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COMUNIDADES
NEGRAS RURAIS LEVAM
REIVINDICAÇÕES A OFICINA QUILOMBOLA
EM SÃO LUÍS
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Dezembro de 2003
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A reivindicação
levada pela secretária de Articulação
da Associação das Comunidades Negras
Rurais Quilombolas (remanescentes de quilombos)
do Maranhão (Aconeruq), Margarida Mota Aires,
é única entre a maioria dos quilombolas
brasileiros: o direito à terra e à
educação. Representante da Comunidade
de Santo Antônio, localizada no município
de Penalva, Maranhão, Margarida, 52 anos,
cresceu numa terra cuja posse foi conquistada por
seus familiares há 105 anos.
Se, por um lado, os antecessores de Margarida garantiram
um chão para as futuras gerações,
por outro não conseguiram ficar imunes à
exclusão social e econômica. "Temos
dificuldades em comercializar o que produzimos e
gerar renda. A roça é pequena",
resume a agricultora. A comunidade de Santo Antônio
produz babaçu e farinha de mandioca.
Donas de sua terra, num universo raro entre a maioria
dos quilombolas, as 36 famílias que vivem
na Comunidade de Santo Antônio não
conseguiram ganhar dinheiro com a agricultura. Buscam
um apoio efetivo do governo, com ações
que possam estruturar um novo amanhã. "Não
queremos mais ser lembrados apenas em época
de campanha eleitoral. Queremos sim é ter
cidadania, através de nosso trabalho",
concluiu a líder negra.
Histórias semelhantes à de Margarida,
que sonha com a instalação de escolas
nas comunidades quilombolas do Maranhão,
tem completado os inúmeros depoimentos relatados
nos grupos de trabalho que integram a Quinta Oficina
Quilombola - Levantamento Sócio-Econômico-Cultural,
encerrada hoje no Hotel La Ravardiére, em
São Luís. Participam do encontro representantes
da Fundação Palmares, ministérios
de Segurança Alimentar e do Desenvolvimento
Agrário, Secretaria Especial de Políticas
de Promoção da Igualdade Racial e
Universidade de Brasília. Também participam
da oficina 35 comunidades remanescentes de quilombos:
33 do Maranhão e duas do Amapá.
Quatro oficinas anteriores já foram realizadas:
São Paulo, Recife, Santarém e Bom
Jesus da Lapa. Convênio firmado entre a Fundação
Palmares e o Ministério de Segurança
Alimentar, assegura atendimento a 150 comunidades
remanscentes de quilombros. Para escolher as comunidades
a serem atendidas, a Fundação Palmares,
em conjunto com instituições credenciadas
em todos os estados, levou em conta as comunidades
com maior número de famílias, situadas
em áreas de difícil acesso e distantes
da sede dos municípios, localizadas em áreas
de conflito fundiário, com filhos na faixa
de zero a seis anos, famílias com menor renda
per capita, com maior número de núcleos
sustentados por mulheres sozinhas e com maior índice
de mortalidade infantil.
O convênio prevê também a aquisição,
ainda neste ano, de um software para a confecção
de banco de dados para todas as comunidades remanescentes
de quilombros. As ações estruturantes,
previstas para janeiro de 2004, incluem a aquisição
de equipamentos para casas de farinha, equipamentos
para lavoura, materiais para artesanato, pesca artesanal
(compra de pequenos barcos e motores para comunidades
ribeirinhas) e apicultura. O resultado das oficinas
será apresentado em janeiro.
Fonte: Agência Brasil (www.radiobras.gov.br)
Assessoria de imprensa