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PROGRAMA-MODELO
DE CONTROLE DO CARAMUJO-AFRICANO COMEÇA
SÁBADO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) Brasil
Abril de 2004
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Ibama e a Prefeitura
Municipal de Parnamirim (RN) iniciam neste Sábado,
3 de abril um progrma-piloto que servirá
de modelo para o controle do caramujo-africano (Achatina
fulica), uma praga que ameaça a agricultura,
a saúde e o meio ambiente em diversos estados
de norte a sul do país. O modelo será
implantando e depois poderá orientar a ação
em todos os municípios brasileiros atingidos
pelo molusco, uma espécie invasora. Em todo
o mundo, tais espécies são a segunda
maior causa de perda de biodiversidade. A primeira
é o desmatamento. O lançamento do
programa será às 9hs em frente à
igreja matriz de Parnamirim.
Para desenvolver o modelo, o Ibama dará as
orientações técnicas necessárias,
a prefeitura entrará com a infra-estrutura
e a comunidade ajuda na execução do
trabalho. Na prática, o Ibama está
treinando agentes de saúde e professores
da rede pública que orientarão a comunidade
para fazer a correta catação do caramujo
– feita com a proteção das mãos
com luvas ou sacos plásticos – e a disposição
em sacos de lixo em latões especiais que
serão colocados pela prefeitura de Parnamirim
nas escolas públicas em caráter permanente
a partir de 3 de abril.
Diariamente, os caramujos serão recolhidos,
esmagados com equipamentos mecânicos tipo
rolo compressor e enterrados a um metro e meio abaixo
do solo com cal virgem para evitar a contaminação
do lençol freático. O trabalho deverá
ser feito diariamente até que se consiga
reduzir significativamente a quantidade de caramujos
que infestam todo o município, sobretudo
os terrenos baldios. Na opinião dos estudiosos,
a erradicação total é praticamente
impossível.
“É preciso encontrar formas controlar as
espécies invasoras para evitar danos maiores
do que os que já estão sendo provocados”,
diz o malacólogo Fábio Faraco, do
Ibama. Segundo ele, qualquer ação
nesse sentido terá que contar com a participação
de todos os segmentos envolvidos no tema. Ele enfatiza
que o setor ambiental sozinho não resolverá
o problema.“Os pesquisadores podem, no máximo,
oferecer o conhecimento técnico disponível
sobre esses invasores e ajudar a encontrar soluções
técnicas que ajudem a preservar o meio ambiente”,
disse.
O caramujo-africano é um molusco importado
ilegalmente e introduzido no Brasil como uma alternativa
econômica. Conhecido como o falso-escargot,
o caramujo criado em fazendas no interior do Paraná
escapou para o meio ambiente, adaptando-se perfeitamente
em várias regiões do país,
sobretudo nos estados do Sul, do Sudeste e do Nordeste.
A praga também se espalhou para o Centro-Oeste
e já é encontrada na Amazônia.
O caramujo chega a medir cerca de 15 centímetros.
O animal é hermafrodita, se reproduz rapidamente
e pode gerar até 600 filhotes em cada cruzamento.
Sua reprodução é maior em regiões
quentes e em períodos chuvosos.
Doenças - O Caramujo Gigante Africano pode
transmitir dois vermes, o Angiostrongylos cantonensis
– causador da Angiostrongilíase meningoencefálica
humana, que tem como sintomas dor de cabeça
forte e constante, rigidez na nuca e distúrbios
do sistema nervoso; Até o momento essa verminose
tem causado problemas principalmente na Ásia
e ilhas do Pacífico. Recentemente, foram
identificados alguns focos no continente americano
- Porto Rico, Cuba e outras ilhas do Caribe. Pelo
tráfego de navios, há o risco de a
parasitose ser introduzida em qualquer lugar. Provavelmente
as zonas portuárias seriam o ponto inicial.
O caramujo também pode ser o portador do
Angiostrongylos costaricensis – causador da Angiostrongilíase
abdominal, que causa perfuração intestinal,
peritonite e hemorragia abdominal. Tem como sintomas,
dor abdominal, febre prolongada, anorexia e vômitos.
Já foram detectados casos nas Américas,
entretanto, esta doença não costuma
ser grave. A cura é espontânea e não
se recomenda o uso de drogas anti-helmínticas,
pelo risco de haver lesões mais graves, desencadeadas
pela morte do verme que se localiza dentro das artérias.
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Ascom