejada,
por ocasião do acidente, e à alteração
brusca do pH.
As medidas adotadas pela FEEMA e Defesa Civil para
deter o lançamento dos resíduos na área
dos diques da empresa Cataguazes de Papel, em Minas
Gerais, vêm mantendo praticamente estanque,
até o momento, o lançamento de resíduos
para o Córrego Cágado e o rio Pomba.
De modo geral, pode-se afirmar, que a iniciativa de
liberação das águas de barragens
ao longo deste trecho, a montante dos rios Pomba e
Paraíba do Sul, foi bem sucedida, na medida
em que acelerou a chegada da imensa mancha à
foz do Rio Paraíba do Sul em seu delta. Destacando-se,
ainda, que essa medida possibilitou, também,
o arraste de poluentes, e funcionou como forma de
purgar os rios.
Outra medida que vem sendo adotada pela Secretaria
Estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais, é
a retirada por sucção do resíduo
ao longo das margens do córrego do Cágado.
Com base nos dados obtidos no monitoramento emergencial
e no monitoramento estabelecido para acompanhar o
desdobramento dos efeitos do acidente nas águas
dos rios Pomba e Paraíba do Sul, pode-se observar
que os parâmetros pH, OD, Condutividade, Fenóis,
DQO e alguns metais, que inicialmente estavam acima
dos padrões recomendados, já se apresentam
em conformidade com os níveis estabelecidos
para a Classe 3, da CONAMA 20; conforme apresentado
nas tabelas em anexo. No caso dos parâmetros
mercúrio e chumbo, cabe ressaltar que os valores
obtidos já se encontravam condizentes com os
valores estabelecidos para água destinada ao
abastecimento público.
As medidas adotadas mostraram-se eficientes no sentido
da melhoria da qualidade das águas dos rios,
sendo, ainda, comprovadas pelos resultados que vêm
sendo obtidos no monitoramento sistemático/diário
realizado pela FEEMA, e nas avaliações
realizadas a cada hora para os parâmetros OD,
pH, cor, turbidez, resíduos totais e resíduos
não filtráveis totais; o que dá
condição á FEEMA de subsidiar
as instâncias decisórias no sentido de
permitir a captação de água para
tratamento convencional, de todo o trecho afetado,
até o Município de São João
da Barra.
Os demais usos da água, tais como irrigação
de culturas arbóreas, cerealíferas e
forrageiras, dessedentação de animais,
entre outros, serão avaliados caso a caso.
Por outro lado, cabe destacar que a FEEMA manterá
o monitoramento sistemático, na localidade
de Paraoquena, com a realização de amostragens
de hora em hora, para a determinação
de cor, turbidez, resíduos totais e resíduos
não filtráveis totais, OD, pH e Condutividade,
como forma de detectar, ainda, possíveis alterações
na qualidade da água; e coletas três
vezes ao dia para a realização de análises
físico-químicas, detecção
de metais, toxicidade e orgânicos, ao longo
dos rios Pomba e Paraíba, nas estações
de amostragem próximas as tomadas d’ água.
Conjuntamente, está sendo elaborado um Plano
de Monitoramento Específico, visando avaliar
e identificar as ações necessárias
à recuperação dos rios, no âmbito
da Classe 2 do CONAMA n. 20, ou seja, abastecimento
doméstico após tratamento convencional,
proteção das comunidades aquáticas,
recreação de contato primário,
irrigação de hortaliças e plantas
frutíferas e criação natural
e/ou intensiva (aqüicultura) de espécies
destinadas à alimentação humana.
Fonte: Feema - Secretaria do Meio
Ambiente do Rio de Janeiro
Assessoria de imprensa |