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EMPRESA
QUE RECEBEU A LICENÇA DE URUCU-PORTO
VELHO SOFRE RESTRIÇÕES NOS
EUA POR FRAUDES
Panorama
Ambiental
Fortaleza (CE) – Brasil
Junho de 2004
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A multinacional
americana El Paso, responsável por algumas
das maiores fraudes ao consumidor na história,
está ainda com restrições legais
para realizar novas parcerias nos EUA. Além
disso, foi objeto na sexta-feira passada de mais
uma ação de ressarcimento por parte
de centenas de acionistas, por outra fraude relacionada
com superestimativas de suas reservas. O valor de
suas ações, que passava de US$ 70,00
no início de 2001, fechou em US$ 7,21 na
última sexta-feira. De acordo com o boletim
para investidores da Reuters de hoje, a "El
Paso é percebida como de extremo alto risco".
Ontem, de acordo com a agência Dow Jones,
sua diretora de produção Lisa Stewart
admitiu que as incertezas sobre renovação
de seus contratos no Brasil contribuem para sua
exposição ao risco.
A empresa monopoliza hoje, em função
de uma série de participações
e aquisições, a geração
termoelétrica e a distribuição
de gás na Amazônia Ocidental e, por
meio de sua controlada TNG, recebeu da Petrobras
a titularidade da licença prévia do
gasoduto Urucu-Porto Velho.
A El Paso foi condenada, em 2002, por uma série
de fraudes em quatro estados dos EUA (Oregon, Nevada,
Washington e principalmente California) no valor
de US$ 3,7 bilhões. As fraudes estão
relacionadas a "manipulação dos
mercados" e geração de escassez
fictícia no fornecimento de gás.
Em junho de 2003, o Procurador Chefe do Ministério
Público da California, Bll Lockyer, fechou
um acordo de ajuste de conduta que obrigou a empresa
a pagar a indenização recorde de US$
1,7 bilhão para consumidores e órgãos
públicos lesados, o que levou o total das
indenizações pagas pela empresa nos
últimos 3 anos para um total de US$ 2,1 bilhões.
Ao assinar o acordo, o procurador declarou que o
mesmo significava "justiça para os consumidores
que tiveram bilhões de dólares retirados
de seu bolso por parte de especuladores energéticos".
Como parte do acordo, a El Paso foi proibida, por
um prazo de cinco anos, de realizar contratos por
meio de outras empresas filiadas: essa proibição
dura portanto até 2008 e tem o objetivo de
"prevenir o fato que a El Paso possa manipular
os mercados de gás no futuro".
A ação movida nesta sexta-feira junta
centenas de acionistas da empresa e é liderada
pelo bilionário texano Oscar Wyatt, ex presidente
da Coastal Corp. - uma empresa que atuava no Brasil
e foi adquirida pela El Paso em 2001 - e que possui
1,5% das ações da El Paso. Apenas
Wyatt alega ter tido um prejuízo de US$ 256
milhões em decorrência do fato de que
a El Paso foi obrigada a admitir, em fevereiro de
2004, ter superestimado suas reservas em mais de
40%, o que provocou mais uma queda no valor de suas
ações.
No Brasil, já foi registrado outro caso recente
de fraude, pelo menos na opinião do Governo
do Estado do Paraná, que considera "absurdo"e
"inválido" o contrato entre a estatal
COPEL e a El Paso para a a usina UEG de Araucária,
que não tem condições técncas
de funcionamento. Além disso, de acordo com
relatório da FitchRatings de julho de 2003,
a empresa já quebrou unilateralmente obrigações
deste contrato consideradas desfavoráveis.
O governador paranaense Roberto Requião viajou
pessoalmente em fevereiro deste ano para Paris,
para desqualificar o fóro de arbitragem privada
internacional que a empresa pretendia utilizar para
resolver seu conflito com o Estado. A Justiça
paranaense já concedeu liminar julgando o
contrato ilegal.
Na Amazônia, a expansão da El Paso
se deu por meio de uma parceria com o empresário
baiano Carlos Suarez, o "S" da empreiteira
OAS (ligada a ACM), ex-sócio da Enron no
Brasil e hoje dono da CS Participações.
Em 2003, a El Paso produzia 76% da energia consumida
no Amazonas com suas quatro térmicas em Manaus
e, por meio das duas térmicas em Porto Velho
em parceria com a CS (Termonorte), monopoliza o
mercado neste Estado. A CS também controla,
por meio da Termogas, a Cigás (concessionária
exclusiva da distribuição de gás
no Amazonas) e, em parceria com a Petrobras e o
governo de Rondônia, a Rongás, exclusivista
de distribuição em Rondônia.
A Termonorte é titular de um controvertido
contrato de venda para a estatal Eletronorte, que
se comprometeu a comprar 80% de sua geração
por 20 anos, por um preço de US$ 33,5 por
Kwh, aproximadamente o dobro do preço praticado
pela Eletronorte para seus clientes na Amazônia.
Fonte: Amazônia ORG (www.amazonia.org.br)
Assessoria de imprensa