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CARTILHA
DA PRÓ-CARNÍVOROS AJUDA
A EVITAR ATROPELAMENTO DE LOBOS-GUARÁS
Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2003
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Lobos-guarás são
vítimas nas estradas brasileiras
Das
vinte e seis espécies de carnívoros
existentes no país, o lobo-guará
(Chrysocyon brachyurus) é seguramente
uma das maiores vítimas dos atropelamentos
nas estradas brasileiras. Dados coletados
na Estação Ecológica
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Águas
Emendadas, no Distrito Federal, apontam que,
em média, mais de quatro lobos-guarás
são mortos anualmente debaixo das rodas
de veículos que passam em alta velocidade
pela rodovia que margeia a reserva.
Se projetados para outras regiões,
os dados revelam um grave problema para a
conservação da espécie
que está na lista da fauna brasileira
ameaçada de extinção.
O índice de atropelamentos dos lobos-guarás
é considerado altíssimo para
um animal cuja população é
escassa e encontra-se em situação
vulnerável na nova Lista das Espécies
Brasileiras Ameaçadas de Extinção.
O lobo-guará é uma das prioridades
do Centro Nacional de Pesquisa para Conservação
dos Predadores/Cenap, do Ibama, e da Associação
Pró-Carnívoros, informa Ronaldo
Morato, coordenador técnico do centro.
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Segundo
ele, o Cenap e a Associação
Pró-Carnívoros preparam junto
com os demais especialistas no assunto, uma
plano de ação nacional que pretende
garantir a sobrevivência da espécie
que se tornou bandeira da conservação
ambiental e símbolo do Cerrado.
Estudioso sobre os lobos-guarás, o
professor Flávio Rodrigues, da Universidade
de Brasília e da Pró-Carnívoros,
aponta que as principais causas dos atropelamentos
são o excesso de velocidade e a falta
de sinalização nas estradas
e rodovias e a inexistência de vias
especiais de acesso subterrâneo para
os animais cruzarem a pista. “Sinalização
só não basta”, adverte o pesquisador.
Segundo ele, é preciso que haja orientações
constantes aos motoristas e dispositivos de
controle de velocidade em regiões de
ocorrência dos lobos-guarás,
principalmente nas imediações
das Unidades de Conservação. |
Para
orientar os motoristas, a Associação
Pró-Carnívoros elaborou uma
cartilha com principais procedimentos a serem
adotados pelos motoristas que circulam em
regiões onde existem lobos-guarás.
Maior canídeo da América do
Sul, o lobo-guará é característico
de ambientes abertos, principalmente os Cerrados.
Podem ser encontrados também em campos
sulinos e têm sido registrados ainda
em regiões desmatadas de Mata Atlântica,
que se tornaram campos abertos.
Existem populações de lobos-guarás
nas matas do Distrito Federal, Goiás,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins,
Bahia, sul do Piauí, Maranhão,
Minas Gerais, São Paulo, Paraná
e Rio Grande do Sul. De acordo com o pesquisador
Ronaldo Morato, do Cenap/Ibama, os lobos-guarás
necessitam de grandes extensões de
área de vida para manter uma população
viável. O tamanho das áreas
para os animais e a característica
territorial da espécie impedem que
grandes densidades populacionais sejam atingidas. |
Segundo
ele, a intenção dos especialistas
é iniciar ainda este ano uma levantamento
em todo o território nacional para
conhecer melhor a população
dos lobos-guarás. Os recursos deverão
sair do Fundo Nacional do Meio Ambiente, que
estabeleceu novas perspectivas de financiamento
de pesquisas e ações de conservação
para animais silvestres brasileiros ameaçados
de extinção, como é o
caso do lobo-guará.
Mito - A vida dos lobos é cercada de
histórias, lendas e mitos que, nem
sempre fazem jus ao comportamento da espécie.
A fama de feroz e comedor de galinhas é
pura maldade. Na verdade, os lobos-guarás
são animais arredios que só
se aproximam das áreas urbanas quando
lhes faltam regiões selvagens por onde
peregrinar. |
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Quanto às galinhas, os pesquisadores
garantem que a dieta dos lobos-guarás
é diversificada, caracterizada por
frutos silvestres ou animais de pequeno porte
que ele caça durante suas incursões
noturnas. Galinhas são item raro na
alimentação dos lobos. Entram
no cardápio só quando o homem
não deixa para os lobos nenhuma outra
alternativa de sobrevivência. Para evitar
os atropelamentos de lobos-guarás nas
estradas brasileiras, a Associação
Pró-Carnívoros preparou uma
cartilha que orienta os motoristas sobre as
melhores formas de proceder ao volante principalmente
nas imediações das unidades
de conservação tais como parques
nacionais, estações ecológicas
e reservas biológicas. A cartilha está
disponível no site www.procarnivoros.org.br.
Escrita em forma de perguntas e respostas,
a cartilha é um dos instrumentos que
os pesquisadores encontram para ajudar a garantir
a sobrevivência dos lobos-guarás,
considerados ameaçados de extinção
pelo Ibama. Eis alguns trechos da cartilha:
Ao dirigir, o que fazer para diminuir a chance
de atropelamento de fauna? Respeite o limite
de velocidade e ande até abaixo dele
próximos de Unidades de Conservação
- Parques e Reservas. Evite trafegar nos horários
de crepúsculo, quando os animais são
mais ativos. Diminua a velocidade ao passar
próximo aos rios. Os animais são
freqüentes nestes locais.
O que devo fazer ao ver um animal silvestre
atropelado? Para sua segurança, não
pare na pista. O acostamento das rodovias
deve ser utilizado apenas para situações
de emergência. Anote a estrada, a quilometragem
na estrada, se era de terra, de asfalto e
com quantas faixas, o sentido da pista, a
espécie de animal que você acha
que era, as condições do tempo
(chuva, neblina, etc), data, hora, se foi
você quem atropelou, se presenciou o
atropelamento ou se apenas encontrou a carcaça
já morta. Posteriormente você
passará estas informações
para a Pró-Carnívoros no 11
– 6232 6256.
Se a estrada está sob responsabilidade
de uma concessionária, você deve
imediatamente informá-los sobre o atropelamento.
Eles devem providenciar o socorro do animal
se ele estiver ferido, ou a retirada da carcaça,
se já estiver morto. Se não
for retirada do local, a carcaça poderá
atrair animais carniceiros para a pista e
logo eles também poderão ser
atropelados.
Se você decidir parar no acostamento
para observar melhor o animal, lembre-se:
Não toque no animal. Se ele estiver
ferido poderá agredir você. Mesmo
morto, pode lhe transmitir doenças
muito perigosas. Se fotografar, lembre-se
de colocar algo ao lado da carcaça
para servir de parâmetro do tamanho
(uma caneta, uma caixa de fósforos,
etc). Em breve você poderá enviar
esta foto juntamente com o formulário
para que seja possível quem sabe a
confirmação da espécie.
O que vai ser feito com as informações
que você fornecer? Sua informação
será somada à de outros motoristas
e, com o tempo, esperamos poder apontar, neste
site, rodovias e trechos específicos
com maior número de ocorrências
relatadas pelos internautas. Com isso: antes
de sair em viagem você poderá
checar se vai passar por algum trecho muito
citado e, assim, dirigir com cuidado nestas
áreas; Jornais, escolas, ONGs, e pesquisadores
de universidades próximas destes locais
poderão se voltar para o problema procurando
a melhor solução local; Eventualmente,
em casos em que fique registrada taxa expressiva
de acidentes com fauna, a Pró-Carnívoros
poderá diretamente promover ações
para comprovar cientificamente o relatado
pelos internautas e encaminhar soluções.
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Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Assessoria de imprensa
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