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GOVERNO
LANÇA NOVO MODELO
DE ASSENTAMENTO AGRÁRIO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Dezembro de 2003
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A ministra do Meio
Ambiente, Marina Silva, o ministro do Desenvolvimento
Agrário, Miguel Rossetto, e o presidente
do Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart,
assinam nesta sexta-feira (19) portaria para criação
de novo modelo de assentamento para áreas
de floresta. A modalidade começará
a funcionar no Acre e tem como objetivo aliar produção
familiar e preservação ambiental.
O lançamento será no Ibama, em Brasília,
às 17h, durante a Semana Chico Mendes, que
homenageia o líder seringueiro assassinado
em 22 de dezembro de 1988. A solenidade contará
ainda com a presença do governador do Acre,
Jorge Viana.
O projeto do assentamento florestal integra as estratégias
do novo Plano Nacional de Reforma Agrária
(PNRA), que prevê o respeito às diferenças
regionais, às tradições e ao
meio ambiente. "Esse modelo de assentamento
já faz parte do novo PNRA porque prioriza
a concepção de território,
a recuperação e a preservação
do meio ambiente sustentável", observou
Hackbart. "O assentamento é feito a
partir do zoneamento econômico e ecológico,
destacando a integração econômica
e social da região e do município
onde ele se insere".
Além do Acre, o novo modelo será implantado
também no Amazonas e Rondônia, na maior
floresta tropical do mundo. A Amazônia Legal
possui cerca de cinco milhões de quilômetros
quadrados, mas já sofreu devastação
de 15% de sua área - aproximadamente 631
mil quilômetros quadrados -, revelam dados
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
"Tivemos uma política equivocada em
relação à reforma agrária
e meio ambiente durante muitos anos e, a partir
desta iniciativa, queremos resolver o passivo ambiental
e criar um processo virtuoso para os assentamentos",
afirmou a ministra Marina Silva.
Os assentamentos florestais baseiam-se, sobretudo,
no extrativismo madeireiro, de óleos comestíveis
e combustíveis, no cultivo de polpas de frutas
e de ervas medicinais. Também prevêem
o manejo de animais silvestres e de recursos hídricos.
Nas áreas em que grande parte da mata já
foi derrubada, haverá reflorestamento, plantio
de subsistência e criação de
pequenos animais.
O modelo inova ao exigir um diagnóstico que
ateste a viabilidade econômica e ambiental
do assentamento. A área precisa ter madeira
suficiente para a retirada de 20 a 30 metros cúbicos
por hectare, estar próxima dos mercados para
atender a demanda do setor madeireiro e possuir
infra- estrutura para que a produção
possa ter escoamento e comercialização
ágil.
A intenção é possibilitar o
manejo de 300 metros cúbicos de madeira por
ano para cada família em 20 hectares de terra.
Segundo Raimundo Cardoso, superintendente do Incra
no Acre, cerca de 2% das terras estaduais, algo
em torno de 320 mil hectares, já estão
disponíveis para serem transformadas em assentamentos
florestais.
O projeto de assentamento florestal é resultado
de uma série de discussões realizadas
desde outubro por um grupo interministerial, que
também reuniu representantes de sete instituições
não-governamentais. As áreas serão
indicadas pela sociedade civil organizada.
O Incra fará o levantamento, a obtenção
da área (desapropriação, arrecadação
ou compra) e a elaboração do projeto.
O licenciamento e a aprovação dos
planos de manejo caberá ao Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama). Já a administração
será feita de forma conjunta pelo Incra e
por movimentos sociais.
A demarcação das áreas será
feita por perímetro e não por lotes,
porque o sistema será de concessão
de uso coletivo. Os assentados florestais receberão
assistência técnica específica.
Serão capacitados, inicialmente, 1,5 mil
técnicos, que atuarão como multiplicadores
dos conhecimentos para as pessoas da própria
comunidade. O Ministério do Desenvolvimento
Agrário também estuda mudanças
na linha de crédito destinada a esses produtores,
tendo em vista que os ciclos de produção
duram cerca de 30 anos.
A prioridade na seleção dos beneficiários
será dada aos posseiros e aos trabalhadores
sem terra inscritos para os assentamentos, que tenham
identidade e o mínimo de conhecimento do
manejo florestal. A idéia é adequar
o período de carência e as taxas de
juros para que os colonos possam obter financiamentos,
desenvolver suas atividades e contribuir com a geração
de empregos.
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Assessoria de Imprensa