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GOVERNO
QUER CRIAR REGRAS CLARAS PARA QUEM INVESTIR
EM PRODUÇÃO FLORESTAL SUSTENTÁVEL
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2004
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Até o fim
de março, o governo enviará ao Congresso
um projeto de lei sobre Gestão de Florestas
Públicas. A idéia é acabar
com o processo de ocupação ilegal
das florestas brasileiras e com o uso inadequado.
De acordo com o diretor do Programa Nacional de
Florestas do Ministério do Meio Ambiente,
Tasso Azevedo, o governo quer criar regras claras,
que gerem segurança para quem quer investir
em produção florestal sustentável.
Em entrevista ao NBr Notícia, da TV Nacional,
Azevedo explicou que o projeto de lei definirá
as diretrizes para os contratos de concessão
das florestas e as regras para a concessão.
De acordo com ele, hoje, uma pessoa ocupa, pede
a posse da terra, recebe o título e, muitas
vezes, não utiliza a área de forma
correta, o que caracteriza uma “privatização
da terra”. Com a lei, o governo pretende mudar essa
situação. “Agora, quem for explorar
a área terá de pagar por ela e seguir
critérios para que o uso seja sustentável”,
disse Azevedo. Um dos grandes problemas na Amazônia
é a questão fundiária. Vinte
e quatro por cento das terras da Amazônia
são privadas; 29% são áreas
protegidas que englobam unidades de conservação
e terras indígenas. E os outros 47% são
áreas públicas, devolutas ou em disputa,
onde ocorrem desmatamento, ocupação
ilegal e grilagem.
O projeto de lei definirá como gerir as florestas
públicas para a produção. Isso
pode se dar através da transformação
em Unidade de Conservação de uso sustentável,
como as reservas extrativistas. As florestas públicas
também podem ter uma destinação
social como é o caso dos assentamentos florestais
para reforma agrária e a concessão
de uso para o setor privado.
Os critérios para esse tipo de concessão
serão especificados no projeto de lei. De
acordo com Azevedo, o governo definirá as
áreas destinadas à proteção,
as áreas para destinação social
e o restante será então objeto das
concessões.
Para a concessão da terra serão adotadas
algumas regras como a garantia de conservação
das florestas, de geração de riqueza
distribuída de forma democrática,
a garantia de realização de um processo
eficiente e monitorado, além da inserção
da floresta no processo de desenvolvimento regional.
A concessão será permitida para a
produção de madeira, de produtos não
madeireiros como frutas, óleos, resinas e
essências; e para atividades de serviço,
como o turismo.
O projeto também definirá a forma
de elaboração do edital para a concessão.
Se ele for aprovado de acordo com o texto atual,
o melhor preço pela utilização
da área não será critério
para vencer a licitação. De acordo
com Azevedo, será considerado o projeto que
cause menor impacto ambiental, aquele que tenha
uma proposta tecnicamente adequada e que garanta
benefício sócio-econômico. Além
desses critérios, os editais passarão
por consulta pública e a área a ser
concedida deverá ser aprovada previamente
pelo Ibama. O PL prevê ainda que o tempo para
a concessão da terra nunca seja menor do
que cinco anos ou um ciclo de produção
e não ultrapasse 60 anos.
A Amazônia é responsável por
90% da produção madeireira do Brasil.
Existem em todo o território nacional 64
florestas nacionais, além de diversas reservas
extrativistas e florestas estaduais que têm
cobertura florestal nativa ou plantada. Em Minas
Gerais, são 500 mil hectares de floresta
pública plantada, e na Amazônia são
350 milhões de hectares de floresta pública
plantada. De acordo com o Ministério do Meio
Ambiente, 4% do Produto Interno Bruto (PIB) são
produzidos pela cadeia produtiva florestal, sendo
que o setor é responsável por 8% das
exportações brasileiras.
O diretor do Programa Nacional de Florestas explicou
que o projeto de lei é uma das medidas para
conter o desmatamento das florestas e promover o
desenvolvimento destas áreas. Em março,
o governo anunciará um pacote de medidas
que vêm sendo discutidas pela Comissão
Interministerial de Combate ao Desmatamento. Entre
as medidas estão as relacionadas ao ordenamento
fundiário, como a criação do
Cadastro Rural Único.
Fonte: Amazônia ORG (www.amazonia.org.br)
Assessoria de imprensa
Radiobras (www.radiobras.gov.br)