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ESTUDO DA
CETESB INDICA QUALIDADE BOA DE ÁGUAS
SUBTERRÂNEAS EM SP
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Abril de 2004
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Foto:
Cetesb
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A
qualidade das águas subterrâneas
dos principais aqüíferos do Estado,
para o consumo humano, continua boa, inclusive
na Região Metropolitana de São
Paulo. Esta é a principal constatação
feita pelos técnicos da CETESB - Companhia
de Tecnologia de Saneamento Ambiental, que
divulgaram, neste dia 29/04, o mais novo Relatório
de Qualidade das Águas Subterrâneas
do Estado de São Paulo, produzido entre
2001 e 2003. Segundo o presidente da agência
ambiental paulista, Rubens Lara, 90% das amostras
colhidas em 162 pontos de monitoramento distribuídos
por todo o Estado, nos seis principais aquíferos
de São Paulo, apresentaram qualidade
excelente e apenas 10% foram classificadas
como aceitável, ou seja, precisam passar
por um tratamento convencional para que possa
ser consumida. |
Em
alguns pontos, foram detectados a presença
de substâncias como nitrato, cromo
e bário, mas que também não
comprometem a utilização dessa
água. A análise das amostras
compreende 40 parâmetros, totalizando
32.400 exames laboratoriais.
Esses resultados estão sendo encaminhados
ao Centro de Vigilância Sanitária
do Estado - CVS, responsável pela
fiscalização da potabilidade,
e o Departamento de Águas e Energia
Elétrica - DAEE, que responde pela
outorga dos poços e pela gestão
da quantidade. Os dados também encontram-se
disponíveis, para a população
em geral, no site www.cetesb.sp.gov.br.
O presidente da CETESB lembrou que há
uma estimativa de que existam, só
na Região Metropolitana de São
Paulo, cerca de 5.000 poços clandestinos,
alertando para o fato de que os usuários
desses poços clandestinos, além
de estarem causando prejuízos ao
Estado - que deixa de cobrar pelo tratamento
do esgoto gerado - e estarem sujeitos a
multas pesadas, pelo órgão
outorgador, ainda estão colocando
sua saúde em risco por consumirem
um produto sem qualquer tipo de controle
e cuja condição de qualidade
eles ignoram completamente.
Os
aquíferos subterrâneos
A referência
principal de qualidade utilizada, pensando-se
sempre na saúde pública, foram
os padrões de potabilidade. Os seis
sistemas aqüíferos abrangidos,
prioritários para abastecimento,
são o Bauru, Guarani, Cristalino,
Tubarão, Serra Geral e Terciários
(Taubaté e Formação
São Paulo), com respectivamente 63,
40, 27, 16, 10 e 6 (4 e 2) poços
monitorados. |
O
levantamento do uso das águas subterrâneas
revelou que 72% dos 645 municípios
do Estado utilizam água subterrânea,
sendo que sua captação é
mais intensa no Oeste Paulista, onde é
visivelmente predominante, com cerca de
80% dos seus municípios abastecidos
exclusivamente por esse recurso hídrico.
Para fins de abastecimento industrial e
comercial, com base nos 22 mil empreendimentos
avaliados, observou-se que as águas
subterrâneas são utilizadas
principalmente em função de
necessidades envolvendo baixas vazões.
No Interior do Estado, além do conhecido
Aqüífero Guarani, que constitui
o maior manancial de água doce subterrânea
do mundo, estendendo-se por uma área
de 840 mil km2 somente no Brasil, além
de mais 360 mil km2 na Argentina, Paraguai
e Uruguai, destaca-se também o Aqüífero
Bauru, que apresenta uma ocorrência
extensiva e contínua em todo o Planalto
Ocidental paulista. Esse manancial, que
também tem grande importância
para o abastecimento público, ocupa
mais de 40% da área do Estado. Na
Região Metropolitana de São
Paulo, onde o monitoramento se iniciou mais
recentemente, em 2003, o número de
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Foto:
Cetesb
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poços vem aumentando
a uma média de 900 por ano, com um total
de 12.000 poços, servindo a cerca de 3 milhões
de habitantes, principalmente em Guarulhos, região
do ABCD e Capital. Desses 12.000, aproximadamente
7.000 receberam outorga do DAEE, mas estima-se que
existam perto de 5.000 clandestinos. Esse manancial
subterrâneo representa uma alternativa atraente,
pois a estimativa de demanda de água, na
região, é de 69 m3 por segundo, superior
aos 61 m3 fornecidos pelo serviço público
de abastecimento.
O relatório
Nesse contexto geral, as informações
levantadas pela CETESB tornam-se ainda mais valiosas,
subsidiando as ações de prevenção
e controle da poluição das águas
subterrâneas. A gerente da Divisão
de Qualidade do Solo, Águas Subterrâneas
e Vegetação da CETESB, Dorothy Casarini,
recorda que o aqüífero subterrâneo
constitui um reservatório de água
e que sua qualidade dependerá da composição
natural das rochas que o compõem e das
atividades humanas desenvolvidas nas áreas
de ocorrência, além de sua disponibilidade
hídrica depender de sua capacidade de recarga
e do volume de água que se pretende extrair.
Em geral, segundo o relatório, as águas
dos aqüíferos monitorados, incluindo
o Cristalino, que ocorre na região da Bacia
do Alto Tietê, na Região Metropolitana
de São Paulo, continuam apresentando boa
qualidade para consumo humano e devem ser preservadas
para essa finalidade, por meio do licenciamento
e controle das fontes potenciais de poluição.
Os resultados apresentados neste relatório
com os do monitoramento realizado no período
de 1998 a 2000 mostram que a qualidade das águas
manteve-se estável, com poucas variações.
Entretanto, o novo relatório destaca, preventivamente,
algumas áreas já com indícios
de superexplotação e que se encontram
sob influência de cargas potenciais poluidoras,
inclusive ocorrendo casos pontuais de poços
nos quais a qualidade da água não
atende aos padrões de potabilidade. Um
quadro de “Porcentagem de amostras que ultrapassaram
o padrão de potabilidade para Coliformes
fecais” mostra que esse percentual em poços
dos seis aqüíferos se deu da seguinte
forma: pouco mais de 1% no Bauru, quase 1,5% no
Tubarão, pouco menos de 3% no Guarani,
cerca de 3,2% no Serra Geral, 4,5% no Taubaté
e 4,8% no Cristalino.
O nitrato, originado da decomposição
da matéria orgânica, como o lixo,
esgoto e fertilizantes nitrogenados, também
foi detectado em alguns poços com alguns
valores acima dos padrões de potabilidade,
e não somente em concentrações
que dão indícios simplesmente de
interferência humana. Somando-se todos os
aqüíferos, 3% dos poços registraram
ultrapassagem do valor de referência, com
destaque para o Aqüífero Bauru, onde
esse percentual chegou a 7%.
Já os poços onde foram encontradas
concentrações de cromo acima dos
padrões, considerando-se todos os aquíferos,
chegaram à porcentagem de 11%. Novamente,
o sistema Bauru apresentou o índice mais
elevado, com 22% dos poços monitorados
apresentando a presenda a substância. O
cromo pode ter origem natural, a partir das rochas,
material vulcânico e incêndios florestais,
ou antrópica, em conseqüência
das emissões atmosféricas na fabricação
de cimento, das fundições e indústria
de galvanoplastia, entre outras.
Foram detectados, ainda, poços que ultrapassaram
o valor de intervenção para fluoreto,
bário e chumbo, que embora sejam minerais
secundários das rochas, podem também
aparecer como resultado das emissões industriais.
No caso do chumbo, pode ser até mesmo resultado
de emissões veiculares, tendo sido lançado
durante anos na atmosfera em decorrência
da combustão da gasolina aditivada com
esse elemento.
O relatório também mostra ocorrências,
acima dos padrões, de alumínio,
ferro e manganês. Estes elementos apresentam
ocorrência natural abundante no solo, mas
deve ser motivo de preocupação,
pois a forma de contaminação e suas
conseqüências para a saúde independem
da forma como se originam.
Gestão dos recursos
hídricos
A CETESB, ao apresentar o Relatório
de Qualidade das Águas Subterrâneas
do Estado de São Paulo 2001-2003, propõe
que, a partir do conhecimento dos resultados dos
levantamentos realizados, se proceda à
gestão integrada dos recursos hídricos,
construindo uma ferramenta fundamental para promover
a proteção e o uso racional das
águas subterrâneas.
Outras propostas são o estabelecimento
de valores de referência de qualidade no
Estado, a revalidação da adoção
dos padrões de potabilidade como valores
de intervenção para substâncias
inorgânicas e a classificação
de águas subterrâneas, com base nos
valores de referência de qualidade e de
intervenção, além da delimitação
de áreas de proteção no entorno
dos poços.
Fonte: Cetesb – agência ambiental
de São Paulo (www.cetesb.sp.gov.br)
Assessoria de imprensa (Mário Senaga)
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