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EMBRAPA
PARTICIPA DE CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE
SISTEMAS AGROFLORESTAIS
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Junho de 2004
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As discussões
entre expansão da agricultura e desmatamento
são antigas. Nos estados brasileiros onde
a floresta Amazônica é um dos biomas
predominantes, a pecuária extensiva, o avanço
da soja e outras atividades agropecuárias
são classificadas como ameaçadoras
à manutenção da biodiversidade.
No entanto, a Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária, vem trabalhando no desenvolvimento
de tecnologias que oferecem condições
sustentáveis tanto para quem depende da exploração
dos recursos da floresta quanto para quem deseja
mantê-la preservada: os sistemas agroflorestais,
sistemas de uso da terra em que se combinam espécies
arbóreas perenes com cultivos agrícolas
anuais e/ou animais.
Dentro desse contexto, a pesquisadora na área
de Ciência Florestal da Embrapa Rondônia
(Porto Velho-RO) Michelliny de Matos Bentes Gama
irá apresentar quatro painéis sobre
sistemas agroflorestais (SAF's) durante o 1º
Congresso Internacional de Agrofloresta, que será
realizado em Orlando, Flórida, entre os dias
27 de junho e 02 de julho. O evento, coordenado
pela Universidade da Flórida, envolve centros
de referência que trabalham com a linha agroflorestal,
como o World Agroforestry Centre (WAC), U.S. Department
of Agriculture (USDA), National Agroforestry Centre,
Inter-American Institute for Cooperation on Agriculture
(IICA), Centro Agronómico Tropical de Investigación
y Enseñanza (CATIE), Food and Agriculture
Organization of the United Nations (FAO), entre
outros.
A iniciativa tem como objetivo realizar o intercâmbio
de experiências e revelar pesquisas sobre
os avanços mundiais da ciência agroflorestal
nos últimos 20 anos. Paralelamente ao congresso
internacional, será realizado um fórum
global para se definir as futuras estratégias
de pesquisa, educação e capacitação
na linha da agrossilvicultura, onde cultivos agrícolas,
espécies florestais e/ou animais podem ser
manejados simultaneamente, ou escalonados no tempo
e espaço. "A utilização
de sistemas agroflorestais como alternativa à
deterioração dos recursos naturais
é indiscutível, principalmente no
ecossistema amazônico, onde o sistema de ocupação
da terra se dá pela agricultura itinerante,
de corte e queima", explica a pesquisadora.
"A tecnologia de combinação de
cultivos agrícolas tradicionais a espécies
florestais, de alto valor econômico, deve
ser disseminada", reforça.
Pesquisas apresentadas - A Embrapa Rondônia,
um dos centros de pesquisa agroflorestais da Amazônia
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária,
irá apresentar resultados de investigação
de 15 anos dos SAF's implantados no Campo Experimental
da empresa em Machadinho d'Oeste, região
nordeste do Estado. Os trabalhos são de autoria
dos pesquisadores Michelliny de Matos Bentes Gama,
Marília Locatelli e Abadio Hermes Vieira,
com a colaboração de pesquisadores
da Embrapa Florestas (Colombo-PR) e Universidade
Federal de Viçosa. Retratam sistemas agroflorestais
compostos originalmente pelas espécies banana,
pimenta-do-reino, cupuaçu, castanha do brasil,
freijó e pupunha, de grande importância
na economia regional. Compõe também
o acervo de tecnologias um trabalho sobre quintais
agroflorestais no estuário amazônico,
objeto de estudo da pesquisadora Michelliny Bentes
Gama na Ilha de Marajó (PA), onde foram caracterizadas
espécies comumente utilizadas na subsistência
de uma população ribeirinha, representadas
por uma das formas mais tradicionais dos SAF´s
nos trópicos: os quintais agroflorestais,
empiricamente implantados nas adjacências
das moradias, onde predominam espécies de
grande valor alimentício, como o açaí,
diversas fruteiras, além de plantas medicinais.
Dignóstico
A pesquisa tornou
disponível certas práticas e sistemas
de produção mais sustentáveis,
dentre os quais, os Sistemas Agroflorestais (SAF's).
Os SAF´s são bastante difundidos e
utilizados na América Tropical, e em especial
nos países amazônicos, onde essa técnica
tem sua origem na cultura indígena. Como
sistemas alternativos de produção,
os SAF´s são consagrados por suas vantagens
biofísicas, ambientais e sócio-econômicas,
entretanto, estudos mais detalhados acerca dos aspectos
produtivos associados ao retorno econômico
têm se mostrado cada vez mais necessários
para comprovar a viabilidade desses sistemas e garantir
sua adoção junto a agricultores e
produtores locais.
Segundo a pesquisadora da Embrapa Rondônia
Michelliny Bentes Gama, povos indígenas já
praticavam a tecnologia, que foi sendo aperfeiçoada
pelos caboclos da região amazônica,
associando espécies que geravam principalmente
alimentos, e que paralelamente tinham importância
econômica, tais como os cultivos agrícolas
tradicionais (arroz, feijão, mandioca), juntamente
com espécies perenes como o cupuaçu,
a castanha-do-brasil, a pupunha, entre outras. Caracterizado
pela associação entre espécies
perenes e de ciclo curto ou médio, os SAF's,
segundo a pesquisadora, podem resultar em importantes
impactos na economia regional, se bem conduzidos
e manejados. "Aspectos como a segurança
alimentar e a conservação da biodiversidade
são propiciados pelos sistemas agroflorestais.
Pelos aspectos ecológico, econômico
e social refletem em geração de renda,
trabalho e qualidade de vida ao produtor",
expõe.
De acordo com a pesquisadora são necessárias
políticas de incentivo à implementação
da técnica agroflorestal, por meio de abertura
de linhas de crédito, capacitação
aos técnicos e produtores e mais investimentos
em pesquisa. "A castanha-do-brasil é
uma espécie valiosa, utilizada na indústria
alimentícia e cosmética. Embora ainda
em pequena escala é um dos produtos que se
destaca na nossa pauta de exportações
de produtos não-madeireiros. Dentro dessa
linha, vários outros poderiam ser inseridos,
gerando alternativas econômicas, conservando
a biodiversidade local, refletindo em mais emprego
e renda", apresenta. Os trabalhos da Embrapa
Rondônia apresentados no 1º Congresso
Internacional de Agrofloresta retratam os resultados
de pesquisa do experimento com SAF's do projeto
"Sistemas agroflorestais em Machadinho d'Oeste,
Rondônia - avaliação de parâmetros
biofísicos e econômicos", iniciado
em 1987, atualmente coordenado pela pesquisadora
Marília Locatelli. Mais informações
podem ser obtidas junto à assessoria de comunicação
social da Embrapa Rondônia: (69) 225-9387
ou pelo e-mail gfviana@cpafro.embrapa.br.
Visite a página eletrônica do 1º
Congresso Internacional de Agrofloresta no endereço
http://conference.ifas.ufl.edu/wca/
Fonte: Embrapa (www.embrapa.gov.br)
Guilherme Ferreira Viana