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VEJA O DISCURSO
DA MINISTRA MARINA SILVA NO LANÇAMENTO
DO PROINFA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) Brasil
Abril de 2004
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Discurso
da Ministra Marina Silva
Ilustríssimo
senhor presidente, Luiz Inácio Lula da Silva,
primeira-dama Marisa, parceira de ministério
e de governo, Dilma Rousseff, ministro Celso Amorim,
ministro Furlan, senhores parlamentares, demais
autoridades presentes. Primeiro eu quero dizer da
minha satisfação de estarmos neste
ato celebrando esse termo de cooperação
entre os ministérios do Meio Ambiente e Minas
e Energia, além de estarmos assinando atos
de importância fundamental para o desenvolvimento
do nosso País. Um outro aspecto que quero
ressaltar aqui é que trata-se de uma iniciativa
que visa valorizar a exploração de
fontes alternativas de energia, demanda crescente
numa sociedade face ao crescimento da conscientização
sobre a necessidade de atingirmos patamares mais
sustentáveis de desenvolvimento.
A proposta de contratação de 3.300
MW de energia elétrica eólica e de
biomassa e de pequenas centrais hidrelétricas
representa um enorme avanço, ainda maior
no futuro. Por outro lado, o acordo de cooperação
que está sendo firmado entre o ministério
de Minas e Energia e ministério do Meio Ambiente
está focado na construção de
uma agenda de trabalho comum, envolvendo os setores
de mineração, petróleo e gás
e energia elétrica na forma de subagendas.
Cada uma dessas subagendas elencam linhas de ação
para a execução conjunta entre 11
ministérios. Essas ações incluem
a incorporação da dimensão
ambiental nas abordagens do setor energético
e o aperfeiçoamento dos custos de informação
e de decisão entre os ministérios
como forma de melhor ajustar o cotidiano de suas
instituições. Isso faz parte de um
conjunto de iniciativas que visam atender o compromisso
de política de governo integrada, transversal,
como costumo chamar, estabelecido pela área
ambiental do governo, como uma determinação
do presidente Lula de que tenhamos uma política
integrada em todos os setores. Além disso,
confere ao novo modelo do setor elétrico,
recentemente aprovado pelo Congresso Nacional, perspectivas
de uma fase profícua e eficaz ao diálogo
entre o desenvolvimento e a pretensão ambiental.
Esse acordo inédito permitirá antecipar
soluções, evitando que os problemas
advindos da implementação do projeto
energético, sigam apenas na hora do licenciamento,
o que tem sido padrão até o presente.
O Ministério de Minas e Energia, juntamente
com o Ministério do Meio Ambiente, poderá
ser proativo na abordagem dos problemas ambientais
e sociais inserindo a análise dessas questões
ainda na fase de planejamento das intervenções.
Esse é um sonho que todos temos, de que a
variável ambiental possa se fazer presente
já no planejamento das ações
como uma forma de respeitar o setor produtivo, os
investidores, e respeito para com o setor governamental
e com a sociedade.
Ainda gostaria de ressaltar o que considero importante,
é que os fatos recentes que vêm sendo
abordados pela grande mídia, na verdade se
constituem talvez na necessidade de maiores esclarecimentos.
Isso porque esse esforço que vem sendo feito
pelos vários setores do governo, no sentido
de que a variável ambiental possa ser considerada
no planejamento das ações, é
algo novo e inédito e altamente profícuo.
O novo modelo de política energética
do Ministério de Minas e Energia já
contempla esse esforço. O que estamos fazendo
com relação ao licenciamento ambiental
da BR-163 também contempla esse esforço.
Também é inovador o trabalho que estamos
fazendo no desafio ético do presidente da
República de levar água para o semi-árido
brasileiro, no qual eu, o ministro Ciro Gomes, o
ministro Miguel Rosseto e outros setores do governo
estamos trabalhando de forma integrada para contemplar
a variável ambiental, verificando os aspectos
sociais e até mesmo culturais desse investimento.
E ao contrário de inviabilizar os investimentos,
possibilitam os investimentos da forma correta.
Tenho dito sempre que a nossa determinação
não é apenas de dizer o que não
pode ser feito, embora tenhamos a atribuição
evitar aquilo que do ponto de vista da legislação,
do avanço da legislação, não
deva acontecer, mas de criarmos as formas e os meios
adequados para que possam acontecer. A BR-163 é
um desses exemplos. Jamais se poderia pensar numa
estrada no coração da Amazônia
se não tivesse sido feito um esforço
muito grande pelo Ministério do Meio Ambiente,
Ministério dos Transportes, Ministério
da Integração, agindo de forma conjunta
para superar as dificuldades ambientais e sociais
que têm colocado como desafio aquele empreendimento.
Graças a esse esforço, amanhã
estarei indo para o município de Santarém,
onde juntamente com o ministro Ciro Gomes e representantes
dos ministérios dos Transportes e de Reforma
Agrária, estaremos discutindo com os governos
dos estados e com a sociedade. Pela primeira vez
um grande investimento na Amazônia tem um
documento que saiu já da primeira versão
dessa reunião, no Mato Grosso, no seu primeiro
parágrafo com a frase: é importante
que seja feita a estrada, desde que se faça
determinados investimentos sociais e ambientais.
Por determinação do presidente Lula
estamos fazendo todo o dever de casa para viabilizar
esse investimento e, podem ter a certeza, que o
novo modelo, a forma de política integrada,
é o que de fato viabilizam os nossos investimentos
com qualidade. É lamentável que da
grande quantidade de investimentos, temos um conjunto
de ações que estão paralisadas
por causa de determinações judiciais
ou porque não atendem determinadas exigências.
O esforço que vem sendo feito, com uma estrutura
que contava apenas com dez técnicos, e que
hoje já são 71 técnicos, é
exatamente para poder dar resposta à altura,
além de outros esforços que estão
sendo levados a cabo.
Esforços que eu quero dizer aqui, Presidente,
que para mim é motivo de muita satisfação
poder estar aqui com a ministra Dilma Rousseff,
na sua presença, de todos os senhores e senhoras,
assinando esse termo de cooperação,
além dos anúncios que serão
feitos pela nossa ministra em relação
ao Proinfa, que é para a produção
de energia de outras fontes, de fontes renováveis,
que possa considerar o potencial que temos com relação
à biomassa, com relação à
energia eólica, enfim, em outros setores,
dando uma demonstração concreta de
que nós estamos de fato buscando a sustentabilidade
econômica. Isso porque o País precisa
desenvolver, crescer e gerar empregos, mas buscamos
também a sustentabilidade social, a sustentabilidade
ambiental, e principalmente, a sustentabilidade
ética.
Isso é importante para que possamos olhar
frente a frente com os investidores, olhar frente
a frente com as demandas da sociedade e podermos
ter a certeza e a clareza de que estamos fazendo
com os melhores propósitos, imbuídos
dos princípios éticos mais elevados
para viabilizar essa agenda de investimentos, considerando
todas essas variáveis, e o esforço
do Ministério de Minas e Energia, para atendermos
as demandas em relação a outras fontes
de energia, que sejam renováveis, inclusive
considerando as pequenas hidrelétricas, para
um esforço louvável e dar conta desse
novo padrão de que as políticas devam
ser necessariamente integradas.
Para minha área, ela é fundamental,
porque o meu ministério tem uma interface
com todos os setores do governo. O exemplo que ilustra
esse esforço é o recente programa
de combate ao desmatamento da Amazônia, que
agora é uma responsabilidade de 13 ministérios.
É a primeira vez que acontece isso neste
País e estou muito otimista de que possamos
estar criando os meios para que o desenvolvimento
aconteça de fato, considerando todos esses
aspectos que eu acabei de me referir anteriormente.
Quero ainda dizer que as vezes essas ações
não são entendidas no princípio,
mas ao fim, pela clareza dos propósitos,
pela determinação de fazê-las
com respeito à legislação e
ao interesse público, tenho absoluta certeza
que esse é o caminho certo.
O caminho de estar à frente de investimentos
que possam dar as respostas econômicas, mas
que também sejam capazes de respeitar os
processos sociais e ambientais. A partir deles buscamos
a sustentabilidade política para um novo
padrão de desenvolvimento, padrão
esse que deva necessariamente estar voltado para
atender as grandes demandas de desafios dos 170
milhões de brasileiros que esperam respostas
que precisamos dar. Não no setor isolado,
mas em todos os setores. É para isso que
somos governo e é para isso que estamos aqui,
para mostrar concretamente que essa agenda tem que
ser feita na prática.
Muito obrigada.
Fonte: MMA – Ministério
do Meio Ambiente (www.mma.gov.br)
Ascom