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ENQUANTO
BRASIL DISCUTE PROJETO DE LEI DE BIOSSEGURANÇA,
BÉLGICA PROÍBE PLANTIO DE
TRANSGÊNICO
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil / Bruxelas
- Bélgica
Janeiro de 2004
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Europa
rejeita canola geneticamente modificada por possíveis
danos ao meio ambiente; PL em discussão no
Brasil não garante exigência de Estudo
de Impacto Ambiental
O governo da Bélgica
rejeitou hoje a solicitação da indústria
de biotecnologia Bayer CropScience para plantar
canola transgênica na Europa. O requerimento,
encaminhado à União Européia,
foi rejeitado depois que pesquisas confirmaram que
plantações de organismos geneticamente
modificados (OGMs) podem causar danos ao meio ambiente.
No Brasil, o projeto de lei substitutivo de biossegurança
apresentado pelo ministro Aldo Rebelo (PC do B-SP),
que considera dispensar Estudos de Impacto Ambiental
(EIA) para a liberação do plantio
de transgênicos no país, será
votado esta semana na Câmara dos Deputados.
"O meio ambiente brasileiro estará sob
grande risco caso o PL de biossegurança não
garanta a exigência do EIA, conforme propõe
o ex-relator da comissão especial de biossegurança
da Câmara. O parecer da CTNBio (Comissão
Técnica Nacional de Biossegurança),
sozinho, não garante a realização
de uma avaliação completa dos riscos
que o plantio de um transgênico pode trazer
ao meio ambiente", alerta a coordenadora da
Campanha de Engenharia Genética do Greenpeace,
Mariana Paoli.
Especialistas belgas concluíram que os impactos
negativos do cultivo de canola transgênica
sobre a biodiversidade seriam de difícil
controle. Além disso, as regras para os produtores
evitarem a contaminação das plantações
tradicionais são ineficazes e de difícil
monitoramento.
A decisão do governo da Bélgica seguiu
também o abrangente estudo com transgênicos
realizado pelo Reino Unido no final do ano passado,
que concluiu que plantações de canola
geneticamente modificada causam mais danos ao meio
ambiente do que o cultivo tradicional (1). Outro
estudo britânico mostrou que os insetos podem
transportar pólen da flor de canola por muitos
quilômetros (2). As pesquisas comprovam a
dificuldade, senão a impossibilidade, de
se controlar os efeitos provocados pelos cultivos
de transgênicos sobre a biodiversidade, e
de se proteger as fazendas que optaram por não
plantar OGMs de serem contaminadas.
Embora a empresa alemã Bayer CropScience
tenha solicitado uma licença para cultivar
a canola transgênica à União
Européia por intermédio da Bélgica,
o governo belga apenas encaminharia a solicitação
para os outros países-membros para uma decisão
conjunta se o pedido atendesse às exigências
das leis ambientais européias. A Bayer já
fez outras duas solicitações similares
à UE, por intermédio da Alemanha.
(1)
Cientistas independentes observaram menor quantidade
de borboletas e abelhas nas plantações
transgênicas do que a encontrada em plantações
convencionais, devido à diminuição
de plantas nativas e ervas daninhas. Ervas daninhas
também são importantes para a alimentação
de pequenos mamíferos e pássaros,
principalmente durante o inverno. Encontre a pesquisa
no site www.defra.gov.uk/environment/gm/fse/index.htm
(2) Estudo experimental e matemático sobre
a dispersão local e regional de gene de canola
transgênica. "Ramsay, G., Thompson, C
& Squire, G (2003). Quantifying landscape-scale
gene flow in oilseed rape. Final Report of DEFRA
Project RG0216".
Para ler a pesquisa na íntegra acesse o link
www.defra.gov.uk/environment/gm/research/pdf/epg_rg0216.pdf
Fonte: Greenpeace (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de comunicação