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SUBSTÂNCIAS
VENENOSAS ESTÃO ESCONDIDAS NAS CASAS
E ESCRITÓRIOS DE BRASILEIROS, REVELA
PESQUISA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2004
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Greenpeace
quer que qualquer lei, decreto ou norma incorpore
os Princípios da Substituição
e da Precaução e pede que o
governo proteja a população
de substâncias químicas tóxicas
presentes em produtos domésticos
Pesquisas lançadas
hoje mostram que a poeira coletada em casas
de quatro importantes cidades brasileiras,
em gabinetes de deputados federais e senadores
e no prédio do Ministério do
Meio Ambiente, em Brasília, contêm
quantidades significativas de substâncias
químicas perigosas, algumas ligadas,
inclusive, ao câncer. O relatório
“Substâncias Químicas Tóxicas
na Poeira de Lares e de Ambientes de Trabalho
no Brasil” (1), da Campanha Veneno Doméstico
do Greenpeace, revela que as casas e escritórios
pesquisados estão contaminados por
substâncias químicas que são
utilizadas na fabricação de
utensílios domésticos utilizados
diariamente pelos consumidores, como tecidos,
televisões, cosméticos e brinquedos. |
Em
uma conferência de imprensa realizada
em Brasília, a organização
ambientalista pediu novas leis a fim de proteger
o meio ambiente e os cidadãos dos perigos
dessas substâncias químicas escondidas.
Com o Programa Nacional de Segurança
Química (Pronasq) sendo discutido e
desenvolvido pela Comissão Nacional
de Segurança Química (Conasq)
(2), a organização pede à
comissão que não deixe escapar
a oportunidade de propor medidas adequadas
para substituir essas substâncias perigosas
por alternativas não tóxicas.
"Esse relatório reforça
os outros estudos semelhantes desenvolvidos
pela organização e revela o
fato de que a contaminação por
substâncias químicas tóxicas
é generalizada. Ela está |
ocorrendo dentro
de nossas próprias casas, escritórios.
As pessoas conhecem ou suspeitam da poluição
dos carros e fábricas, mas não imaginavam
que seus objetos domésticos e de uso diário
sejam tóxicos", disse John Butcher,
coordenador da Campanha contra Substâncias
Tóxicas do Greenpeace no Brasil. "Apenas
quando as empresas forem obrigadas legalmente a
substituir as substâncias tóxicas por
alternativas não tóxicas é
que nós poderemos livrar nosso meio ambiente,
nossas casas e nossas vidas dessas substâncias
químicas que nos ameaçam".
Quatro amostras de poeira foram coletadas pelo Greenpeace
em 50 residências nas cidades de São
Paulo (SP) (3), de Campinas (SP), do Rio de Janeiro
(RJ) e de Porto Alegre (RS). Outra amostra foi coletada
em seis gabinetes de deputados federais e de dois
senadores. Uma sexta amostra foi coletada em diferentes
andares e diversos ambientes do prédio do
Ministério do Meio Ambiente, em Brasília
(DF). As seis amostras foram posteriormente enviadas
para análise ao laboratório TNO, na
Holanda.
As análises revelaram quantidades significativas
de um grupo de 10 substâncias tóxicas:
- alquilfenóis, disruptores hormonais usados
em cosméticos e outros produtos de higiene
pessoal;
- ftalatos, que são prejudiciais ao sistema
reprodutor e são usados principalmente para
tornar o PVC maleável, encontrado em brinquedos,
interiores de carros e cabos. Também é
usado em perfumes e cosméticos, tintas, adesivos
e vedadores;
- retardadores de chama bromados, que interferem
nos hormônios, usados como substâncias
que retardam a propagação do fogo;
- parafinas cloradas, que podem causar câncer,
usadas em tintas, plásticos e borrachas;
- organoestânicos, substâncias tóxicas
ao sistema imunológico e usados como estabilizadores
em plásticos (especialmente em PVC) e como
tratamento contra mofo e poeira (ácaros)
em alguns carpetes e pisos de PVC;
- bifenilas policloradas (PCBs), que podem causar
problemas nos sistemas imunológico e reprodutor
e são usadas em transformadores elétricos
e capacitadores;
- hidrocarbonetos aromáticos policíclicos
(PAHs), que são potencialmente carcinogênicos
e mutagênicos são subprodutos da combustão
incompleto de materiais orgânicos, tais como
carvão, combustíveis a base de petróleo,
lixo doméstico, etc;
- pesticidas organoclorados que causam uma variedade
de problemas de saúde;
- pesticidas organofosforados;
- pesticidas piretróides.
Em relação
aos cinco primeiros grupos de substâncias
listados, os fabricantes alegam que as substâncias
químicas estão incorporadas nos produtos
e não representam risco. No entanto, o relatório
do Greenpeace revela que isso não é
verdade: as substâncias perigosas podem contaminar
nossas casas e nossos corpos, pela inalação,
ingestão ou tato.
"Não nos é dito, mas estamos
cercados por substâncias químicas,
cujos impactos na nossa saúde são
muito sérios, principalmente em longos períodos
de tempo. Essas substâncias apresentam três
características: são tóxicas;
suas moléculas quebram com dificuldade e
lentidão (são persistentes); e se
acumulam em diferentes tecidos de animais (são
bio-acumulativas). Essas características
tornam essas substâncias muito perigosas e
prejudiciais para o meio ambiente e nossa saúde
pois elas não apenas nos afetam, mas também
nossos filhos e netos", disse Butcher. O risco
para nossas crianças é ainda maior,
porque crianças são mais vulneráveis
a agentes contaminantes.
Para o Greenpeace, substâncias químicas
perigosas não devem estar em nenhum produto.
“O incorporação dos princípios
da substituição e da precaução
por leis, decretos e normas é fundamental
para que as indústrias parem de utilizar
o meio ambiente e a nossa saúde como campo
de provas para substâncias perigosas” disse
o coordenador da campanha. A Conasq deve aproveitar
a oportunidade e elaborar um plano que garanta a
eliminação das substâncias químicas
perigosas pela substituição por alternativas
não tóxicas. Nosso meio ambiente e
nossa saúde dependem disso”, disse Butcher.
(1) Veja o sumário executivo e a íntegra
do relatório “Substâncias Químicas
Tóxicas na Poeira de Lares e de Ambientes
de Trabalho no Brasil”.
(2) A Conasq é
composta por diversos representantes do governo,
da indústria e alguns da sociedade civil.
O Ministério do Meio Ambiente é o
coordenador desta comissão.
(3) Entre as pessoas
que participaram da campanha, recebendo o Greenpeace
em suas residências para a coleta de amostras,
está o jornalista Heródoto Barbeiro.
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa