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FÍSICO
AUSTRÍACO ENCERROU O SEMINÁRIO
PARA UM BRASIL SUSTENTÁVEL
Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Agosto de 2003
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“O Brasil pode ser
um exemplo para o mundo”, afirmou o físico
e teórico de sistemas Fritjof Capra na sessão
pública dos Diálogos para um Brasil
Sustentável, nesta sexta-feira (15), na Academia
de Tênis de Brasília. Especialistas
estrangeiros e brasileiros elaboraram durante a
semana subsídios para a 1a Conferência
Nacional do Meio Ambiente, que acontece de 28 a
30 de novembro, na capital federal.
Os projetos e as políticas propostas nas
áreas de ecodesign, agroecologia, educação
e energia estão baseados no reconhecimento
da interdependência fundamental entre a sociedade
e o ambiente natural. “Eles podem diminuir a destruição
dos recursos naturais, criar empregos, dar poder
às comunidades locais e ajudar a aliviar
a fome e a miséria. As idéias e as
tecnologias para criar um Brasil sustentável
estão disponíveis hoje. Muitas delas
foram criadas por indivíduos e instituições
brasileiras, e não precisam de investimento
adicional. Pelo contrário, economizam dinheiro
que pode ser usado no Fome Zero e em outros programas
sociais”, explicou Capra.
No entanto, o autor de livros como “O Tao da Física”
e “A Teia da Vida” ressaltou que, para estes projetos
terem sucesso, é preciso pensar e agir de
modo sistêmico. Para ele, um Brasil Sustentável
só será possível trabalhando
em várias áreas de modo simultâneo,
e integrando todas as políticas. “Esta é
uma tarefa difícil, e só terá
sucesso por meio da cooperação total
entre os três centros de poder - governo,
sociedade civil e o empresariado”, alertou.
O físico ressaltou que, com lideranças
como a do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,
o governo tem o poder de motivar e de inspirar o
povo brasileiro. “A sociedade civil tem os valores
e as idéias que fundamentam as novas propostas,
e os empresários têm a capacidade de
gerenciamento de resolver problemas que necessitam
de projetos diversos e coordenados”, disse.
Capra lembrou ainda que a sociedade civil já
se reuniu por três vezes, em Porto Alegre
(RS), para o Fórum Social Mundial, e que
o presidente Lula participou das três edições
do evento. “Há uma tremenda vontade de ajudar
o Brasil, que também pode ser muito importante
para a sociedade civil global. Toda vez que podemos
expressar nossos valores, idéias e projetos
através de um governo no poder, isto legitima
o que estamos fazendo. E não importa onde
está este governo, porque hoje estamos globalmente
conectados. Nós podemos ajudar muito o presidente
Lula, mas ele também pode nos ajudar. O Brasil
pode ser um exemplo para o mundo. E como nós
dissemos em Porto Alegre, um outro mundo é
possível”, salientou.
PASSOS
O primeiro passo
para a sustentabilidade é a alfabetização
ecológica, na visão de Capra. Para
ele, é necessário entender os princípios
de organização da natureza para planejar
comunidades de acordo com estes princípios.
É preciso uma pedagogia apropriada. “O nosso
trabalho no Centro de Ecoalfabetização
da Califórnia tem muitas semelhanças
com a pedagogia e o trabalho pioneiro de Paulo Freire”,
reconheceu. Ele informou também que há
material disponível em português sobre
ecoalfabetização na página
do Instituto Ecoar para a Cidadania (www.ecoar.org.br),
um dos parceiros do MMA nos Diálogos.
De acordo com Fritjof Capra, o segundo passo para
a sustentabilidade é o ecodesing. “Precisamos
usar nosso conhecimento ecológico para repensar
nossas tecnologias e instituições
sociais”, ressaltou. Planejar, no sentido mais amplo,
é definir os fluxos de energia e matéria
prima para o uso humano. O design ecológico
exige uma mudança fundamental de atitude
diante da natureza, uma mudança do que nós
podemos extrair para o que nós podemos aprender
da natureza. Ele também ressaltou que projetos
de sucesso com habitação, energia,
transporte e alimentação, por exemplo,
são excelentes ferramentas para disseminar
o conhecimento ecológico.
Na transição para uma sociedade sustentável,
mudanças na produção de energia
são cruciais. Devido ao papel crítico
das emissões de carbono (poluição)
na mudança do clima da terra, é evidente
que os combustíveis tradicionais estão
com os dias contados. A mudança dos combustíveis
fósseis para o uso de energias renováveis
é um componente central de toda a estratégia
ecológica. “O Brasil é hoje o país
que mais produz e usa energia renovável.
Propusemos uma série de políticas
e projetos para continuar e expandir as fontes renováveis,
assim como métodos capazes de melhor a eficiência
energética de modo a criar empregos e diminuir
o desperdício”, informou o físico
austríaco.
“Os transgênicos não são somente
incompatíveis com uma agricultura sustentável,
mas são incompatíveis com qualquer
outro tipo de agricultura. Como a adoção
de larga escala na Argentina mostrou, esta tecnologia
seria um desastre para o Brasil e deve ser evitada”,
afirmou Capra em nome dos especialistas em agricultura
que participaram dos Diálogos para um Brasil
Sustentável. Foi proposta uma mudança
gradual da agricultura química de larga escala
para a agroecologia focada na agricultura familiar.
Fonte: Ministério do Meio
Ambiente (www.mma.gov.br)
Assessoria de imprensa