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INCRA E INPA REFORÇAM ACORDO DE ATUAÇÃO PARA AVANÇAR NA REFORMA AGRÁRIA E MANTER A FLORESTA EM PÉ

Panorama Ambiental
Manaus (AM) – Brasil
Junho de 2003

Maximizar o apoio das instituições federais, estabelecidas no Amazonas, ao desafiador processo de reforma agrária, a ser realizada mantendo a floresta de pé, foi a principal motivação da visita do Superintendente Regional do INCRA, João Pedro Gonçalves, ao Diretor do Instituto José Gomes e sua equipe. Participaram da reunião o Chefe da Coordenação de Pesquisas em Ciência Agrárias (CPCA), Kaoru Yuyama, vários pesquisadores, que trabalham com sementes, a Assessora de Relações Institucionais, Sônia Alfaia, a Coordenadora de Extensão, Sandra Noda, do INPA, e a Chefe da Divisão de Suporte Operacional do INCRA, Socorro Feitosa.
João Pedro explicou que através do projeto de assentamento no Município de Presidente Figueiredo, o INCRA, já vem mostrando que é viável o aproveitamento das potencialidades de cada local. Mas que pretende uma discussão mais ampla, para que haja uma interação e uma única linguagem no âmbito do Governo Federal. Ou seja, todos os órgãos discutindo suas atuações, mas traçando suas regras e projetos, com a preocupação na biodiversidade, nas questões das terras indígenas, na preservação com sustentabilidade, levando em consideração e buscando com o INCRA como fazer reforma agrária mantendo a floresta.
João Pedro disse que deseja compartilhar isto com o INPA e com o máximo de instituições que possam contribuir dentro desse novo conceito de reforma agrária. Disse ainda que o INPA é uma das principais Instituições que já desenvolvem trabalhos nessa área de atuação.
O Superintendente informou também que dos 45 projetos de assentamentos do INCRA Regional, a instituição priorizou 12 e é para esses projetos que busca as parcerias imediatas, afinal, "só é possível dar os passos do tamanho de nossas pernas", comentou.
O Diretor José Gomes (INPA) afirmou que "este é também um anseio do INPA; começar a dar conseqüências a essas demandas, retirando das prateleiras o que o Instituto produz", pois há o vínculo de vários setores da Instituição com produtores rurais, e muitos trabalhos realizados que não são divulgados. Gomes exemplificou que a Coordenação de Silvicultura vem realizando trabalhos que poderão fazer parte dessa interação com o INCRA. Disse, também, que há o interesse mútuo, para fazer a mudança, ou seja, trabalhar com a floresta , com suas potencialidades, com produção, fugindo da reforma agrária tradicional, de desmatamento.
João Pedro considera importante inaugurar o mais breve possível esse novo perfil e exemplificou o que procura: "como trabalhar com abelhas e comercializar seus produtos; ou com andiroba, etc..."

Fome Zero

Ao finalizar, estabeleceu-se, além do desenvolvimento de um trabalho voltado para pequenos pomares rurais, um grupo que implementará o convênio já existente entre as duas instituições, montando os projetos para os aditivos, que estabelecerão também outras parcerias, como a do Governo do Estado e seus órgãos participantes, inclusive com assistência técnica.
O INPA já atua fornecendo assistência em piscicultura, em saúde, em alguns assentamentos, mas pretende que sua atuação seja mais bem estruturada e coletiva. Deseja, também implementar outros projetos como o da farinha de pupunha, que já faz parte da merenda escolar da rede estadual de ensino do Amazonas.
Nos últimos anos, o Grupo de Alimentos e Nutrição da Amazônia, das Coordenações de Ciências da Saúde e de Tecnologia de Alimentos têm estudado da o açaí, camu-camu, cubiu e farinha de pupunha, frutos típicos amazônicos, que podem ser utilizados no Programa Fome Zero, do Governo Federal.
A pupunha despertou interesse pelo seu potencial nutricional e também como matéria-prima para a agroindústria. Importante fonte de energia, fibra alimentar, ácidos graxos e minerais, esse fruto pode utilizado após o cozimento com água e sal, na forma de farinha e como valor agregado a um produto, como macarrão, produtos de panificação e outros.
Um dos resultados mais significativos é que a pró-vitamina A da pupunha, pode ser usada como substituto ao medicamento, com a vantagem de possuir energia e nutrientes que o organismo necessita. Ou seja , a população da Região Amazônica pode se beneficiar desse recurso natural disponível para atender as necessidades em termos de vitamina A no seu dia a dia.
Outra realização importante do INPA na área de Alimentos Nutrição é o macarrão adicionado de 10% da farinha de peixe e 10% de farinha de pupunha, que, comparado ao macarrão comum, redunda num aumento de 5% de proteína, 5% de lipídio e 15% de energia somada à fonte de pró-vitamina A. O macarrão foi testado em pré-escolares e os resultados demonstraram uma boa aceitação do produto.
Por conta do sucesso da farinha de pupunha e do macarrão, o grupo de pesquisadores tem sido freqüentemente procurado para o repasse dessas informações a micro-empresários e líderes comunitários.
O açaí também foi estudado pelos pesquisadores do INPA e os resultados demonstraram que o fruto, na forma de suco, é uma importante fonte de energia, minerais, corante e fibra alimentar. Na pesquisa feita com pré-escolares, o ganho de peso ficou evidente, demonstrando o potencial do açaí como fonte de energia. O estudo também serviu para esclarecer que ao contrário do senso comum na Região Amazônica, como fonte de ferro o açaí é pouco expressivo e não melhora o quadro de anemia.
Mas se por um lado há a preocupação com a desnutrição por falta de ingestão de energia e outros nutrientes que o organismo humano não consegue fabricar, por outro, os estudos enfocam problemas como obesidade, diabetes mellitus e outras doenças utilizando as fruteiras.
O camu-camu, que do ponto de vista nutricional supera todos os frutos fonte de vitamina C, apresentando 43 vezes mais vitamina C do que a laranja, por exemplo, foi estudado pelo grupo. Por conter baixa energia e concentrações expressivas de fibra alimentar. Quando é consumido conjuntamente com um alimento rico em ferro, o suco de camu-camu, pode reduzir a ocorrência de anemia ferropriva.
Mas o ponto alto da experiência foi o uso do xilitol, em substituição ao açúcar, que pode ser consumido por pessoas diabéticas. "Um dos aspectos que mais nos impressionou é a estabilidade da vitamina C em produtos processados. Em forma de geléia por exemplo, ele concentra 8 vezes mais vitamina C que a laranja", assinalou a pesquisa Lilian Pantoja da Coordenação de Pesquisa em Tecnologia de Alimentos

Fonte: Amazônia (www.amazonia.org.br)
Redação
Inpa – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (www.inpa.gov.br)

 
 
 
 

 

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