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INVESTIDORES
DA MONSANTO CORREM SÉRIOS RISCOS
Panorama Ambiental
Nova Iorque – EUA
Abril de 2003
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Relatório
sobre investimentos dá a pior cotação
possível para a multinacional norte-americana
A gigante agroquímica
Monsanto recebeu a pior cotação possível
- três Cs - em termos de gerenciamento estratégico
e ambiental, de acordo com a Innovest Strategic
Value Advisors, uma empresa global de pesquisas
sobre investimentos ambientais e sociais. O relatório
da Innovest, "Monsanto e Engenharia Genética:
Riscos para Investidores", encomendado pelo
Greenpeace, foi lançado hoje pela manhã
em uma reunião no Harvard Club, em Nova Iorque
(EUA).
O relatório, publicado apenas alguns dias
antes da reunião anual da Monsanto, alerta
acionistas e potenciais investidores da Monsanto
sobre "as chances de risco acima da média
e uma forma de gerenciamento pouco sofisticada".
Os analistas da Innovest prevêem que "ela
[Monsanto] deve ficar abaixo da média do
mercado no médio e longo prazo".
A Monsanto sofreu perdas de US$ 1,7 bilhão
no último ano e não conseguiu abrir
novos mercados para seus controversos produtos geneticamente
modificados. Além disso, a Monsanto continua
adotando a duvidosa estratégia de apostar
numa rápida aceitação global
dos produtos transgênicos. O próximo
alvo da Monsanto é o trigo geneticamente
modificado, que está sendo boicotado por
fazendeiros e pela indústria de alimentos
nos mercados mais importantes, como Estados Unidos
e Canadá, mesmo antes de sua aprovação.
"Apesar das perdas do último ano terem
levado a uma mudança na direção
da empresa, isso não levou a uma mudança
nas estratégias de negócios. Se a
Monsanto não tomar as medidas necessárias
para mitigar seus grandes riscos de mercado, os
investidores podem ter ainda mais perdas",
disse Frank Dixon, diretor da Innovest Strategic
Value Advisors. "O risco de grandes perdas
financeiras graças a falhas tecnológicas
e à poluição genética,
somado com a contínua rejeição
do mercado aos produtos transgênicos, fazem
da Monsanto um investimento pouco interessante".
A análise da Innovest sobre os riscos e responsabilidades
associados aos negócios de engenharia genética
da Monsanto dedica especial atenção
à inevitabilidade da contaminação
por transgênicos. Referindo-se ao exemplo
do escândalo da contaminação
do milho StarLink em 2000, no qual a empresa Aventis
perdeu US$ 1 bilhão, a Innovest estimou que
a perda financeira potencial da Monsanto no caso
de um "cenário StarLink" seria
de US$ 3,83 por ação.
Em seu estudo sobre os mercados chave para a Monsanto,
a Innovest ressaltou a falta de aprovação
legal e a inflexível oposição
dos consumidores, que continuam a bloquear as plantações
transgênicas da empresa. Os alimentos transgênicos
constituem um dos grupos de produtos mais rejeitados
na história, e grandes importadores de alimento,
como a China, o Japão e a Coréia,
recentemente adotaram a onda restritiva da Europa.
Mesmo nos EUA, mais de 90% dos consumidores agora
querem que os alimentos transgênicos sejam
rotulados e 1/3 rejeitariam alimentos transgênicos
se pudessem escolher.
"O negócio principal da Monsanto continua
sendo com seus produtos agroquímicos, mas
a queda de 24% das vendas de Round-up e de outros
herbicidas não-seletivos no ano passado deixou
a empresa vulnerável e cada vez mais desesperada.
A Monsanto parece estar cavando sua própria
cova com essa estratégia transgênica",
concluiu Lindsay Keenan, especialista de mercados
do Greenpeace.
Fonte: Greenpeace (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa