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TRÁFEGO
DE VEÍCULOS PESADOS AMEAÇA
PATRIMÔNIO EM CIDADES TOMBADAS
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2004
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O
que têm em comum cidades como Ouro Preto,
Diamantina (MG), Goiás (GO), Salvador (BA)
Olinda (PE), São Luís (MA), Brasília
(DF) e São Miguel das Missões (RS)?
São reconhecidas como Patrimônio Histórico
Mundial pela Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura (Unesco), mas muitas vezes os próprios
moradores desconhecem que têm de preservar
a história dessas cidades, repletas de monumentos
como fontes, praças, igrejas e casas.
Neste mês, o Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
pretende apresentar um Plano Diretor de Gestão
Compartilhada, com o objetivo de promover ações
articuladas nos diversos níveis da administração
pública. A intenção é
dividir a fiscalização e as obrigações
de preservação com as cidades que
são patrimônio da humanidade.
Em estudo realizado em 2002, durante o seminário
internacional Reabilitação Urbana
de Sítios Históricos, o diretor de
Patrimônio Material e Fiscalização
do Iphan, Marcelo Brito, já havia trazido
a público as preocupações com
a preservação de áreas urbanas
de valor histórico-cultural. Como resultado
do seminário, ele publicou o documento “Pressupostos
da reabilitação urbana de sítios
históricos no contexto brasileiro”, onde
nota o início de uma preocupação
maior por parte dos agentes governamentais, nas
experiências urbanísticas, com a preservação
desses sítios.
Urgência
Já naquela
época, Brito sugeria novos modelos e estratégias
de gestão para enfrentar o problema da preservação
sustentável do patrimônio cultural
urbano. “No Brasil, apesar das tentativas realizadas
ao longo das últimas três décadas,
da busca de formas mais adequadas para a preservação
desse patrimônio, reconhece-se cada vez mais
a urgência quanto à articulação
da política cultural com as demais políticas
setoriais que incidem sobre as cidades, como as
de desenvolvimento urbano, do meio ambiente, da
educação, do turismo, entre outras”,
dizia o texto.
Muitas mudanças ocorreram de lá para
cá e hoje, além da articulação
do poder público, Brito destaca a necessidade
de regulamentar o trânsito de automóveis
nesses locais como fundamental para garantir a preservação
do patrimônio histórico. Ele ressalta
que a maioria dos prédios foi construída
num período em que não existiam veículos
pesados e que a trepidação é
extremamente prejudicial, causando contrações
nas estruturas. “É esse o ponto: a dimensão
do tráfego pesado e, por outro lado, a natureza
das construções, que podem ser mais
sólidas ou mais frágeis. Tem que ser
levada em conta cada situação particular”,
explicou.
O diretor do Iphan lembra o caso ocorrido em Ouro
Preto, onde por duas vezes o mesmo chafariz foi
atingido por um caminhão, no centro histórico
da cidade. Segundo ele, a situação
de Ouro Preto está sendo analisada e deve
servir de exemplo para outras cidades tombadas pelo
Patrimônio Histórico Nacional. Uma
delas é Olinda, onde a própria população
tomou a iniciativa de proibir a circulação
de veículos pesados. “Na parte alta da cidade,
a mobilização dos moradores pela causa
conseguiu impedir a circulação de
veículos”, ressaltou Brito.
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Marina Domingos